A superfície do Mar Mediterrâneo, que banha países europeus, asiáticos e africanos, está passando por um processo chamado de estratificação, que altera a forma como o mar processa gás carbônico incorporado do ar, e forma cristais de aragonita.

No oceano aberto, onde as temperaturas da água são mais baixas, o gás carbônico é dissolvido na água salgada. Esse processo permite que todos os mares da Terra absorvam um quarto das emissões de carbono que os humanos emitem para a atmosfera.

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Porém, quando conforme o Mar Mediterrâneo oriental é aquecido no verão, o dióxido de carbono começa a não ser mais absorvido, e sim liberado. Esse processo pode ser visto nos refrigerantes. Quando essas bebidas estão frias, o gás carbônico fica incorporado no líquido, porém, conforme acumulam calor, o gás é liberado.

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Imagem: Cristais de aragonita estão se formando no Mar Mediterrâneo. Créditos: AleksaStanko003/Shutterstock

Entretanto, esse fenômeno em larga escala, como no Mediterrâneo Oriental, gera sérias consequências para o clima, já que o gás carbônico é um dos acentuadores do efeito estufa. O geocientista Or Bialik e seus colegas descobriram que o aumento na temperatuda das águas apresenta um segundo problema: a formação de cristais de aragonitas de forma espontânea.

Aragonita é uma forma de carbonato de cálcio, muito utilizada por criaturas marinhas na construção de suas conchas. Segundo Bialok, que ficou surpreso com a descoberta, as condições no Mediterrâneo são tão extremas que ” pode-se gerar carbonato de cálcio quimicamente a partir dessas águas”.

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Onde começa e em quais lugares esse fenômeno acontece?

Os pesquisadores ainda não sabem como as reações que formam os cristais de aragonitas começam, mas eles suspeitam que partículas de poeira oriundas da terra circundante contribuam com esse processo. Outra suspeita recai na presença de microplásticos, já que o Mar Mediterrâneo é um dos corpos hídricos com mais microplásticos do mundo. Em 2020, cientistas relataram ter encontrado 2 milhões de partículas em um único metro quadrado de sedimentos de apenas 5 centímetros de espessura.

“Eles [os cristais] provavelmente poderiam se formar em torno de qualquer centro de nucleação”, diz Bialik. “Suspeito que microplásticos também podem ser possíveis. Mas como os cientistas adoram dizer, mais pesquisas são necessárias”, complementa o pesquisador.

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A ocorrência da estratificação é muito curiosa, pois esse processo diminui a acidez do oceano, situação completamente oposta à que ocorre em geral nos outros locais do mundo, que veem sua acidez aumentar. Por enquanto, não se sabe se os cristais de aragonitas estão se formando em mais lugares ao redor do mundo.

Segundo o químico marinho Andrew Dickson, da Scripps Institution of Oceanography, “a questão então é, em que grau esse ambiente é realmente especial, ou é comum ao redor dos oceanos? E eu não tenho uma imagem clara disso na minha mente”. Portanto, os pesquisadores precisam estar vigilantes em relação a esse fenômeno.

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