Prós
  • Visual futurista
  • Belíssimo acabamento interno
  • Muitas assistências ao motorista
  • Baixou o preço do e-208
Contras
  • Sem ajuste elétrico de banco e direção
  • Apple CarPlay e Android Auto apenas com fio

O mercado de carros elétricos não para de crescer no Brasil, mesmo com estes veículos ocupando faixas de preço muito acima de suas versões movidas com combustível fóssil. A Peugeot é uma das marcas que aposta neste segmento e ela entrega duas opções para o consumidor final: o e-208 e e-2008.

Eles são versões eletrificadas de carros criados originalmente como movidos com gasolina e eu testei o segundo, um SUV que vem importado da Espanha e com vontade de baixar os preços deste tipo de veículo no Brasil, ao menos para o segmento dos mais elevados do solo.

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Ele tem o mesmo motor elétrico do Peugeot e-208, mas detalhes, tecnologias e visual mais próximos de seu irmão maior, o 3008. Será que vale a pena? Eu passei uma semana andando com um, até viajando para o interior de São Paulo e te conto minha experiência nos próximos parágrafos.

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Nome de e-2008, mas cara de modelo maior

Começando por fora, o Peugeot e-2008 é feito acima da plataforma eCMP, a mesma do e-208. Mesmo com a mesma base de um hatch pequeno, o SUV testado tem 4,30 metros de comprimento, 2,60 metros de entre-eixos e largura batendo em 1,77 metro. Com isso, ele ganha espaço interno bastante confortável para todos os ocupantes, até quem vai na segunda fileira.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Começando a parte externa pela frente, temos um sistema de iluminação totalmente em LED. Dois detalhes chamam atenção: o primeiro está no desenho das luzes diurnas em formato de dentes de um tigre dente de sabre e isso vai até para o longo canino lateral, enquanto o segundo é uma espécie de projeção de cores nos carros da frente.

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Este segundo detalhe é praticamente um easter egg e fica mais perceptível em congestionamentos. Está presente no topo da projeção do farol, onde ele exibe coloração azulada quando o objeto está mais próximo e vira até um violeta em maiores distâncias. Eu não sei se é proposital, mas a iluminação colorida me deu ares de bandeira da França – pois é azul, branca da luz normal e vai para o violeta que dá um tom de vermelho.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Fechando a parte da frente, temos uma espécie de elemento tridimensional na grade que seria de entrada de ar para o motor. Ela dá a sensação de que a cor azul do carro vai se desintegrando até dar mais espaço para o sistema de resfriamento das baterias receber o vento. Fica bonito, inteligente e moderno, além de fazer o carro parecer maior do que realmente é.

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Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Na traseira as luzes continuam com as três listras, mas agora como garras do leão (leão está no logo da Peugeot) e todas em LEDs também. Este tipo de iluminação em todo o lado externo ajuda em duas coisas importantes: a primeira é o consumo reduzido de energia e a segunda pode ser manter a fome por watts, mas aumentar consideravelmente a visibilidade do que é iluminado.

As lanternas estão em uma área preta que liga um lado com o outro, assim como a parte superior do carro que é nesta tonalidade bem escura. Abrindo a tampa, o porta malas oferece 434 litros de capacidade, com uma pequena base na parte inferior para dar a sensação de segundo andar para carga.

Voltando para a frente, a tampa do motor esconde um conjunto elétrico com 136 cavalos e 26,5 kgf/m de torque. Ele é bacana para o hatch e-208, mas nas arrancadas com o SUV pesado que é e-2008 eu senti uma segurada maior e também marcou a saudade das acelerações elevadíssimas do torque instantâneo dos carros elétricos.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Digo isso, pois mesmo no modo esportivo, o e-2008 leva mais tempo para ir de 0 até 100 km/h. É um problema? De forma alguma, ele ainda arranca junto das motos nos semáforos, com força para ultrapassagens muito mais seguras do que qualquer SUV movido com gasolina. Eu só senti falta daquele empurrão que os carros elétricos dão, sabe?

De qualquer forma, reduzir um pouco da potência na arrancada pode ser uma solução de segurança e para consumir menos a bateria. Até a velocidade máxima é controlada e alcança 150 km/h, o que é perfeito para qualquer estrada mais veloz do Brasil – mesmo em ultrapassagens. Falando nas baterias, temos um pacote de Íon-lítio com 50 kWh por baixo do carro, refrigeradas por água.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

A Peugeot diz que o e-2008 alcança 345 quilômetros de autonomia, valor que eu não consegui nem mesmo com ar-condicionado desligado e andando com calma. Nos melhores números, eu estive na casa dos 320 quilômetros em percursos com mais estrada.

