Operado a partir do Instituto de Astronomia da Universidade do Havaí, o Sistema de Último Alerta para Impacto de Asteroides com a Terra (ATLAS, na sigla em inglês) foi atualizado, permitindo à Nasa escanear todo o céu noturno uma vez a cada 24 horas para detectar rochas espaciais potencialmente perigosas que estejam vindo em nossa direção.

Nasa monitora o céu em busca de asteroides potencialmente perigosos à Terra. Imagem: Mopic/Shutterstock

Segundo a agência, o ATLAS é essencial para o rastreamento de asteroides e detritos que poderiam estar em rota de colisão com a Terra. Ele começou como uma matriz de apenas dois telescópios no Havaí, mas agora se expandiu para incluir mais dois observatórios no Hemisfério Sul — o que lhe fornece uma visão completa do céu.

Os novos telescópios da matriz estão localizados no Chile e na África do Sul e, juntamente com os telescópios havaianos originais, podem captar um pedaço do céu noturno 100 vezes maior que a lua cheia (como visto da Terra) em uma única exposição.

De acordo com a Nasa, isso dará aos astrônomos uma vantagem sem precedentes na procura por objetos potencialmente perigosos (PHAs) próximos à Terra (NEOs) semanas antes de um possível impacto.

publicidade

“Uma parte importante da defesa planetária é encontrar asteroides antes que eles nos encontrem, então, se necessário, podemos pegá-los antes que eles nos peguem”, disse Kelly Fast, gerente do Programa de Observações de Objetos Próximos à Terra do Escritório de Coordenação de Defesa Planetária da Nasa. “Com a adição desses dois telescópios, o ATLAS agora é capaz de pesquisar todo o céu escuro a cada 24 horas, tornando-se um ativo importante para o esforço contínuo da Nasa para encontrar, rastrear e monitorar NEOs”.

Leia mais:

Nasa conhece a órbita de quase 30 mil asteroides

Atualmente, a agência conhece a localização e a órbita de cerca de 28 mil asteroides. Desde que entrou em operação, em 2017, a ATLAS detectou mais de 700 desses objetos próximos à Terra e 66 cometas

Dois dos asteroides detectados pelo ATLAS, 2019 MO e 2018 LA, atingiram a Terra, o primeiro explodindo na costa sul de Porto Rico e o último caindo perto da fronteira de Botsuana e África do Sul. Felizmente, os dois asteroides eram pequenos e não causaram nenhum dano.

Ainda que a maioria dos objetos próximos à Terra não sejam tão catastróficos quanto o cometa que apareceu no filme de desastre satírico da Netflix “Não Olhe Para Cima”, há muitos impactos devastadores de asteroides na história recente para justificar a expansão do monitoramento. 

Em março do ano passado, um meteoro do tamanho de uma bola de boliche explodiu sobre o estado norte-americano de Vermont com a força equivalente a 200 kg de TNT, substância muito utilizada como explosivo militar e em demolições. 

Perto da cidade central russa de Chelyabinsk, em 2013, um meteoro atingiu a atmosfera, gerando uma explosão equivalente a cerca de 500 quilotoneladas de TNT, mais de 30 vezes a energia liberada pela bomba de Hiroshima (cada quilotonelada corresponde a 1000 toneladas). O evento atingiu a cidade e seus arredores, danificando edifícios, quebrando janelas e ferindo aproximadamente 1,2 mil pessoas.

Ilustração é da espaçonave DART antes do impacto no sistema binário de asteroides Didymos. Imagem: NASA/Johns Hopkins, APL/Steve Gribben

Por enquanto, a Nasa afirma que não há nenhum asteroide ameaçador em rota de colisão com a Terra, mas os cientistas da agência estão mantendo os olhos abertos. “Nosso objetivo é encontrar qualquer possível impacto com anos a décadas de antecedência, para que possa ser desviado usando tecnologia que já temos, como o DART“, disse Lindley Johnson, oficial de defesa planetária na sede da Nasa, referindo-se à espaçonave Double Asteroid Redirection Test, missão que testará uma nova abordagem para defender nosso planeta contra asteroides perigosos, lançada em novembro.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!