Desde seu lançamento, o Threads virou sensação. Ok que ele vem perdendo mais e mais usuários ativos, mas, mesmo assim, conseguiu atrair muitos criadores e influenciadores digitais que nunca foram muito afim de usar o Twitter.

Essas pessoas estão analisando se o Threads pode reforçar sua presença online e ajudá-los a alcançar maiores audiências. A nova rede social da Meta, contudo, ainda não tem diversos recursos importantes, que, segundo os criadores e influencers, podem auxiliá-los a obter mais seguidores do que os que possuem no Instagram.

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Será interessante ver se as pessoas podem ir do impulso inicial que tinham nos primeiros dias para um crescimento contínuo nos próximos meses.

Caspar Lee, youtuber

Testando a plataforma

Brian Moller, personalidade do rádio e comediante, está no Threads desde seu lançamento. Por lá, ele vem contando piadas e brincado com os usuários. Ele vem, nos últimos anos, construindo expansiva presença em mídias sociais, como TikTok, Instagram e YouTube, na condição de criador de curtas esquetes, caçoando da Geração Z e Millenials, bem como a maneira como eles se veem.

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Ele tem quase três milhões de seguidores em todas as redes sociais e plataformas de vídeo. O único app que ele nunca fez questão de usar é o Twitter. “A vibe era baixa”, Moller afirmou, sobre a recepção às suas piadas e posts sobre esquetes cômicas na rede de Elon Musk. “Não era a plataforma para isso.”

Fortes usuários do Instagram, como Moller, são a grande razão pela qual o Threads dominou o topo da lista dos apps mais baixados e, então, se tornou um dos aplicativos de consumo de crescimento mais rápido de todos os tempos, chegando a 100 milhões de usuários só na primeira semana.

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Twitter em baixa?

Com o Twitter em frangalhos por problemas técnicos e diversos comportamentos erráticos de Musk enquanto CEO da plataforma (há algumas semanas, ele nomeou Linda Yaccarino para ocupar o posto) que afastaram muitos antigos usuários leais, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, agarrou a oportunidade de despachar o rival de uma vez por todas enquanto este estava em baixa. O problema, contudo, é manter seus usuários novos.

Por que o Threads já surgiu grande?

  • A disparada meteórica do Threads se deu, em sua grande maioria, poque é muito fácil para usuários do Instagram criar contas na nova rede social e se conectar com quem já segue na rede de fotos;
  • Porém, o app mostra sinais de declínio em seu ímpeto, com as analistas online Sensor Tower e Similarweb acusando queda no engajamento;
  • No começo desta semana, a Meta lançou sua primeira grande atualização, incluindo recursos que facilitam achar seus seguidores e que traduzem postagens;
  • Ainda assim, o Threads peca em recursos-chave que poderiam ajudar aos criadores e influenciadores a construir suas audiências além de seus seguidores no Instagram, segundo Lee. Por exemplo, você só consegue usar a rede social via app – ainda não há versão web.

Moller está explorando como o Threads pode se tornar o serviço central para sua existência online e potencial forma de alcançar maior audiência. Ele espera que a rede social tenha força para manter-se ativa e que as pessoas sigam abrindo o app durante o dia para engajá-las com suas piadas e outras formas de entretenimento.

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O Threads é o garoto novo realmente bonito na classe que todos querem conversar. Portanto, durante as próximas semanas, eles devem descobrir se há algo mais para a rede.

Caspar Lee, youtuber

Funções faltantes

Atualmente, os usuários do Threads não conseguem pesquisar tópicos ou hashtags que representem assuntos do momento. A alimentação é algorítmica, baseada em quem um usuário segue e conteúdos recomendados pelo Instagram. Há sentimento de aleatoriedade e caos desorganizado para ele. Você não faz exatamente parte da conversa.

Há grande coisa no Twitter, TikTok e YouTube, que é você poder ir para um tópico, tendência, e poder ter várias pessoas te seguindo e consumindo seu conteúdo.

Caspar Lee, youtuber

Mais bacana que o Twitter?

O posicionamento dos executivos do Instagram sobre o Threads é de que ele é uma alternativa mais gentil ao Twitter, desencorajando papos sobre notícias e políticas, focando mais em conteúdos de estilo de vida e entretenimento.

Adam Mosseri, chefe do Instagram, disse que o Threads pode atender pessoas interessadas em tópicos, como moda, esportes, música e beleza e que nunca encontraram comunidades com esses assuntos no Twitter.

Conflitos são problema no Twitter, que é usado, por vezes, por grandes políticos para engrandecer suas visões e barrar as dos rivais.

Moller afirmou que ele entende que o Threads é mais acolhedor do que o Twitter e gosta de poder percorrer e postar sem ter que se envolver em argumentos em tempo real.

