Lançada no dia 24 de novembro do ano passado, a bordo de um foguete SpaceX Falcon 9, a missão DART (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo) está poucos dias de atingir o seu alvo, um sistema binário composto por dois asteroides: Didymos, com 780 metros de diâmetro, e sua “lua” Dimorphos, quase cinco vezes menor.
Gerenciada pelo Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins (APL), da Universidade John Hopkins, a missão é o primeiro teste da NASA que assume uma nova e audaciosa abordagem para defender a Terra de asteroides perigosos.
De acordo com a agência, espera-se que na próxima segunda-feira (26), por volta das 20h15 (pelo horário de Brasília), a espaçonave colida com Dimorphos a aproximadamente 24.000 km/h, na tentativa de alterar a trajetória do corpo celeste.
Enquanto a espaçonave cruza o espaço rumo ao tão esperado encontro com seu alvo, o instrumento Didymos Reconnaissance e a Asteroid Camera for Optical navigation (DRACO) vem fazendo milhares de imagens de estrelas pelo caminho.
As imagens dão à equipe do APL os dados necessários para suportar testes e ensaios contínuos de equipamentos em preparação para o impacto cinético da espaçonave em Dimorphos.
Como único instrumento na sonda DART, DRACO foi projetado para registrar imagens do sistema binário de asteroides. Ele também é responsável por suportar o sistema de orientação autônoma da espaçonave, chamado Smart Nav (Manobras Autônomas de Navegação em Tempo Real), de pequeno porte, que vai guiá-la para o impacto.
Em duas ocasiões (1º de julho e 2 de agosto), a equipe de operações da missão apontou o instrumento DRACO para Júpiter, com o objetivo de testar o sistema Smart Nav.
No teste, eles pretendiam usar DRACO para detectar e atingir a lua Europa, que emergia por trás de seu planeta-mãe, de maneira semelhante à qual a lua Dimorphos vai se separar visualmente do asteroide maior Didymos nas horas que antecederem a colisão.
Embora o teste obviamente não envolvesse DART colidindo com Júpiter ou suas luas, ele deu à equipe responsável pelo Smart Nav a chance de avaliar o desempenho do sistema em voo. Antes deste teste com Júpiter, o sistema só foi experimentado em simulações no solo.
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“Toda vez que fazemos um desses testes, ajustamos os displays, os tornamos um pouco melhores e um pouco mais responsivos ao que realmente procuraremos durante o evento real do terminal”, disse Peter Ericksen, engenheiro de software do Smart Nav na APL.
A espaçonave DART foi projetada para operar de forma totalmente autônoma durante a aproximação do terminal, e a equipe do Smart Nav estará monitorando como os objetos são rastreados na cena, incluindo suas intensidades, número de pixels e quão consistentemente eles estão sendo identificados.
Ações corretivas usando contingências pré-planejadas só serão tomadas se houver desvios significativos e ameaçadores das expectativas de missão. Com Júpiter e suas luas, a equipe teve a chance de entender melhor como a intensidade e o número de pixels de objetos podem variar à medida que os alvos se movem através do detector.
A imagem abaixo — capturada quando a nave DART estava a aproximadamente 26 milhões de km da Terra, com Júpiter a aproximadamente 700 milhões de quilômetros de distância — é um composto cortado de uma imagem DRACO centrada em Júpiter tirada durante um desses testes Smart Nav.
Dois trechos de brilho e contraste, feitos para otimizar Júpiter e suas luas, respectivamente, foram combinados para formar essa visão. Da esquerda para a direita, estão Ganimedes, Júpiter, Europa, Io e Calisto.
“Os testes de Júpiter nos deram a oportunidade para DRACO registrar algo em nosso próprio sistema solar”, disse Carolyn Ernst, cientista de instrumentos da DRACO na APL. “As imagens parecem fantásticas, e estamos entusiasmados com o que a DRACO revelará sobre Didymos e Dimorphos nas horas e minutos que antecedem o impacto”.
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