Um artigo científico aceito pela revista Science Bulletin, que será publicado na edição do próximo sábado (26), descreve uma incrível descoberta feita pela missão Chang’e-4, da China. O rover Yutu-2 descobriu dois glóbulos macroscópicos de vidro translúcido durante sua exploração no chamado lado oculto da Lua, o que poderia potencialmente ajudar a revelar a história do nosso satélite natural.

Glóbulos de vidro de um centímetro coletados pelas missões Apollo 16 (a, b) e aqueles observados pela missão Chang’E-4 (c, d). Imagens fornecidas pela Administração Espacial Nacional da China à agência de notícias Xinhua

De acordo com o estudo, o rover lunar chinês capturou as imagens dos dois glóbulos translúcidos usando sua câmera panorâmica. Nenhuma informação referente à composição dos objetos foi obtida. No entanto, de acordo com a pesquisa, sua morfologia única e seu contexto local sugerem que eles são provavelmente vidros de impacto — ocasionados pela condensação de anortositos — em vez de ser de origem vulcânica ou entregues de outros corpos planetários, segundo os pesquisadores.

Anortositos lunares estão entre as principais rochas dos relevos altos da Lua, que se formaram no oceano de magma lunar.

Imagens dos glóbulos de vidro foram captadas pelo rover Yutu-2, da missão Chang’e-4, da China. Imagem: Alejo Miranda / Shutterstock

Glóbulos de vidro encontrados pela China são maiores do que as amostras coletadas pelas missões Apollo

Segundo Zhiyong Xiao, principal autor da nova abordagem, os glóbulos são diferentes das amostras de contas de vidro coletadas pelas missões Apollo, “pois são maiores em tamanho e exibem cores”.

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Xiao é professor associado no Laboratório de Pesquisa Ambiental e Astrobiológica Planetária da Universidade Sun Yat-sen, na China. Seu foco de estudo é em processos de superfícies planetárias, especialmente a formação de crateras de impacto e a história de impacto em corpos do sistema solar interior. 

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Ainda de acordo com o novo estudo, já se previa que os glóbulos de vidro seriam abundantes nas terras altas lunares, fornecendo alvos promissores de amostragem que poderiam revelar a história dos impactos iniciais da Lua.

Lançada em 8 de dezembro de 2018, a sonda Chang’e-4 fez o primeiro pouso suave na Cratera Von Karman, na Bacia do Polo Sul-Aitken, no outro lado da Lua, em 3 de janeiro do ano seguinte. Até agora, Yutu-2 viajou mais de 1km no lado mais distante da Lua.

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