O ano de 2022 está sendo um período difícil para o mercado de tecnologia. Depois de um grande progresso durante a pandemia, as big techs tiveram que reduzir custos e, assim, diminuir a mão de obra. Durante este ano, gigantes como Microsoft, Twitter, Meta, Tesla e Amazon noticiaram que estavam realizando demissões em massa ou congelando novas contratações.

A notícia mais recente é de que a Meta, empresa dona do Facebook, Instagram e WhatsApp, demitiu mais de 11 mil colaboradores, o que representa cerca de 13% da sua equipe de trabalhadores, já que a empresa possuía 87.314 funcionários no final de setembro.

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A decisão de Mark Zuckerberg, CEO da empresa, é o maior corte de trabalhadores deste ano e a primeira demissão em massa da Meta.

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“É um corte bem significativo e na minha opinião são diversos fatores. Acho que a gente já conseguia prever esse corte desde algum tempo. É claro que a situação econômica global, principalmente nos Estados Unidos, a guerra na Ucrânia, a Web3 surgindo com força e empresas baseadas em blockchain batendo de frente com a Meta são alguns dos motivos. Mas a verdade é que as Big Techs estão sofrendo uma crise em 2022. Tanto que mais de 52 mil funcionários já perderam o emprego em todas as big techs neste ano”, afirmou Luciano Mathias, CCO da TRIO, especialista em tecnologia e colunista do Olhar Digital em entrevista exclusiva para o Olhar Digital News.

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Ainda sobre a Meta, ele acredita que a empresa tenha entrado de cabeça em serviços não lucrativos e fazendo alguns investimentos um pouco equivocados, principalmente em relação ao metaverso.

“Acredito que essa sede ao pote, não só da Meta, como de outras big techs, acabou gerando isso porque a coisa acaba não sendo tão consistente nesse sentido. A gente tem que fazer a coisa com uma certa calma e com uma certa sobriedade, que eu acho que no caso deles, não foi feito”, reforçou Mathias.

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“Acho que tem alguns casos específicos, por exemplo o Twitter, com a compra agora pelo Elon Musk e muita coisa negativa acontecendo, como o Twitter perdendo 4 milhões de dólares por dia. Aí o Musk despediu o pessoal, foi mais ou menos 50% da força, que é bastante gente também”, lembrou o especialista.

Na semana passada foi a vez do Twitter demitir boa parte de seus funcionários. Após a aquisição da rede social por Elon Musk, pelo menos 3,7 mil pessoas foram dispensadas, segundo o The New York Times.

Setor em crise: Qual a razão por trás das demissões em massa das Big Techs?
Imagem: Tada Images/Shutterstock

Vale ressaltar que o Twitter não foi a única empresa de Musk a passar por um corte em seu quadro de funcionários. A Tesla, empresa de veículos elétricos do bilionário, também diminuiu sua força de trabalho em torno de pelo menos 500 colaboradores.

“Na Tesla acho que a coisa foi um pouco mais leve, um pouco menor e teve mais a ver com a pandemia, com sistemas de produção. A Amazon, por exemplo, não despediu ninguém, mas congelou novas contratações. A Microsoft também despediu cerca de mil pessoas.”

Além disso, em decorrência da pandemia, a inflação nos Estados Unidos superou 8% cumulativamente em 12 meses, atingindo o nível mais alto dos últimos 40 anos.

“Acredito que a gente vive um momento macroeconômico global complicado. Os Estados Unidos subindo taxas pela quarta vez consecutiva e uma recessão à vista, o mercado de criptomoedas num inverno cripto gigantesco, então tudo isso está corroborando para que essas demissões aconteçam”, esclareceu Luciano.

Setor em crise: Qual a razão por trás das demissões em massa das Big Techs?

“Infelizmente muitas pessoas perdem seus empregos e a gente está caminhando para um mundo que possui uma estrutura também muito inflada. É por conta disso, por conta das novas revoluções, novas tecnologias, coisas que vão mudando e aí infelizmente às vezes as grandes empresas, as big techs, não têm outra saída”.

Como será o futuro das big techs?

É notório que o metaverso tornou-se protagonista neste meio, muito pelo fato de existir muito mais no virtual do que no real, o que favorece também para essa crise nas Big Techs.

“Acredito que o futuro da Meta depende muito do quanto eles vão sustentar esse discurso de um metaverso aberto e interoperável através da Web3”, opinou Mathias.

“A gente tem diversos reportes apontando uma quantidade enorme de dinheiro no metaverso, mas a verdade é que ninguém sabe qual metaverso vai funcionar. A Meta tentou tomar a frente nisso e acho que eles realmente meteram os pés pelas mãos porque acabaram fazendo algumas opções erradas de investimento e até de estratégias de marketing. Eles tinham muito poder para conseguir avançar com isso e não conseguiram, talvez por decisões e estratégias erradas”, analisou o especialista.

Setor em crise: Qual a razão por trás das demissões em massa das Big Techs?
Imagem: katjen/Shutterstock

Sem contar que o ramo de criptomoedas está ganhando cada vez mais notoriedade e obtendo diversos investimentos, não apenas de pessoas físicas, mas também das maiores empresas do mundo.

“Tem uma coisa que eu acredito muito também é no caminho da Web3, fala-se muito de Web3, muito das empresas baseadas em blockchain, em cripto, e eu acredito que essa é uma revolução imparável. Acho que isso vem afetando as Big Techs já há algum tempo. Isso está começando a incomodar e a tendência é que incomode mais ainda no decorrer dos anos”, concluiu Luciano.

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