Galaxy Tab S8 Ultra: tablet excelente em tudo, mas o Android… | Review

O mundo dos tablets é dominado pela Apple, o que não é segredo para ninguém, mas algumas marcas tentam abocanhar o mercado com opções bacanas para quem não quer o iOS, ou prefere simplesmente ter opção. A Samsung é uma das poucas que anda forte neste sentido e eu passei três semanas com seu modelo mais completo, robusto e caro: o Galaxy Tab S8 Ultra.

Ele é gigantesco ao oferecer tela com 14,6 polegadas em Super AMOLED, chip Snapdragon 8 Gen 1, pode ter mais memória RAM que o seu computador, mais espaço interno e custar mais do que ele, mas esbarra nas mesmas limitações do próprio Android – mesmo quando tenta ajudar com o modo DeX.

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Será que vale a pena? O Galaxy Tab S8 Ultra é seu próximo PC? Eu conto minha experiência nos próximos parágrafos, que foram escritos utilizando o próprio tablet da Samsung.

Por fora nada muda e isso não é um problema

Convenhamos: o mercado de tablets é bem complicado para quem espera mudanças drásticas na parte externa. Modelos com tela grande são ainda mais conservadores, justamente pela proposta de trabalhar com o produto e isso deixa ele mais limitado.

O Galaxy Tab S8 Ultra segue essa visão, mudando quase nada quando comparado com os outros tablets de gerações recentes da Samsung – entre os S7 e S8, praticamente nada muda. Ele ainda é um retângulo com vidro de um lado e alumínio do outro, colocando os alto-falantes nas laterais.

A tela ocupa quase que toda a frente e ela é um Super AMOLED de gigantescas 14,6 polegadas. A Samsung tanto sabe que você vai tratar este tablet como um PC, que ela colocou a câmera frontal em uma posição para que ela fique no meio do seu rosto enquanto o Galaxy Tab S8 Ultra estiver na horizontal. São dois sensores lado a lado, cada um com resolução 4K – um com lente ultrawide, outro com outra mais tradicional.

Ter uma tábua dessas na frente também significa que ela é pesada. O Galaxy Tab S8 Ultra pesa cerca de 730 gramas e ocupa mais de 32 centímetros de largura quando está deitado, junto de 29,6 centímetros de altura – inverta a ordem das proporções se você utilizar o tablet de pé.

O acabamento da unidade de testes que foi emprestada pela Samsung é todo feito em metal fosco, sem brilho e na cor preta. Ele combina demais com uma mesa de trabalho, mas se por um lado o corpo é sóbrio e elegante, por outro ele continua com o carregamento da S Pen na traseira.

Sim, existe um imã para segurar o acessório e a capa vendida pela Samsung ajuda nesse trabalho, mas você dificilmente acerta o local correto de primeira. Eu gosto mais da solução da Apple, que deixa o Pencil em uma das laterais e tem suportes magnéticos mais fortes. Eles puxam a canetinha com mais vontade, guiando para o local certo.

Outro problema do carregamento na traseira é que não é difícil fazer a área esbarrar com qualquer outra coisa na mochila e a S Pen sair de lá.

Durante o meu teste, o Galaxy Tab S8 Ultra foi utilizado mais como um PC do que como um tablet. Neste modo ele é bonito, elegante, forte e entrega bem a proposta, mas eu achei que o tamanho da tela é grande demais para quem prefere utilizar o aparelho como uma solução para consumir mídia, ou então para desenhar com a S Pen. É grande demais, sabe?

Enquanto o tamanho de tela é ótimo para trabalho e exagerado para desenhar ou ler algo na cama, o display em si é simplesmente excelente. Por aqui são 14,6 polegadas de Super AMOLED com resolução de 2.960 x 1.848 pixels, em atualização de 120 Hz e com um pequeno notch no topo, muito menor do que o utilizado pela Apple nos MacBooks mais recentes. Você ignora o espaço dele com facilidade por aqui.

As cores, o contraste e a imersão quando você une esse componente com os alto-falantes, são impressionantes. O brilho é alto o suficiente até mesmo para uso externo ao meio dia.

Galaxy Tab S8 Ultra vira um PC, mas para a mesa

Já falei do tamanho enorme deste tablet e do posicionamento da câmera frontal, certo? Então, ele foca tanto em ser um notebook, que a Samsung posicionou pequenos conectores na parte inferior para você plugar um teclado externo que também serve como capa protetora para a tela.

Neste momento, o tablet aproxima ainda mais o uso de um computador tradicional. O teclado vem com touchpad bem espaçoso e as teclas são de digitação confortável. Eu só senti falta de iluminação individual, mas as letras em branco com o fundo preto ajudam no contraste para leitura até em ambientes mais escuros.

Tudo muito bem, muito bacana, mas o uso dele é para uma mesa de escritório ou da sua sala. O teclado acompanha uma capa para dar apoio traseiro e ele deixa todo o Galaxy Tab S8 Ultra bem instável se você utilizar o tablet no colo.

