Um novo medicamento voltado para o câncer retal localmente avançado está sendo chamado de resposta “sem precedentes” pelos pesquisadores, pois ele conseguiu erradicar, por completo, tumores de todos os 42 pacientes participantes do ensaio de Fase II da medicação.

Chamado de Jemperli (dostarlimab-gxly), ele já demonstrou, anteriormente, grande potencial na eliminação de cânceres com deficiência de reparo de incompatibilidade (dMMR, na sigla em inglês), que representam de 5% a 10% de cânceres colorretais.

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Finalizado o ensaio da Fase II, os 24 pacientes avaliados primeiro apresentaram “resposta clínica completa e sustentada”, ou seja, sem nenhuma evidência do câncer, após média de 26,3 meses (pouco mais de dois anos).

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Vírus combatendo câncer
Jemperli curou todos os pacientes testados (Imagem: Vitória Gomez via DALL-E/Olhar Digital)

Essas descobertas demonstram o potencial do dostarlimab-gxly como nova abordagem para o tratamento do câncer retal dMMR localmente avançado, que leva à regressão completa e durável do tumor sem necessidade de tratamento que altere a vida [do paciente]. Como médica, vi, em primeira mão, o impacto debilitante do tratamento padrão do câncer retal dMMR e estou entusiasmada com o potencial do dostarlimab-gxly nestes pacientes.

Dra. Andrea Cercek, pesquisadora e oncologista do Centro de Câncer Memorial Sloan Kettering (MSK)

Medicamento pode curar câncer retal?

  • Como explica o New Atlas, o Jemperli é um tratamento de primeira linha que se mostra bastante promissor;
  • Ele dispensa outros tipos de tratamento, como quimioterapia e radiação;
  • Todavia, ele é bem invasivo e afeta a qualidade de vida do paciente a longo prazo;
  • Em última análise, um terço dos pacientes verá a doença se tornar metástase e, no fim, terminal;
  • Os que são submetidos a cirurgias costumam sofrer consequências que dificultam a continuidade da vida do paciente, como disfunções intestinais, urinárias e sexuais, além de outros cânceres e infertilidade.

Queríamos ver se conseguiríamos fazer um tumor com a mutação MMR(d) retroceder e, eventualmente, desaparecer usando apenas imunoterapia para poupar os pacientes dessas consequências do tratamento padrão que alteram a vida.

Dr. Luis Diaz Jr

Diaz fez pesquisa experimental preliminar no ano passado e mostrou como essa droga era eficaz para combater o câncer.

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descoberta de nova molécula envolvida no câncer
Remédio foi aprovado pelo FDA no ano passado para auxiliar quimioterapia (Imagem gerada via DALL-E/Olhar Digital)

Diferenças da nova droga e da quimioterapia

Ao contrário da quimioterapia, o dostarlimab-gxly trata-se de anticorpo monoclonal bloqueador do receptor de morte programada-1 (PD-1). Ele entra no corpo e se liga às células T da proteína PD-1. Dessa forma, tais células são levadas a atacar as células cancerígenas.

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A droga ainda está em fase de testes em estágios iniciais, mas já foi alardeada como “droga milagrosa” para o tratamento bem-sucedido do câncer. Ela foi aprovada pelo FDA no ano passado para ser utilizada como tratamento complementar à quimioterapia para câncer endometrial.

A GSK é a empresa responsável pela fabricação do Jemperli e, agora, ela vai realizar estudos sobre outros tipos de câncer colorretal. A farmacêutica espera resultados similares.

Os dados que não mostram evidência de doença em 42 pacientes são notáveis. Esses resultados nos aproximam um passo da compreensão do potencial do dostarlimab-gxly neste cenário de intenção curativa para pacientes com câncer retal localmente avançado [dMMR]. Estamos ansiosos para avaliar o dostarlimab-gxly em certos tipos de câncer colorretal em nossos estudos de registro AZUR-1 e AZUR-2 em andamento.

Hesham Abdullah, vice-presidente sênior da GSK

Medicamento está sendo chamado de “milagroso” (Imagem: angellodeco/Shutterstock)

Em comunicado, a farmacêutica afirmou que os pacientes não apresentaram efeitos colaterais acima do grau três, sendo que a maioria deles apresentou reações adversas leves ou moderadas.

A GSK informou ainda que a segurança e a tolerância do medicamento são “consistentes com o perfil de segurança conhecido do agente”,

Os resultados dos exames de acompanhamento de longo prazo sobre o tratamento com a nova droga foram apresentados, esta semana, na reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO, na sigla em inglês), em Chicago (EUA).