Um artigo publicado no periódico científico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society descreve a descoberta de um estranho par de asteroides que podem ser os vizinhos mais jovens da Terra.
Segundo a pesquisa, eles são separados por cerca de 1 milhão de quilômetros e provavelmente eram um único asteroide até apenas alguns séculos atrás.
“É muito emocionante encontrar um par tão jovem de asteroides que foi formado há apenas cerca de 300 anos, o que é como se fosse esta manhã — ou mesmo ontem — em escalas de tempo astronômicas”, disse Petr Fatka, astrônomo do Instituto Astronômico da Academia Tcheca de Ciências e autor principal do estudo.

Asteroides são do tipo D: bem raros de se encontrarem perto do Sol
De acordo com Fatka, os dois asteroides foram descobertos separadamente em agosto de 2019, mas, em um mês de monitoramento, a semelhança de suas órbitas rapidamente se destacou para os pesquisadores, que decidiram analisar melhor.
Ambos os asteroides passaram, então, a compor uma variedade que os cientistas chamam de tipo D, categoria rica em compostos que desaparecem rapidamente no espaço se as rochas se aquecem demais.
Asteroides do tipo D são bastante raros de encontrar perto do Sol, e a nova dupla de rochas nunca chega mais perto do Sol do que a órbita da Terra, com uma distância máxima próxima da órbita de Saturno. Enquanto a Terra está a cerca de 150 milhões de quilômetros do Sol, em média, Saturno está em torno de 1,4 bilhão de km — uma diferença bem considerável.
Denominados 2019 PR2 e 2019 QR6, um dos asteroides encontrados tem pouco mais de 1 km de largura, e o outro, cerca da metade desse tamanho. Segundo o site Space.com, a história ficou mais complicada quando os pesquisadores se voltaram para os arquivos, onde avistaram os dois asteroides em dados coletados em 2005 pela Catalina Sky Survey, no Arizona, que não tinha sido capaz de detectar as rochas na época.
Leia mais:
- NASA inaugura novo sistema de monitoramento de asteroides
- Cientistas confirmam novo asteroide troiano da Terra; saiba o que eles são
- Software da Nasa que avalia asteroides potencialmente perigosos é atualizado
Essas observações adicionais aguçaram os cálculos orbitais dos cientistas o suficiente para retroceder as localizações dos asteroides ao longo dos anos, determinando que, em um passado não tão distante, os dois objetos tinham sido, de fato,apenas um. Dependendo do modelo que os cientistas usaram, o par se separou entre 230 e 420 ou entre 265 e 280 anos atrás.
No entanto, as rochas irmãs ainda têm alguns segredos. Os cientistas não conseguem, por exemplo, alinhar suas histórias com os fatores usuais que influenciam as órbitas. Parece que os objetos podem ter emitido gases, como um cometa faz, mesmo que não haja nenhum sinal de tal atividade hoje.
“Nos dias atuais, os corpos não exibem sinais de atividade cometária”, disse Nicholas Moskovitz, astrônomo do Observatório Lowell e coautor da nova pesquisa. “Portanto, permanece um mistério como esses objetos poderiam ter ido de um corpo único, de objetos individualmente ativos, para o par inativo que vemos hoje em apenas 300 anos”.
Os dois asteroides fizeram sua aproximação mais próxima da Terra em outubro de 2019, e a próxima visita ocorrerá em novembro de 2047. No entanto, os cientistas esperam que eles não precisem aguardar tanto tempo para aprender mais sobre as estranhas rochas espaciais, que serão novamente observáveis da Terra em 2033, de acordo com Fatka.
Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!