Um novo estudo da Universidade Hebraica de Jerusalém observou que o controle reativo pode ajudar as pessoas a evitar um pensamento intrusivo. Ou seja, a pessoa reconhece o pensamento e depois volta seu foco para outra coisa. No entanto, o controle proativo total se mostrou mais eficaz, impedindo o pensamento de atingir a consciência antes de qualquer coisa – o problema: esse tipo de “poder” é mais difícil de se alcançar.

Apesar de, para a maioria das pessoas, os pensamentos indesejados serem apenas distrações que nos tiram o foco de coisas importantes, eles podem significar algo um pouco mais grave. Como explica a Dra. Lauren Wadsworth, instrutora clínica sênior em psiquiatria na Universidade de Rochester, Estados Unidos, a persistência desses pensamentos “pode ser um sintoma de muitos transtornos psiquiátricos”.

Leia também:

Analisando com palavras associadas

Os pesquisadores da universidade em Jerusalém analisaram 80 voluntários que receberam uma tarefa de associação livre com dicas verbais – e que teriam recompensas financeiras no decorrer do processo. Os participantes viram pistas de 60 palavras na tela do computador, uma de cada vez, e tinham que escrever uma palavra associada em resposta a cada palavra.

publicidade

Por exemplo, se a palavra fosse “mesa”, eles podiam escrever “cadeira”. Cada uma das 60 palavras-chave foi apresentada uma vez e repetida outras quatro, de forma aleatória.

Então, os pesquisadores dividiram os participantes em 2 grupos iguais. O grupo controle foi autorizado a escrever de novo a mesma palavra associada quando as palavras-chave apareciam repetidas. Já no grupo de teste, as pessoas tinham que pensar em uma nova palavra associada a cada repetição. Só que, se fizessem uma associação repetida, não teriam o bônus financeiro.

O tempo que cada participante levou para responder às sugestões foi cronometrado. Houve também instruções e organização levando em consideração tempo de digitação e nível de “associação” (de 0 a 10, para “mais fortemente associada”) das palavras, de acordo com a percepção dos voluntários.

Conforme explica o Dr. Isaac Fradkin, pesquisador de pós-doutorado e principal autor do estudo, associações repetidas – por exemplo, pensar em “cadeira” por uma segunda vez para uma palavra-chave e assim por diante – “são pensamentos indesejados. Eles distraem o participante do objetivo (criar uma nova associação)”.

As pessoas do grupo de teste acabaram usando a mesma associação apenas 6% das vezes em comparação com 50,5% das respostas do grupo de controle. Elas também levaram mais tempo para criar uma nova palavra associada na hora em que um termo era repetido – os pesquisadores relataram que isso era consistente com o controle reativo.

Supressão proativa de pensamento

Os pesquisadores então excluíram as associações que os participantes julgaram ter a associação mais forte com a sugestão (já que seriam mais difíceis de “esquecer”) e se concentraram nos tempos de resposta para sugestões e associações que foram mais fracas na primeira vez.

Um modelo computacional baseado em tempos de reação e níveis de associação entrou em ação neste momento, para determinar como as pessoas estavam evitando associações repetidas. Então, os pesquisadores descobriram que a força associativa mais fraca aumentou o tempo de reação em comparação com o grupo de controle, mas deu tempos de reação mais rápidos do que quando a força associativa era forte. E isso mostrou o uso de uma supressão proativa de pensamento.

A conclusão dos pesquisadores foi de que o controle do pensamento reativo atrasaria o tempo de reação, pois a pessoa teria que rejeitar a palavra de associação repetida e pensar em outra. Por sua vez, o controle proativo evitaria completamente o pensamento intrusivo (ou seja, a associação repetida), acelerando assim o tempo de reação.

Deixa acontecer naturalmente

Os participantes do grupo de teste de supressão de pensamento tendiam a ficar mais rápidos depois de rejeitar uma associação repetida uma vez, evitando assim um processo de “looping”. O Dr. Fradkin aponta que o desafio é “deixar em paz” os pensamentos intrusivos quando eles vierem à mente, sem lutar contra ou prestar muita atenção neles. “Precisamos de mais pesquisas para examinar como as descobertas de nosso estudo podem ser usadas para dar conselhos concretos”.

No entanto, o pesquisador defende que seus estudos têm uma implicação importante e otimista. “Nosso cérebro tem a capacidade natural de impedir que pensamentos indesejados entrem em espiral”. Ou seja, só de sabermos que um pensamento em particular é intrusivo diante de um foco no momento, pode ser suficiente para garantir que ele não “cresça na mente” o tanto como poderia.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!

Imagem: Golubovy/Shutterstock

Via Medical News Today