Este é um problema comum dos carros elétricos, já que existem dois métodos diferentes para aferir a autonomia deles. Um é o americano, que considera percursos maiores em estrada, enquanto o outro é europeu e prefere dar mais atenção para a cidade e neste momento os números crescem.

Isso acontece, pois diferente do carro movido com gasolina, os elétricos são mais eficientes em menores velocidades e usam o freio motor para regenerar um pouco de energia. Por isso o alcance aumenta na cidade. A Peugeot usa este dado europeu (ela é francesa, lembra?) e ele fica mais próximo do divulgado se você anda mais em áreas urbanas, com no máximo 70 ou 80 km/h e com muito anda e para.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

A recarga pode ser feita em uma tomada normal de 220 volts com o carregador incluso no carro, levando 24h56 minutos para sair de 0 até 80% de toda a bateria. Em um wallbox, aqueles de shopping, o alternador permite a entrada de 7,4 kW e a recomposição leva cerca de seis horas. Nos pontos de carga mais velozes, com 100 kW, meia hora faz o mesmo trabalho.

Só um detalhe importante sobre a recarga me deixou irritado: você não consegue destrancar o carro, sem interromper o carregamento. O sistema interno tranca o cabo de recarga quando ele está em uso e se você destravar as portas quando voltar do que precisa fazer, a entrada de energia é interrompida – o carro deduz que agora você vai sair dali.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Para continuar carregando, você precisa tirar e reinserir o carregador no plugue e lembrar de não destravar a porta mais uma vez. Pior: a chave é presencial e ela pode ser configurada para destravar as portas assim que você se aproxima. Com isso, basta chegar perto do e-2008 para o carregador parar de funcionar. Isso é chato, mas é chato em um nível elevado.

No teste eu acabei desligando o recurso que destrava as portas por aproximação, por ser obrigado a inserir o carregador toda vez.

Por dentro, o motorista está no futuro

Entrando no carro, o e-2008 traz a nova estética da marca francesa para seus veículos e isso significa volante bem pequeno, com toda a parte frontal em toque macio e o painel de instrumentos do motorista no i-Cockpit 3D. Ele utiliza duas telas sendo projetadas em um jogo de espelhos, que dá profundidade para alguns itens.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Com isso o velocímetro aparenta estar por cima de outros mostradores. O mesmo vale para os prédios do mapa do GPS incluso no e-2008, que ficam elevados. É uma sensação futurista de holograma muito bacana, até meu trouxe lembranças de Cyberpunk 2077.

Voltando para a realidade, o volante pequeno precisa de certa curva de aprendizado. Eu adorei, mas ele consegue ser menor que o de um Porsche e o painel de instrumentos sempre está por cima dele, não no meio como em todo carro. Na minha altura, eu precisei utilizar o controle de altura e profundidade dele para deixar mais para baixo, para conseguir ver tudo que está em exibição.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Já no meio fica a central multimídia de 10 polegadas, bem larga e visível, com interface rápida e, como disse antes, mapa com GPS nativo está presente. O display é virado para o motorista, mas em um ângulo que o passageiro ao lado também consegue ver claramente. Um detalhe bacana é que ele é muito largo e por isso exibe funções de ar-condicionado enquanto espelha o celular no meio, tudo ao mesmo tempo e sem roubar parte da tela.

Uma área inferior pode esconder o celular, que fica deitado em um carregador por indução, mas existe um problema: tanto oAndroid Auto, quanto o Apple CarPlay precisam de cabo para funcionar, então se você espelha a tela do smartphone, a base de carregamento não será muito útil.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Descendo ainda mais, o câmbio tem nome de e-Toggle e ele é meramente uma alavanca com baixo-relevo. Não tem cara de nada que você já usou na vida, mas reforça o visual futurista que me agradou demais no carro. Iluminação para as “marchas” ajuda a entender onde você está, junto de um botão B para aumentar a regeneração das baterias com o freio motor – recurso muito comum em carros elétricos.

