Ao perderem a comunicação com a sonda Mars Atmosphere and Volatile EvolutioN (MAVEN), no fim de fevereiro, cientistas da NASA responsáveis pela missão começaram uma investigação para entender porque os instrumentos foram automaticamente colocados em modo de segurança. Pouco mais de três meses depois, a agência anunciou que a espaçonave voltou às operações científicas normais. 

A equipe conseguiu diagnosticar com sucesso o problema e concluir o desenvolvimento de um sistema que deve permitir a continuidade das operações de missão durante a próxima década.

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Simulação artística 3D da sonda MAVEN, em órbita ao redor de Marte desde 2014. Imagem: NASA

“Esse foi um desafio crítico para a missão, mas graças ao trabalho de nossa equipe de naves espaciais e operações, a MAVEN continuará produzindo ciência importante e operando revezadamente para os ativos de superfície até o final da década”, disse Shannon Curry, principal pesquisadora da MAVEN na Universidade da Califórnia. “Eu não poderia estar mais orgulhosa da nossa equipe”.

Lançada em novembro de 2013, a sonda MAVEN entrou em órbita ao redor de Marte em setembro de 2014, com o objetivo de explorar a ionosfera do planeta e as interações com o Sol e o vento solar, para entender a perda da atmosfera marciana para o espaço. 

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Isso pode dar aos cientistas uma visão da história da atmosfera e do clima de Marte, da água líquida e da habitabilidade planetária. A missão primária da MAVEN era de um ano de duração. Recentemente, a espaçonave recebeu aprovação para sua quinta missão estendida.

A espaçonave MAVEN investiga a atmosfera de Marte por meio de telemetria, o que permite os estudos à distância. Imagem: NASA

Como a sonda MAVEN parou de funcionar em Marte

No dia 22 de fevereiro, a equipe perdeu contato com a espaçonave depois que realizou um ciclo de rotina de energia programada do IMU-1. As Unidades de Medição Inercial (IMUs) são usadas para determinar a atitude da sonda no espaço, medindo sua taxa de rotação. MAVEN tem duas IMUs idênticas a bordo: a IMU-1 é a unidade primária, e a IMU-2 é a unidade de backup. 

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Uma vez que o contato com a espaçonave foi restaurado, a telemetria de engenharia mostrou que a IMU-1 do equipamento não estava conseguindo determinar sua atitude. Em resposta, a espaçonave realizou uma reinicialização do computador, mas ainda não era capaz de determinar sua orientação. 

Como último recurso, MAVEN trocou para o computador de backup, o que permitiu que recebesse leituras precisas do IMU-2. A espaçonave foi colocada automaticamente em modo de segurança, interrompendo todas as atividades planejadas, incluindo operações científicas e de revezamento.

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Segundo o site Phys, a equipe já vinha trabalhando no desenvolvimento do modo all-stellar — um sistema para navegar pelas estrelas sem IMUs — a ser implementado em outubro de 2022, porque a IMU-1 já havia mostrado anomalias e o IMU-2 estava chegando ao fim de sua vida útil. 

“Esta foi uma situação que ninguém inicialmente antecipou, mas a espaçonave teve um desempenho como projetado”, disse Micheal Haggard, chefe da equipe MAVEN na Lockheed Martin. “Quando acabamos no computador de backup, a espaçonave estava tentando resolver o problema com o IMU-1 por cerca de 78 minutos. Acabamos na IMU-2, e começou a pressão para deixar o modo all-stellar pronto o mais rápido possível”.

Então, a equipe de naves espaciais da Lockheed Martin trabalhou intensamente para acelerar o desenvolvimento do software, já que a vida útil prevista da IMU-2 não duraria até outubro (prazo inicial dado para a conclusão do sistema). 

Em 19 de abril, a equipe da espaçonave concluiu o desenvolvimento e forneceu o software para a MAVEN poder operar no modo all-stellar. Assim que o código foi ativado, a IMU-2 foi desligada, preservando sua vida restante para futuras necessidades. 

Com o novo sistema ligado, os técnicos em Terra alimentaram os instrumentos e os configuraram para a operação científica. Todos os instrumentos estavam saudáveis e retomaram com sucesso as observações.

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