Uma pesquisa demonstrou que um número considerável de pessoas que são declaradamente contrárias ao aborto ajudariam um amigo ou familiar a interromper uma gestação. O número de pessoas contrárias ao aborto que ajudariam alguém a abortar é comparável à quantidade de pessoas favoráveis ao aborto.

O estudo foi realizado nos Estados Unidos, onde o aborto não é criminalizado desde a década de 1970. Segundo os pesquisadores, muitas pessoas estão dispostas a ajudar alguém próximo a fazer um aborto legal, mesmo se opondo moralmente à prática.

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Segundo a professora de sociologia e autora principal do estudo, Sarah Cowan, ao contrário do que se pode pensar, isso não é um sinal de hipocrisia. “Eles estão em uma encruzilhada moral, puxados por sua oposição ao aborto e por sua inclinação a apoiar as pessoas com quem se importam”, disse a professora.

Ajudar, mas sem pagar

No geral, ajuda dada à contra gosto é mais liga a logística ou apoio emocional. Crédito: Fizkes/Sutterstock

A pesquisa foi realizada a partir de entrevistas feitas entre 2018 e 2019, depois da aprovação de uma lei no estado do Texas. A legislação permite que qualquer pessoa seja processada por “ajudar ou incitar” qualquer aborto realizado após seis semanas de gravidez.

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“Os americanos estão mais dispostos a estender o apoio emocional ou ajudar na logística do aborto de um amigo próximo ou membro da família do que ajudar a financiar o procedimento ou seus custos relacionados”, disseram os autores na pesquisa. 

Esta distinção pode refletir que o significado social de financiar algo considerado moralmente reprovável é uma forma de “trair” seus próprios valores. No entanto, ajudar, por exemplo, na logística do procedimento, pode estar dentro de uma distância mais aceitável entre a ajuda e o aborto propriamente dito.

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Benevolência discordante

Os pesquisadores, inclusive, desenvolveram um termo para designar o comportamento de pessoas contrárias ao aborto que ajudam pessoas próximas: benevolência discordante. Essas questões podem ir, inclusive, além do aborto.

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Quando ajudamos alguém que gostamos a colar em uma prova, por exemplo, ou encobrimos o mau comportamento do nosso irmão mais novo, também estamos, em menor grau, exercendo a benevolência discordante.

“Quando se trata de aborto, níveis maiores de ajuda amplificam os sentimentos de conflito interno”, declarou a co-autora do estudo, Tricia Bruce. “Descobrimos que muitos ainda ajudarão amigos e familiares , mas moderarão quanto e por quê”, completou a pesquisadora.

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