O Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa acaba de atualizar o software que usa para avaliar asteroides potencialmente perigosos. Entre outras mudanças, a nova versão leva em conta o efeito da luz solar nas órbitas desses corpos.

Nasa atualizou software que detecta risco de asteroides potencialmente perigosos. Imagem: Dotted Yeti – Shutterstock

Embora não haja riscos imediatos de rochas espaciais colidirem com a Terra, os astrônomos continuam a vasculhar os céus, por precaução. O novo algoritmo de monitoramento de impacto, chamado Sentinela-II (Sentry-II), atualiza o software em uso há 20 anos.

Como seu antecessor, chamado apenas de Sentinela (Sentry), o Sentinela-II irá escanear periodicamente uma tabela de asteroides potencialmente perigosos com órbitas conhecidas, geradas pelo Centro de Estudos de Objetos Próximos à Terra gerenciado pelo JPL.

Mas o Sentinela-II inclui uma atualização-chave que tornará suas avaliações mais precisas: ele leva em conta o efeito Yarkovsky, que acontece quando a luz solar é absorvida pela superfície do asteroide e reemitida como calor. Essa emissão de calor tem um efeito sutil, mas poderoso, na trajetória de um asteroide pelo espaço — e pode afetar a probabilidade da rocha espacial de atingir a Terra.

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Embora os astrônomos saibam sobre o efeito Yarkovsky há décadas, foi apenas recentemente que os computadores se tornaram poderosos o suficiente para lidar com a análise do efeito em grandes conjuntos de dados. O Sentinela-II permitirá que o JPL avalie potenciais impactos com probabilidades tão pequenas quanto algumas chances em 10 milhões, de acordo com a Nasa.

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“O fato de a Sentinela não poder lidar automaticamente com o efeito Yarkovsky foi uma limitação”, disse em comunicado Davide Farnocchia, engenheiro de navegação do JPL que também ajudou a desenvolver o Sentinela-II.

Segundo Farnocchia, a falta de cálculos de Yarkovsky no sistema Sentinela original significava que os astrofísicos tinham que fazer análises manuais toda vez que encontravam um asteroide “especial”.

Sentinela-II pode prever risco de colisão de asteroides com a Terra com mais precisão

Um dos exemplos mais famosos foi o asteroide Apophis, que precisava de avaliação manual do efeito Yarkovsky para descobrir a probabilidade de um impacto em 2068. Felizmente, no ano passado, a Nasa identificou que a passagem de Apophis neste ano será inofensiva.

Conforme ressalta o site Space.com, o sistema mais antigo também tinha outra limitação, haja vista que nem sempre podia prever a probabilidade de impacto de asteroides orbitando extremamente perto da Terra. 

Já o Sentinela-II permite um conjunto mais robusto de cálculos que explicam o efeito significativo que a gravidade da Terra tem em tais situações, segundo a Nasa.

Além disso, o Sentinela-II prevê com mais precisão quais caminhos são os mais prováveis para um asteroide tomar, permitindo que o algoritmo encontre cenários de impacto de baixa probabilidade que seu antecessor poderia deixar passar.

Ilustração artística da nave NEO Surveyor (Topógrafo NEO), da Nasa, que caça asteroides no espaço. Imagem: NASA/JPL-Caltech

Há cerca de 28 mil asteroides já identificados, e observatórios próximos à Terra já estão adicionando mais descobertas a uma taxa de cerca de 3 mil por ano, segundo a Nasa. Esse ritmo de descoberta tende a acelerar cada vez mais.

Entre esses novos observatórios está a missão Topógrafo de Objetos Próximos da Terra (NEO), cujo lançamento é esperado para 2026. Espera-se que essa missão descubra 90% dos asteroides próximos com 140 metros de tamanho ou mais próximos à Terra dentro de uma década de seu lançamento.

Outro observatório de caça a asteroides muito esperado, com sede no Chile, é o Observatório Vera C. Rubin. Anteriormente conhecido como “O Grande Telescópio de Pesquisa Sinóptica”, Rubin deve ver a “primeira luz”, ou seja, capturar uma imagem pela primeira vez, em julho de 2023. 

A Fundação Nacional de Ciência dos EUA financiou Rubin para, entre outras tarefas, procurar asteroides potencialmente perigosos ao mirar para a mesma área do céu de hora em hora, buscando objetos que venham a mudar de rota.

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