Conforme noticiado pelo Olhar Digital na manhã desta quarta-feira (21), o presidente russo Vladimir Putin voltou a fazer ameaças envolvendo um possível ataque nuclear contra a Ucrânia. Em um pronunciamento na TV estatal local, o governante anunciou ainda uma “mobilização parcial” dos russos reservistas em idade de combate.

Diante da declaração do presidente de que vai usar “todos os meios necessários” para a defesa do país, crescem os temores de uma guerra nuclear entre a Rússia e o Ocidente, em especial os países membros da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), aliança militar liderada pelos EUA que está apoiando a Ucrânia desde o início das invasões, em fevereiro.

Quais são os países com mais armas nucleares no mundo?

De acordo com a BBC, o número exato de armas nucleares em posse de cada país é um segredo nacional, razão pela qual as análises são baseadas em estimativas. Embora o compartilhamento dessas informações varie de acordo com cada nação, a maioria divulga os números de seus estoques nucleares.

Dados publicados pela Janes, agência global que fornece análises na área de inteligência de defesa, indicam que a Rússia tenha mais de 6 mil ogivas nucleares, incluindo cerca de 4 mil em arsenal ativo e o restante em desmantelamento. As ogivas são formadas por uma arma nuclear encapsulada na parte cilíndrica de um foguete, míssil ou projétil.

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Dados da Federação dos Cientistas Americanos diagramados pela BBC

Segundo a Federação dos Cientistas Americanos (FAS, na sigla em inglês) esse arsenal, junto com o dos EUA (com cerca de 4 mil), representa 90% das ogivas nucleares do mundo todo.

Além dos EUA e da Rússia, estima-se que pelo menos sete países tenham esse tipo de armamento de destruição em massa: China, Índia, Paquistão, Israel, Coreia do Norte, França e Reino Unido (esses dois últimos, membros da Otan, juntamente com os EUA, Alemanha e outras 26 nações).

Dados da Federação dos Cientistas Americanos diagramados pela BBC

Saiba mais sobre o arsenal nuclear da Rússia

Detentora do maior arsenal nuclear do mundo atualmente, a Rússia mantém uma extensa infraestrutura capaz de projetar e construir novas ogivas e mísseis sofisticados.

Em 2020, a nação gastou cerca de US$8 bilhões (aproximadamente R$41 bilhões) para construir e manter suas forças nucleares, de acordo com um levantamento feito pela Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (Ican, na sigla em inglês).

O potencial de destruição depende do tipo de cada arma, mas vai desde aniquilar cidades pequenas e médias até a destruição completa de grandes metrópoles, como Nova York.

Algumas dessas armas podem, inclusive, chegar aos EUA em questão de minutos. O mesmo se pode afirmar sobre lançamentos norte-americanos em direção à Rússia.

Entre as armas disponíveis para o governo russo, estão:

  • Status-6 (apelidado de Poseidon), se assemelha a um grande torpedo, mas é amplamente referido como um veículo submarino não tripulado. Pode ser equipado com um sistema antimísseis — incluindo mísseis antibalísticos e armas laser — e com uma bomba nuclear de cobalto que, ao explodir, provoca uma onda de tsunami com 500 metros. É capaz de espalhar uma nuvem de material radioativo numa área de 510 mil quilômetros quadrados;
  • Avangard, um avião que pode transportar armas nucleares e convencionais. Tem apenas duas toneladas e viaja a uma velocidade pelo menos 20 vezes superior à do som, o que o permite escapar aos sistemas de defesa antimísseis do inimigo;
  • Kh-47M2 Kinzhal, um míssil de cruzeiro hipersônico capaz de transportar armas nucleares e convencionais. É o único míssil hipersônico lançado a partir de aeronaves em serviço no mundo todo e pode atingir 10 vezes a velocidade do som;
  • RS-28 Sarmat, também conhecido como Satanás II, um míssil balístico intercontinental em desenvolvimento com capacidade para transportar até 15 toneladas de ogivas nucleares.
O Satanás II, novo míssil nuclear da Rússia, pode chegar a qualquer lugar do planeta e conta com sistema autônomo para evitar detecção. Imagem: TASS, via Business Insider

Comparando Satanás II com o Minuteman III, míssil nuclear dos EUA

O Olhar Digital já falou sobre o poderoso míssil nuclear Satanás II, da Rússia, e também sobre o seu correspondente “do outro lado”: o míssil Minuteman III, arma nuclear de ponta dos EUA. 

Alcance: 

Enquanto o Minuteman III não tem alcance total 100% conhecido, estimando-se algo entre  9.600 e 10.000 km, o Satanás II pode atingir até 18.000 km.

Capacidade nuclear:

Conforme dito anteriormente, o míssil russo consegue lançar 15 ogivas nucleares em qualquer lugar do mundo e, segundo Putin, “é capaz de superar todos os meios modernos de defesa antimísseis”. O poder de destruição é de 3 megatons cada.

Já o míssil americano pode levar até três ogivas de uma vez, cada uma delas com 300 a 475 quilotons de capacidade, segundo estimativas.

Dimensões e velocidade:

Medindo 35,3 metros de comprimento e pesando 220 toneladas, o Satanás II tem velocidade máxima de voo de 7 km/s, ou 25.200 km/h.

O Minuteman III, por sua vez, tem 18,2 metros de comprimento, pesa 35,3 toneladas e atinge a mesma velocidade máxima de voo do míssil russo.

Plataforma de lançamento:

Ambas as armas são disparadas de silos de mísseis construídos no subsolo.

Leia mais:

Fabricado pela Boeing Co., o míssil nuclear Minuteman III é fundamental para o armamento estratégico dos militares dos EUA. Imagem: Benjamin Donnelly – Flickr

Como podemos observar no resumo comparativo acima, os futuros mísseis russos RS-28 Sarmat são muito mais potentes do que o concorrente direto dos EUA — aliás, do que qualquer coisa do arsenal norte-americano. De acordo com o site Military.com, eles poderão destruir os mísseis LGM-30 Minuteman III dentro dos próprios silos. 

Não é à toa que, a partir do momento em que sua existência foi descoberta, as forças da Otan apelidaram a arma de míssil “Satanás”.

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