A Estação Espacial Internacional (ISS) abrigou um dos experimentos mais inusitados já ocorridos em meio ao universo. Isto porque astronautas levaram aranhas para a Estação com o objetivo de observar seu comportamento em ambientes sem gravidade.

Os resultados da observação de dois meses foram publicados no começo deste mês na revista científica Science of Nature. Primeiro, devemos partir do pressuposto de que as teias tecidas pelas aranhas aqui na Terra são assimétricas. Igualmente, é preciso lembrar que para pegar uma presa, o inseto senta de ponta-cabeça para ir em direção à “comida”.

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Para o experimento, quatro aranhas Trichonephila clavipes foram envolvidas, sendo que duas permaneceram na Terra em situação exatamente igual às outra duas, que foram colocadas isoladas uma da outra em câmaras na ISS.

Da mesma maneira, três câmeras que tiravam foto a cada cinco minutos foram colocadas junto aos insetos, o que resultou em 14,5 mil imagens de todo o processo.

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Resultados do experimento

Em conclusão, as análises mostraram que, sem gravidade, a maioria das teias foi tecida simetricamente. No entanto, os pesquisadores destacam que, em dado momento, as aranhas começaram a se orientar pela luz instalada na câmara.

Dessa forma, começaram a tecer bem próximo à lâmpada, o que resultou em teias assimétricas, assim como as produzidas com gravidade. Os insetos também ficavam de ponta-cabeça com menos frequência.

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Nesse sentido, o estudo torna-se inovador, pois mostra que os aracnídeos possuem uma espécie de backup natural: mesmo sem nunca terem sido expostas à gravidade zero, as aranhas conseguem se adaptar e mostrar como sua evolução é única.

Além disso, os pesquisadores ressaltaram que a luz na câmara pode ter sido associada pelos insetos ao Sol, mostrando que este aspecto é muito mais importante para a espécie do que se pensava anteriormente.

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Experimento revelou que a luz é muito mais importante para aranhas do que se pensava. Créditos: Garmasheva Natalia/Shutterstock

“Parece surpreendente que as aranhas tenham um sistema de backup para orientação como esse, já que nunca foram expostas a um ambiente sem gravidade durante sua evolução”, comentou Samuel Zschokke, da Universidade de Basileia, na Suíça, e um dos principais autores do estudo. 

Zschokke também destacou que o senso de direção das aranhas pode ficar prejudicado na falta de gravidade, mas que a luz torna-se um importante aliado neste desafio.

História das aranhas no espaço

Mas não é a primeira vez que a Nasa tenta testar aranhas no universo. Em 2008, a agência queria inspirar estudantes dos Estados Unidos e decidiu levar os insetos à ISS. Na ocasião, duas espécies embarcaram na Estação em câmaras diferentes. Surpreendentemente, uma delas conseguiu fugir e entrou na câmara da colega, o que atrapalhou o desenvolvimento de ambas.

Logo depois, outro evento fez com que o experimento continuasse indo por água abaixo: as moscas levadas como alimento para os aracnídeos se multiplicaram mais do que o esperado. Por isso, em certo momento da experiência, as larvas das moscas tomaram conta da câmara e não era mais possível enxergar o que acontecia com as aranhas.

Pelo menos desta vez, apesar de imprevistos, o experimento deu certo e agora sabemos mais sobre algumas peculiaridades de aranhas e de testes feitos no universo.

Via: University of Basel