Por fim, entre a central multimídia e o “câmbio”, ficam botões físicos para selecionar itens importantes do carro como os desembaçadores, pisca alerta e ar-condicionado. Até uma roda para volume está no lado esquerdo e ela me lembrou os rádios antigos, o que reforça ainda mais a sensação Cyberpunk sabe, por tanta coisa futurista e outras antigas no mesmo pacote.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Como estamos em um carro tecnológico, existem quatro portas USB. São duas na frente e mais duas atrás, mas eu senti falta foi de saídas de ar para quem vai na segunda fileira de bancos. Eu sempre ando com ar-condicionado ligado e ele estava configurado para 20 graus, mas quem estava atrás reclamou de calor, mesmo com o sistema no automático.

Eu precisei tirar do automático e ligar o vento mais forte, colocar as saídas do meio apontadas para a segunda fileira, para então entregar conforto térmico. Tudo isso fez o silêncio do carro elétrico sumir, com o ruído dos ventiladores soprando mais ar.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Direção quase autônoma no e-2008

Agora, o motorista tem uma série de sistemas para auxiliar a dirigibilidade e segurança. Começando, temos controle de velocidade em piloto automático adaptativo, no sistema que anda e para sozinho, sem você colocar o pé no acelerador ou freio. Em congestionamento, basta tocar no botão que aciona o recurso (no volante) e o carro volta a acelerar enquanto respeita a distância entre os dois carros.

Temos alerta de ponto cego nos retrovisores, espelho central com escurecimento automático e é possível até tirar as mãos do volante, pois o auxílio de permanência em faixa está presente. Ele não faz curvas, mas se a faixa estiver pintada no chão (pode ser em estrada ou na cidade, tanto faz), ele segue o caminho virando o volante sozinho.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Como não é totalmente autônomo, o sistema do Peugeot e-2008 te alerta que é necessário manter as mãos no volante. Se você não colocar elas para lá, o carro praticamente grita para que você faça isso. A lista de sistemas de auxílio inclui detector de fadiga, leitor de placas de velocidade para sempre te alertar sobre os limites da via e freio automático de emergência.

Este último eu não testei, pois prefiro chegar inteiro em casa. Eu confio na fabricante.

Na rua, eu senti que o e-2008 é esperto em retomadas e o volante pequeno te dá controle do movimento com mais firmeza. Existem três modos de condução que podem ser selecionados pelo motorista, o primeiro é o Eco e ele diminui essa esperteza do carro, deixando o acelerador menos responsivo e diminuindo a força do ar-condicionado, tudo para aumentar a autonomia da bateria.

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

O normal remove estas amarras e o esporte deixa as respostas mais velozes para o volante e acelerador, em detrimento de menor autonomia da bateria. Eu senti essa diferença nas arrancadas mais fortes, mas mantive quase que o tempo todo no Eco, já que carregador ainda não é algo que está presente em todo canto – como é um posto de gasolina, que mesmo do pior possível você ainda encontra quase que em cada esquina.

Agora, fechando a minha experiência com o Peugeot e-2008, senti falta de ajustes elétricos para a redinha do teto solar, volante e bancos da frente. Tudo é manual, mesmo para um carro elétrico que beira os R$ 260 mil.

Peugeot e-2008: vale a pena?

Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)
Peugeot e-2008 (Imagem: André Fogaça/Olhar Digital)

Sim, se você é entusiasta de tecnologia em carros e quer um elétrico agora mesmo, o e-2008 pode ser uma escolha bacana. No momento da publicação deste review, ele é o segundo SUV elétrico mais barato do Brasil, perdendo somente o JAC E-JS4 e ficando abaixo do Volvo XC40 P6 (o de um motor, na versão de entrada que já é bem completa).

O bacana do lançamento dele está no detalhe do e-208, pois a chegada deste modelo fez o hatch menor baixar de preço. É bom para quem queria um carro melhor do que o pequeno, mas é péssimo para quem comprou o que chegou antes, com o valor praticamente idêntico deste Peugeot e-2008, que é bem maior e mais divertido, tecnológico e bonito.

Senti que faltam coisas, como o pareamento sem fios com Android Auto e Apple CarPlay, até por conta do carregador por indução logo abaixo. Também queria motor elétrico para ajustes dos bancos e da rede do teto solar, detalhes muito comuns em elétricos concorrentes.

Nossa avaliação
Nota Final
9.2
  • Design
    10.0
  • Conforto
    9.0
  • Estabilidade
    9.0
  • Potência
    8.0
  • Custo-benefício
    9.0
  • Acessórios
    10.0

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