Como funciona a roupa espacial de um astronauta

Mais do que tecnologia, o traje do astronauta tem mais uma série de funções importantes para deixá-lo vivo fora da Terra
Por Edson Kaique Lima, editado por Bruno Ignacio de Lima 24/01/2023 11h05
Astronauta flutuando no espaço com a Lua atrás
Imagem: Reprodução/PxHere
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Pouca coisa referente a um astronauta é mais icônica do que a roupa usada por eles. A imagem mental é clara, uma pessoa em uma indumentária branca, aparentemente pesada, capacete fechado e andando devagar. Mas, afinal de contas, por que a roupa espacial é assim? Bom, como tudo na área da exploração espacial, o uniforme é usado dessa forma por uma razão.

A roupa espacial, como pode se imaginar, é extremamente tecnológica e tem uma série de funções, como regular a temperatura do corpo, proteger do vácuo quase absoluto do espaço, contra os raios solares, que são mais fortes fora da Terra, controlar a pressão arterial, e até mesmo proteger contra o impacto com pequenos objetos existentes no espaço.

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O andar lento dos astronautas, mesmo em terra firme, demonstra que os trajes não devem ser nada leves, o que é verdade, a indumentária tem, em média, 130kg, mas vale lembrar que em gravidade zero o peso acaba sendo menor. Mas o peso não é somente das roupas, mas de todos os equipamentos que os profissionais carregam, que são o que os mantém vivos fora da Terra.

Dá pra usar roupas espaciais na Terra

Alguns trajes que foram desenvolvidos na década de 1970 por pesquisadores da então União Soviética (URSS) são usados até hoje para outros fins. Nessa época, missões mais longas eram impossíveis, já que poderiam, no longo prazo, causar flacidez e atrofia nos músculos. Para tentar resolver o problema, os russos desenvolveram o que ficou conhecido como Traje Adeli.

Esses trajes, inclusive, têm sido usados até hoje, mas não só como roupa espacial, mas como estímulo para pessoas com paralisia cerebral, a fim de evitar a atrofia e a flacidez nos músculos desses pacientes. Mas, no outro lado da Guerra Fria, o desenvolvimento dos trajes espaciais também foi bastante interessante.

Quem inventou as roupas espaciais

(Esquema mostra a composição de uma roupa espacial atual. Crédito: Paul Failla/ Cosmos Magazine)

O desenvolvimento dos trajes americanos se deu não por uma empresa revolucionária que fabricava roupas tecnológicas, mas por uma fabricante de sutiãs e cintas modeladoras chamada Playtex. A companhia era liderada por um grupo de costureiros e engenheiros, um mecânico de carros e um técnico de televisores. A disputa foi uma verdadeira luta de Davi contra Golias, no caso, dois Golias.

A Playtex venceu as demais concorrentes por sua competência, com um traje completamente maleável, que ia contra as demais, que tinham uma série de placas sólidas que mais pareciam armaduras. Uma delas, inclusive, sequer passava pela porta da cápsula espacial, enquanto o capacete da outra explodia quando submetido a uma pressão maior do que a existente no espaço.

Por que roupa espacial é branca?

Filme, dirigido por Philip Kaufman, adapta livro de mesmo nome escrito por Tom Wolfe. Imagem: Warner Bros./Reprodução
Cores foram escolhidas para dar um ar de “futurismo” aos trajes dos astronautas. Crédito: Warner Bros./Reprodução

Outro ponto importante no imaginário em relação à roupa espacial são as cores, quase sempre branca ou prata. Ela tem uma razão que vai além do funcionalismo de refletir melhor os raios de sol e diminuir o calor. A escolha pelo prateado e pelo branco se dava porque no século XX essas cores eram vistas como “as cores do futuro” (basta observar as roupas dos personagens da animação “Os Jetsons”).

Por conta disso, mesmo os trajes que não passaram nos testes da Nasa, como o da Playtex, recebiam essa coloração, já que objetos prateados eram sinônimo de futuro para as pessoas naquela época. Portanto, além da funcionalidade, se uniu o útil ao agradável, com cores que têm cores bastante úteis para quem está no espaço, com a estratégia de marketing de dizer que elas eram, de fato, tecnológicas.

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Edson Kaique Lima
Redator(a)

É jornalista formado pela Universidade Anhembi Morumbi, de São Paulo. Fanático por novelas, iniciou sua carreira no entretenimento, mas desde 2021 escreve sobre tecnologia, assunto que aprendeu a amar

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Com 10 anos de experiência, é especialista na cobertura de tecnologia. Atualmente, é editor de Dicas e Tutoriais no Olhar Digital.