Longas tiras de luz em formato de cobra atravessando milhares de quilômetros no céu de Marte foram observadas pela sonda Hope, missão dos Emirados Árabes Unidos que investiga a atmosfera do Planeta Vermelho. Segundo os cientistas responsáveis pela espaçonave, o fenômeno representa um estranho novo tipo de aurora nunca visto antes em nenhum planeta.

Guia visual mostrando os três tipos de aurora que já identificados em Marte até agora, contando com o mais recente. Imagem: Missão Emirates Mars

As auroras se formam quando partículas carregadas de vento solar colidem com moléculas na atmosfera de um planeta. Segundo a equipe EMM (sigla em inglês para Missão dos Emirados em Marte), dois tipos diferentes desses eventos já foram detectados por lá: as “auroras difusas”, que brilham levemente por todo o céu durante tempestades solares intensas, e as “auroras discretas”, que só brilham acima de certos pontos da crosta marciana que se imagina conter minerais magnetizados.

Esse novo tipo de aurora — que os pesquisadores da EMM denominaram “aurora discreta sinuosa” — parece ser uma estranha mistura de ambos. Visível apenas acima de certos setores da paisagem marciana, o fenômeno apareceu durante uma recente tempestade solar quando elétrons carregados varreram a fina atmosfera do planeta. 

À medida que essas partículas subiam pelas linhas de campo magnético na atmosfera, longos tendões de luz serpentearam pelo céu do lado diurno até o lado noturno de Marte, abrangendo metade do diâmetro do planeta, segundo um comunicado emitido pelos pesquisadores da EMM.

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“A aurora sinuosa discreta foi uma descoberta chocante que, em muitos aspectos, nos faz coçar a cabeça e voltar para a prancheta de desenho”, disse Rob Lillis, cientista planetário da Universidade da Califórnia que trabalha no instrumento espectrômetro ultravioleta da sonda Hope chamado EMUS (Espectrômetro Ultravioleta de Marte dos Emirados Árabes). “Temos ideias, mas nenhuma explicação sólida para por que estamos observando uma intensa aurora desta forma e em tão largas escalas”.

De acordo com os pesquisadores, por meio da luz ultravioleta — que é invisível a olho nu — eles conseguem captar onde elétrons eólicos solares energéticos colidem com átomos e moléculas na atmosfera superior de Marte, a cerca de 130 quilômetros acima da superfície do planeta.

“A tempestade solar que impulsionou partículas carregadas na atmosfera marciana a um ritmo mais rápido e mais turbulento do que o habitual é provavelmente um fator-chave neste tipo de aurora longa e sinuosa”, diz o comunicado.

Prevê-se que as ocorrências de tempestades solares aumentem nos próximos anos à medida que o Sol se aproxima de seu máximo solar — o período de maior atividade nos ciclos de 11 anos de duração do Sol — em 2025. 

Até lá, a sonda Hope vai continuar fazendo observações dessas auroras recém-descobertas, enquanto os cientistas investigam dados de arquivo coletados pela NASA e pela Agência Espacial Europeia (ESA) a procura de possíveis registros semelhantes.

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