A sensação que tive foi de que ele cairia a qualquer momento, algo inexistente quando o gadget estava em uma mesa lisa. Nesse momento você pode abrir mão do teclado oficial da Samsung e utilizar mouse e teclado sem fios, que funcionam perfeitamente e te proporcionam uma economia generosa.

Para esse uso, de tablet como notebook que vai no colo, eu ainda prefiro um computador portátil tradicional ou então o teclado da Apple para os modelos de iPad mais recentes. Ele segura tudo, mesmo no apoiado nas pernas.

No uso, o Android ainda é limitado

Passando para o uso do tablet em si, temos aqui o Android 13 rodando a One UI 5.1 e a interface parece a do Galaxy S23, só que em uma tela gigantesca. É a mesma sensação que tenho em todo iPad – que é um iPhone esticado e sem tirar proveito do tamanho do display.

O problema é que enquanto quase todos os apps do iOS para iPad tiram proveito da tela grande, no Android a situação é bem diferente. Ou o programa fica todo fora de proporção, ou ele nem existe. A Samsung sabe desse problema, que foge de seus braços para resolver a situação e para isso ela criou o modo DeX.

Ele não é novidade e por aqui faz toda diferença no mundo. A ideia é trocar a interface para dedos por uma que fica bem próxima do Windows, Linux, macOS ou Chrome OS. Em outras palavras: o Galaxy Tab S8 Ultra deixa de ser um Galaxy S23 gigantesco para servir quem quer preencher as 14,6 polegadas com conteúdo.

No lugar de apps preenchendo toda a tela de forma obrigatória, agora você tem janelas flutuantes e que podem ser redimensionadas livremente. O modelo de testes veio com 16 GB de RAM e com isso tudo, o Snapdragon 8 Gen 1 sequer soluçou para manter múltiplos programas rodando ao mesmo tempo.

Trabalhar digitando um texto enquanto escuto um podcast é tão bom quanto no meu PC particular. O problema é que mesmo removendo muitas das limitações do Android, ainda estamos com o sistema operacional móvel do Google e que foi criado para celulares, esticado para tablets.

Você não tem a mesma liberdade de acessos que o Windows oferece, ou mesmo o Linux, Chrome OS ou macOS lidam. Só existe uma única porta USB-C, então você fica na mão se precisar carregar a bateria e acessar um pendrive ao mesmo tempo. A navegação do explorador de arquivos não é tão livre também.

Alguns apps são recarregados quando existem muitos deles abertos ao mesmo tempo, problema que eu não enfrento no meu computador que tem menos RAM. Tudo isso certamente vem do sistema operacional tentando lidar com um consumo energético que sobe, já que no calor o tamanho enorme do tablet já ajuda quando o assunto é resfriar os componentes – de forma passiva, pois não existe ventoinha.

Este seria um ponto pouco importante, não fosse o preço de todo o kit para transformar o Galaxy Tab S8 Ultra em um computador portátil. O tablet, no momento da publicação deste review, custa R$ 11,5 mil e você precisa pagar mais cerca de R$ 3 mil pelo teclado. Com isso o kit vai pesar R$ 14,5 mil na sua conta.

Este valor é maior do que o necessário para comprar um Dell XPS 13 Plus, o MacBook Air com chip M2 ou qualquer notebook vendido pela Samsung no Brasil. Levando em conta que o usuário não estará preso aos apps do Android em nenhuma dessas opções, ter a limitação do sistema operacional pesa bastante na hora da produtividade.

Veja bem: o Galaxy Tab S8 Ultra é incrível, mas quem freia ele é o Android, não a Samsung. A fabricante fez um trabalho fenomenal com o DeX e resolve muitos dos problemas, mas eles ainda existem. E nesse quesito, o de produtividade, o Windows e o macOS são muito mais completos e custam menos.

Galaxy Tab S8 Ultra: vale a pena?

Sim, mas apenas se dinheiro não for um problema para você. Também é importante ter em mente que nada que está disponível para Android te dará a mesma produtividade que você tem no Windows ou macOS. Não me entenda mal, o Galaxy Tab S8 Ultra é uma demonstração de tudo que a Samsung tem de melhor.

O hardware é impecável, qualquer coisa disponível para Android roda sem nenhuma dificuldade, ele tem até câmeras 4K apontadas para frente para ajudar nas chamadas de vídeo, mas o sistema operacional móvel do Google ainda é focado em celulares e isso cobra seu preço no final.

Se você quer um tablet excelente, o Galaxy Tab S8 Ultra será a melhor escolha. Superior até ao iPad em praticamente qualquer cenário. Se quiser um computador portátil extremamente leve e só vai trabalhar, sem uma tela de toque, pense em um Galaxy Book2, um Dell XPS 13 Plus ou um MacBook Air com chip M2. Todas essas são opções mais baratas e mais completas para esse uso.

Galaxy Tab S8 Ultra: ficha técnica

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