Amantes da astronomia têm motivos de sobra para dar uma espiada em Marte nesta quarta-feira (7). Pelo menos quatro fenômenos astronômicos distintos relacionados ao Planeta Vermelho prometem agitar os céus desde o início da noite até madrugada adentro.

Entrando em sua fase cheia, a Lua vai compartilhar a mesma ascensão reta com Marte, aparecendo bem próximo a ele no céu – um fenômeno conhecido como conjunção. 

publicidade
Configuração do céu no momento em que Mart e Lua atingem o ponto mais alto nesta quarta-feira (7). Imagem: Stellarium

Do ponto de vista de um observador baseado em São Paulo, isso vai acontecer à 1h24 da madrugada de quinta-feira (8) – ressaltando que todos os horários aqui mencionados têm como referência o fuso de Brasília. 

Ao mesmo tempo, ocorre o chamado appulse, termo que se refere à separação mínima aparente entre dois corpos no céu, de acordo com o guia de astronomia Starwalk Space.

publicidade

O que diferencia as duas expressões é que, embora o termo “conjunção” também seja utilizado popularmente para representar uma aproximação aparente entre dois corpos, tecnicamente, a conjunção astronômica só ocorre no momento em que os dois objetos compartilham a mesma ascensão reta (coordenada astronômica equivalente à longitude terrestre).

De acordo com o site In-The-Sky.org, a dupla estará visível a partir das 19h19, quando os astros subirem a uma altitude de 7° acima do horizonte a nordeste. Eles atingirão seu ponto mais alto no céu às 23h52, 41° acima do horizonte a norte, e ficarão inacessíveis a partir das 4h25. (Os horários variam um pouco conforme a sua localização).

publicidade

Ainda segundo o guia astronômico, a Lua estará em magnitude de -12,6, enquanto Marte terá uma taxa de -1,9, ambos na constelação de Touro. Quanto mais brilhante um objeto parece, menor é o valor de sua magnitude (relação inversa). O Sol, por exemplo, que é o objeto mais brilhante do céu, tem magnitude aparente de -27.

Leia mais:

publicidade

Melhor momento para se observar Marte

Geralmente, a melhor época do ano para se observar um planeta com órbita mais externa que a Terra (como é o caso de Marte) é durante sua oposição, que é quando ele está do lado oposto do Sol em relação à Terra (que fica entre os dois corpos celestes).

Isso vai acontecer com Marte nesta madrugada, poucas horas depois da conjunção astronômica com a Lua, a partir das 2h35. Na ocasião, o quarto planeta do Sistema Solar vai chegar a 0.55 Unidades Astronômicas (UA) da Terra, o que equivale a “apenas” 82 milhões de km daqui. 

Marte atingiu o perigeu (ponto mais próximo da Terra) há uma semana. A oposição e o alcance do perigeu não são simultâneos no caso de Marte devido à sua órbita ligeiramente excêntrica.

De qualquer forma, Marte continua por “perto”, prometendo ótimos registros, já que estará em seu maior tamanho angular e magnitude dos últimos dois anos (intervalo médio de tempo que esse planeta leva entre uma oposição e outra).

É importante destacar que todos os eventos descritos acima poderão ser observados a olho nu.

Ocultação lunar, o “eclipse” do Planeta Vermelho

Por fim, o último dos quatro eventos da noite envolvendo Marte é a ocultação lunar. Infelizmente, essa espécie de “eclipse” do planeta (quanto a Lua passará na frente dele, ocultando-o para os observadores na Terra) só será visível a partir de determinadas regiões no Hemisfério Norte.

Ocultações lunares só são visíveis de uma pequena fração da superfície da Terra. Como a Lua está muito mais perto do nosso planeta do que outros objetos celestes, sua posição no céu difere dependendo da localização exata do observador na Terra devido à sua grande paralaxe (diferença na posição aparente de um objeto em relação a um plano de fundo, tal como visto por observadores em locais distintos ou por um observador em movimento). 

A posição da Lua vista de dois pontos em lados opostos da Terra pode variar em até dois graus, ou quatro vezes o diâmetro da lua cheia. Isso significa que se a Lua estiver alinhada para passar na frente de um objeto específico para um observador posicionado em um lado da Terra, ela aparecerá até dois graus de distância desse objeto do outro lado do globo.

Imagem: InTheSky

No mapa acima, contornos distintos mostram onde o desaparecimento de Marte é visível (em vermelho) e onde será possível testemunhar seu reaparecimento (em azul). As linhas sólidas exibem onde cada evento deverá ser visível através de binóculos a uma altitude razoável no céu. Os contornos pontilhados, por sua vez, indicam onde cada evento ocorre acima do horizonte, mas pode não ser visível devido ao céu estar muito claro ou a Lua muito perto do horizonte.

Fora dos contornos, a Lua não passa na frente de Marte em nenhum momento, ou está abaixo do horizonte durante a ocultação. No caso do Brasil, ambos os astros estarão visíveis no momento da ocultação, mas devido à paralaxe da Lua, Marte não será ocultado por ela para nossa observação.

Já assistiu aos novos vídeos no YouTube do Olhar Digital? Inscreva-se no canal!