Uma das coisas que ele faz no Twitter é ler sobre esportes. Ainda assim, os comentários podem ser “tão argumentativos” que são desconcertantes, disse, adicionando ainda que a natureza combativa das discussões apenas aumentaram desde a aquisição do Twitter por Musk. Já o Threads, ao menos até agora, “não tem a mesma acidez”, opinou.

Para Marcel Floruss, influenciador de moda com mais de 580 mil seguidores no Instagram e mais de um milhões de inscritos no YouTube, argumenta que foi uma “jogada esperta” da Meta para tentar trazer usuários desiludidos do Twitter, bem como pessoas que largaram o app de vez.

Todavia, ele ainda tenta entender como o Threads pode ajudá-lo. Ele construiu sua carreira como influencer dando dicas e conselhos de moda, e ele nunca achou uma forma de “oferecer nenhum valor no Twitter”, que ele afirma ser mais voltado para notícias, eventos ao vivo e política.

Floruss indicou também que ele vai “brincar” com a nova rede social, mas ele não está pronto para transformá-la em prioridade, dado o tempo que ele gasta em outras redes e lugares. “O benefício em potencial é superado pela quantidade de trabalho que sinto que preciso colocar”, afirmou. E ele não é o único com essa abordagem cautelosa.

Chas Lacaillade, CEO da agência de talentos de influencers Bottle Rocket, disse que muitos de seus clientes criadores de conteúdo estão mantendo os pés no chão com o Threads até que o app mostre que pode ser um lugar que possa impulsionar suas carreiras.

Eles não estão indo de zero a 100 por hora nessa rede. É muito importante não descreditar o que você encontrou na pesquisa de algo que não foi provado ou é a onda do mês.

Chas Lacaillade, CEO da agência de talentos de influencers Bottle Rocket

Para Lacaillade, os criadores poderiam preferir gastar tempo aprofundando relações existentes do que trabalhar em novo serviço de mídia que poderia perder a força rapidamente.

Remuneração

Do jeito que está hoje, o Threads não tem como remunerar criadores e influencers. Não há anúncios, então, as marcas não buscam parceiros, e não está certo se a rede social poderá tornar-se um canal para ajudá-os a levar as pessoas a sites onde podem comprar mercadorias ou promover suas páginas-patrono.

Um porta-voz da Meta disse que a prioridade da empresa “é construir valor para o consumidor em primeiro lugar” para “explorar como construir valor comercial de forma que não comprometa a experiência do consumidor”.

O porta-voz também indicou as falas de Mosseri, descrevendo como o Instagram “focou totalmente em manter as luzes acesas e corrigir bugs, mas estamos começando a priorizar os recursos óbvios que faltam, como um feed ‘a seguir’, o botão de edição e a pesquisa de postagem”.

Por sua vez, os criadores dizem que o YouTube continua sendo a saída número um para influenciadores construírem carreiras duradouras.

Que outra plataforma fora do YouTube tem a capacidade de manter você ou qualquer espectador interessado por mais de 30 segundos? Você tem a atenção de pessoas que valem muito dinheiro para os anunciantes.

Marcel Floruss, influenciador de moda

Enquanto o Twitter luta com os anunciantes, ele tenta ganhar relevância entre os criadores. A empresa recentemente começou a pagar alguns usuários verificados quando anúncios são exibidos em suas conversas. Isso pode levar algumas pessoas a usar o Twitter em vez do Threads, disse Tameka Bazile, que trabalha com relações artísticas e marketing na Time.

Bazile observou que alguns usuários do Twitter postaram que receberam pagamentos de até US$ 35 mil (R$ 167,2 mil) e que poderia ser maneira atraente de atrair “micro-influenciadores” ou “nano-influenciadores”, que carecem de grandes audiências, mas estabeleceram algum reconhecimento de nome em certas comunidades. “A economia do criador está faminta por monetização regular”, afirmou.

Sasha Kaletsky, cofundadora e sócia-gerente da Creator Ventures, disse ser “quase impossível” que os recentes planos de pagamento de influenciadores do Twitter concorram com acordos de marca do Instagram ou YouTube.

Como no Threads, os criadores vão esperar para ver como o Twitter funciona para seus colegas antes de “passar muito mais tempo criando conteúdo lá”, disse Kaletsky.

O influenciador de marketing Jack Appleby disse que sua receita é derivada de mistura de patrocínios de marcas em plataformas, como Twitter e LinkedIn, e seu próprio boletim informativo, bem como de palestras. Para que o Threads se torne importante para os criadores, Appleby disse que o aplicativo precisa ter melhores análises para que eles possam medir o engajamento e provar às marcas que eles têm alcance.

Com informações de CNBC

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