Protótipo da “Galeria da Lua” chega à ISS com mais de 60 itens

Por Flavia Correia, editado por Rafael Rigues 22/02/2022 13h33, atualizada em 23/02/2022 10h18
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Imagem: site Moon Gallery
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Entre os experimentos científicos, hardware e suprimentos entregues por uma nave de carga Cygnus à Estação Espacial Internacional (ISS) na manhã de segunda-feira (21), estava uma pequena caixa roxa que “abriga as sementes de uma cultura futura e interplanetária” – como se lê a inscrição impressa na lateral do recipiente.

Câmera da NanoRacks fotografa as 64 obras de arte que compõem a Galeria da Lua, agora a bordo da Estação Espacial Internacional, onde ficará pelos próximos 10 meses. Imagem: Moon Gallery Foundation

Apelidada de “Galeria da Lua”, a coleção de obras de arte em miniatura, cada uma não maior que um centímetro cúbico, é um protótipo de carga de teste que abrirá caminho para entregar uma galeria semelhante à superfície lunar.

“Estamos muito felizes que a Galeria da Lua esteja fazendo sua primeira viagem ao cosmos”, disse Anna Sitnikova, curadora e cofundadora da Fundação Galeria da Lua, em comunicado. “Esperamos que essa missão nos ensine muito sobre as condições do espaço e inspire os artistas para nossa próxima missão, a Lua, à medida que buscamos estender nosso diálogo cultural aos mais distantes alcances da exploração humana”.

Caixa roxa “abriga as sementes de uma cultura futura e interplanetária”, como se lê a inscrição impressa na lateral do recipiente
Imagem: Moon Gallery Foundation

Conheça as obras da “Galeria da Lua”

Dispostas em uma grade de oito por oito, as obras de arte variam em material e formato, de impressões 2D a objetos 3D, bem como uma gravura de realidade aumentada (AR). A lista completa de artistas e obras de arte está disponível no site da Galeria da Lua. Entre as obras incluídas na galeria da estação espacial estão:

  • Como medir um planeta?” — Contido em um microchip está o álbum de uma banda de rock alternativo com o mesmo título. O trabalho também inclui um pequeno rolo de fita com um fragmento da música e um pequeno pergaminho de papel com uma mensagem pessoal, bem como a fórmula de “como medir um planeta”. “Embora não possa ser tocado ou ouvido na própria Lua, devido à falta de oxigênio lá, isso pode ser realizado em outro lugar”, escreveram os membros do grupo musical holandês;
  • Água na Lua“, de Lorenzo Viscidi Bluer — Gotas de água que estão suspensas em um cubo de acrílico. “O imenso e o mínimo têm uma raiz comum; as gotas de água se tornam estrelas”, escreveu Bluer.
  • Uma Carta para SumbandilaSat“, de Marcus Neustetter — Um papel com um desenho feito em tinta, dobrado de uma maneira que representa uma seção transversal de um terreno imaginário de um lado e uma mensagem de código morse escrita à mão do outro.

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SumbandilaSat é um micro-satélite de observação terrestre sul-africano, que deixou de funcionar em 2011. Somos capazes de rastreá-lo, mas não de nos comunicar com ele ou receber suas imagens. Por isso, a “carta” de Neustetter é uma tentativa de fazer contato com o satélite e “liderar o caminho novamente”. 

“Talvez não da maneira que ele deveria operar quando foi lançado em 2009, mas em continuar a estimular o imaginário, questionar o desconhecido e especular novas perspectivas no espaço e na Terra”, disse o artista.

A Galeria da Lua está alojada em um módulo de pesquisa fornecido pela Nanoracks, uma empresa de serviços espaciais com sede no Texas, EUA. As obras de arte, que são livres para flutuar no módulo, servirão como alvos móveis para os testes de desempenho da câmera da empresa.

Com uma gama de materiais e comportamentos para a câmera detectar, a galeria também é uma oportunidade para os artistas aprenderem sobre o desempenho de suas criações na microgravidade do espaço.

“A paixão dos envolvidos no projeto da Galeria da Lua é contagiosa, e o ápice de seus esforços mostra que a arte e a ciência no espaço não têm que ser mutuamente exclusivas”, disse Scott Rodriguez, vice-presidente de programas governamentais em Nanoracks.

“As lições que aprendemos com esse esforço sobre contenção, dinâmica material e imagens aprimoradas ajudarão no desenho de experimentos futuros e na implementação do objetivo final da Galeria da Lua de estabelecer a primeira galeria de arte na Lua”, disse ele.

A versão lunar da Galeria da Lua terá 100 obras de arte no exterior de um módulo lunar que se dirigirá à Lua em 2025. O protótipo a bordo da ISS permanecerá em órbita pelos próximos 10 meses.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

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Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital