CEO da Ford diz que indústria automotiva vai passar por grande abalo e redefinição em massa

Segundo o chefão da Ford, redefinição se dará por conta do avanço da eletrificação e das startups e do fim do modelo padrão de concessionária
Por Lucas Berredo, editado por Fábio Marton 03/06/2022 20h27
Jim Farley, CEO da Ford, falou sobre redefinição do mercado
Ford/Divulgação
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O CEO da Ford, Jim Farley, disse em entrevista ao Automotive News que a indústria automotiva irá passar por uma redefinição em massa nos próximos anos. Para descrever o cenário, Farley utilizou o termo “shakeout” — um jargão corporativo em inglês que se refere a situações em que empresas mais fortes em um setor usam suas reservas de capital para adquirir ou eliminar concorrentes mais fracos. Um terremoto. Uma grande reviravolta.

Segundo o executivo da Ford, há vários fatores para tal redefinição: entre eles, o avanço da eletrificação, a venda direta de empresas para o cliente, a ascensão das startups e o fim do modelo tradicional de concessionárias. Farley também acredita que a nova direção da indústria beneficiará “muitos players chineses”, uma vez que eles terão uma melhor posição nos Estados Unidos.

“Nós veremos uma consolidação [no mercado] muito grande”, explicou o executivo da montadora americana à publicação. “Grandes mudanças. Eu simplesmente não vejo o addressable market [outro jargão corporativo, refere-se ao mercado disponível para os produtos da empresa em médio e longo prazo] que essas empresas estão indo atrás após serem suficientemente grandes para justificar o capital que estão gastando.”

Ford F-150 Lightning
Ford/Divulgação

Dependente da VW, Ford já sofre com redefinição em curso

Segundo Farley, joint ventures e até mesmo fusões de alto nível entre pequenas empresas também se tornarão mais comuns. Mudanças na própria Ford indicam, ao mesmo tempo, um sinal da redefinição (ou “shakeout”, como quiser) na indústria uma vez que a montadora americana recorre à plataforma MEB, da Volkswagen, para construir seus carros elétricos.

Embora seja uma arquitetura alemã, a Ford utilizará a MEB como base para dois SUVs com visual americano. Eles integrarão um grupo de quatro novos crossovers que serão integrados ao portfólio da montadora até 2024.

“Parcerias são difíceis”, explicou. “Estamos no mercado há 118 anos e provavelmente temos uma parceria que funcionou muito bem: a Ford Otosan, na Turquia. Muitas vezes elas se perdem no caráter dos líderes.”

No mercado de elétricos, a Ford já tem alguns sucessos entre os veículos comerciais e as picapes — no último caso a famigerada F-150 Lightning (na foto acima). Quando se trata de carros de passeio, no entanto, a montadora americana ainda está atrás no processo, apelando à ajuda tecnológica da Volkswagen para produzir seus primeiros modelos nessa categoria.

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Lucas Berredo é redator(a) no Olhar Digital

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Fábio Marton é redator(a) no Olhar Digital