Em 14 de dezembro de 1962, uma espaçonave da NASA chamada Mariner 2 passou por Vênus, sendo a primeira vez na história que uma sonda espacial robótica sobrevoou outro planeta.
Com a manobra, que durou 42 minutos, o equipamento teve a oportunidade de observar aquele que, atualmente, é considerado pelos cientistas o “gêmeo infernal” da Terra.
Os dados da Mariner 2 mostraram que até mesmo o lado noturno de Vênus era escaldante, com temperaturas de superfície que chegam a 216 graus Celsius, segundo um comunicado da agência.
Já era de conhecimento a rotação superlenta de Vênus (um único dia naquele planeta dura cerca de 243 dias terrestres), mas esperavam que os lados diurno e noturno apresentassem uma diferença de temperatura muito maior do que a espaçonave detectou.
Na época, um porta-voz da NASA revelou ao jornal The New York Times que os dados da sonda Mariner 2 revelaram “um mundo quente, brilhante e coberto por nuvens finas, escuras e frias”.
Mariner 2 decolou apenas um mês após o lançamento fracassado da missão Mariner 1, ocorrido em julho de 1962, que resultou em uma explosão em menos de cinco minutos após o disparo, devido a um propulsor fora de curso.
Apesar de alguns “tropeços” ao longo do caminho, a sonda Mariner 2 cumpriu com sucesso sua jornada de três meses e meio até Vênus. Essa viagem permitiu que a espaçonave confirmasse a existência do vento solar – o fluxo constante de partículas carregadas que fluem do Sol. O equipamento até observou uma grande erupção solar na ocasião.
Mariner 2 usou seus sete instrumentos para não apenas medir a temperatura dos dois lados de Vênus, como também detectou a espessa camada de nuvens em sua atmosfera média – que agora os cientistas sabem que são constituídas principalmente de ácido sulfúrico.
Embora a missão tenha feito o primeiro sobrevoo planetário, não foi a primeira espaçonave a passar por outro objeto em nosso Sistema Solar. Esse crédito, de acordo com o site Space.com, fica com a missão Luna 1, da então União Soviética, que passou pela Lua em 1959.
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Atualmente, apenas uma espaçonave é dedicada exclusivamente a Vênus: a missão japonesa Akatsuki, que está em órbita ao redor do planeta desde 2015. Mas tanto a sonda Parker Solar Probe, da NASA, quanto a Solar Orbiter, da Agência Espacial Europeia (ESA), estão observando Vênus enquanto fazem sobrevoos para ajustar suas trajetórias e se aventurar mais perto do Sol.
Existem três missões planejadas para estudar o planeta até a próxima década. A agência espacial norte-americana se comprometeu com as espaçonaves DAVINCI e VERITAS. Por sua vez, a ESA está trabalhando na sonda EnVision, que será responsável por complementar as observações da primeira missão e elaborar um mapeamento óptico, espectral e de radar do nosso vizinho, que servirá de apoio para os estudos da última.
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