Vídeo mostra impacto da sonda DART contra asteroide em detalhes

Imagens mostram ainda tudo o que aconteceu no mês seguinte à missão
Por Flavia Correia, editado por Lucas Soares 27/03/2023 14h57, atualizada em 08/08/2025 16h57
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Evolução da nuvem de detritos em torno de Dimorphos e Didymos após o impacto da nave DART. Créditos: Divulgação/ESO
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Em novembro de 2021, a NASA lançou ao espaço a missão DART (sigla em inglês para Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo), para colidir com um sistema binário de rochas espaciais a fim de testar um novo método de defesa planetária.

Após uma viagem de mais de dez meses, em 26 de setembro do ano passado, a espaçonave alcançou com maestria o objetivo de se chocar contra Dimorphos, a “lua” do asteroide Didymos, e desviar sua rota. 

O impacto foi registrado por diversos equipamentos (no espaço e em solo), além da própria sonda. Agora, cientistas do ESO (sigla em inglês para Observatório Europeu do Sul), uma organização intergovernamental de pesquisa em astronomia composta e financiada por dezesseis países, divulgaram os primeiros resultados dos registros que seus telescópios fizeram da colisão.

No vídeo acima, é possível ver a evolução da nuvem de detritos formada depois do choque, no período de um mês. “A animação baseia-se em uma série de imagens obtidas com o MUSE, no Very Large Telescope (VLT) do ESO”, diz o comunicado emitido pela organização, referindo-se ao instrumento Explorador Espectroscópico Multiunidades, presente no maior telescópio da associação, localizado no Chile.

Segundo o comunicado, a primeira imagem foi registrada exatamente no dia do evento, pouco antes do impacto, e a última foto foi tirada quase um mês depois, em 25 de outubro. 

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Embora nem Dimorphos (de 163 metros de largura) nem seu companheiro maior (medindo 780 metros), Didymos, estivessem em rota de colisão com a Terra, o procedimento foi um teste de defesa planetária de um método que poderá, eventualmente, nos proteger do ataque de outro asteroide que possa oferecer algum risco em potencial. 

Como a DART era um “cubo” com cerca de 1,3 metros de largura, pesando apenas 550 kg, para o asteroide a colisão foi mais equivalente a um “peteleco” do que a um chute do famoso ex-jogador de futebol Roberto Carlos. Ainda assim, o simples “empurrão” já foi suficiente para influenciar sua trajetória.

Uma semana depois da bem-sucedida ação, identificou-se que Dimorphos soltou nuvem de poeiras e partículas. Telescópios em solo detectaram que os detritos expelidos pelo objeto após a colisão criaram uma espécie de cauda, “transformando” a rocha espacial em um cometa.

Com o impacto, a sonda da NASA espalhou cerca de mil toneladas de detritos da rocha no espaço. Segundo a agência, o material ejetado é apenas uma pequena fração da massa de Dimorphos, estimada em cinco milhões de toneladas.

A força transferida para Dimorphos foi 3,6 vezes acima do que seria se a sonda tivesse sido absorvida pelo asteroide, sem ejeção de material. “Se você explodir o material um pouco fora do alvo, haverá força de recuo”, explicou Andy Cheng, cientista da missão e do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins (JHU-APL). “O resultado dessa força de recuo é que você coloca mais impulso no alvo e acaba com deflexão maior”.

Asteroide desviado será investigado pelo menor radar já lançado ao espaço

Dentro de dois a quatro anos, a missão Hera, da Agência Espacial Europeia (ESA), vai conduzir pesquisas detalhadas in loco em Dimorphos e Didymos, com foco especial na cratera deixada pela colisão da missão DART e uma medição precisa da massa do asteroide atingido.

Na ocasião, uma pequena caixa de 10 cm entrará para a história como o menor instrumento de radar a ser pilotado no espaço – e o primeiro do tipo a sondar o interior de um asteroide. 

Instrumento JuRa, da missão HERA, projetada pela Agência Espacial Europeia (ESA) para examinar as consequências da deflexão do asteroide Dimorphos pela missão DART, da NASA. Imagem: Equipe JuRA / UGA

Este instrumento de radar, conectado a um quarteto de antenas de 1,5 m de comprimento, fará parte do CubeSat Juventas, que será lançado para Dimorphos a bordo da espaçonave Hera.

Segundo comunicado da ESA, os dados da missão Hera ajudarão a compreender o experimento de deflexão DART, para que a técnica possa ser repetida se um dia for realmente necessário.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.