Parte avião espacial, parte foguete, parte planador: esta é a aeronave autônoma Destinus, um hiperavião com nome de supervilão desenvolvido pela startup do físico Mikhail Kokorich, um russo radicado na Suíça.

O veículo, em outras palavras, se trata de um drone de carga transcontinental movido a hidrogênio e com zero emissões, capaz de velocidades de cruzeiro hipersônicas – Mach 15. Diante desse potencial considerado único no mundo, o hiperavião (toda velocidade acima de Mach 3 é hipersônica) poderia realizar entregas expressas em qualquer lugar do planeta em 6 a 12 horas.

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Protótipo do hiperavião
Imagem: Divulgação/Destinus

Avião, foguete e planador

O desenvolvimento do Destinus toma como base decolagem horizontal de um aeroporto (ou hiperporto) regular – de preferência, em uma área escassamente povoada à beira-mar. Neste local, também estaria disponível energia renovável barata para a produção de hidrogênio.

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Em seu primeiro estágio, o hiperavião usa um motor de foguete turbo a ar antes de mudar para um foguete de hidrogênio com motor criogênico, que o leva a velocidades hipersônicas e alturas mesosféricas de mais de 50 km. O veículo é dotado de um perfil “silencioso” em voo, 30 dB abaixo dos aviões supersônicos. Ao iniciar sua descida, o Destinus entra em modo planador, até pousar horizontalmente.

Ilustração de uma trajetória de voo hipotética (e não em escala) de Miami para Seul
Ilustração de uma trajetória de voo hipotética (e não em escala) de Miami para Seul – Imagem: Divulgação/Destinus

Sendo capaz de viajar entre continentes em apenas duas horas sem produzir emissões nocivas, o hiperavião (ou hiperplano) também se apresenta como uma solução sustentável para entregas, capaz de milhares de ciclos de reentrada. O Destinus também teria custos comparáveis aos voos de carga convencionais, “se não mais baixos”, como disse Kokorich em uma entrevista recente ao canal Drone Talks, no YouTube.

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Isso porque a aeronave voa mais alto e mais rápido, portanto, com menor atrito do ar e perdas de gravidade. “Parece estranho, mas não é”, insiste o empresário, “só gastamos menos energia para isso”.

A startup suíça do empresário russo possui escritórios em quatro cidades europeias, e sua equipe é formada por especialistas aeroespaciais com passagens por empresas de prestígio. Recentemente, a Destinus obteve um financiamento significativo, totalizando US$ 29 milhões (R$ 152,25 milhões). Os fundos serão usados ​​para avanços no desenvolvimento de motores de foguete e aerogeradores de hidrogênio.

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O hiperavião foi anunciado no final do ano passado, e seu primeiro protótipo autônomo foi projetado, concluído e testado em apenas três meses – chamado Jungfrau, era do tamanho de um carro. Dentro de mais alguns meses, um segundo protótipo será revelado (essas são as expectativas, todavia), desta vez maior – do tamanho de um ônibus.

Já voando antes de 2030

A linha do tempo da Destinus menciona 2025 para o primeiro voo intercontinental comercial com carga útil de uma tonelada e 2029 para a fase final, quando os voos com carga útil de 100 toneladas se tornarão a norma. “Espera-se que milhares de hiperplanos e 1 mil funcionários estejam em operação até então”, diz a empresa.

Veículo hipersônico visto de cima
Imagem: Divulgação/Destinus

Kokorich é, na realidade, um expatriado russo que vive atualmente na Suíça, onde fundou sua empresa de tecnologia espacial. Não há interesse do empresário em trabalhar com grandes players como Boeing, Airbus, Dassault ou Rolls-Royce. No próprio site da Destinus, há uma citação de Kokorich: “Eles simplesmente engoliriam todo o nosso dinheiro sem entregar nada”.

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