O que aconteceu há 15 anos? Era 2006 e de acordo com o zodíaco chinês, era o ano do cachorro. A Nasa lançou a sonda New Horizons e a Alemanha sediou a 18ª edição da Copa do Mundo Fifa.

De lá para cá, muito aconteceu, incluindo a chegada da sonda a Plutão e mais três edições do mundial. E muito também piorou. Em um período de 15 anos, entre 2005 e 2020, a quantidade de radiação solar captada na superfície da Terra e nos oceanos dobrou.

O nosso planeta está absorvendo uma quantidade “sem precedentes” de calor do Sol. As novas pesquisas mostram que a Terra está quebrando. O estudo, publicado na revista científica Geophysical Research Letters por cientistas da Nasa e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), é um sinal gritante.

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A Terra está seguindo rapidamente para fora dos limites que permitiram a prosperidade das civilizações. Basicamente, é como se o planeta tivesse um “orçamento”. Ele absorve determinada quantidade de energia do Sol e emite de volta um valor igual e oposto para o espaço. Mas a balança está cada vez mais desequilibrada.

Os cientistas investigaram esse desequilíbrio de energia. Atualmente, é de 0,3%, significando que o planeta absorve mais energia do que devolve ao espaço. Essa energia que fica precisa fazer algo. O resultado final é mais calor. Com certeza dá para perceber que o dia a dia está mais quente do que há 15 anos.

Para coletar os dados, os pesquisadores buscaram informações observadas por satélites que olham para o topo da atmosfera, para ver que tipo de energia vem e vai. Eles também utilizaram uma rede de flutuadores autônomos que reúnem dados na parte superior de 2 mil metros do oceano, onde 90% do calor é armazenado.

Os dois conjuntos de dados mostraram que a Terra quase dobrou a quantidade desse calor recebido desde 2005. A tendência negativa é confirmada, segundo os pesquisadores, porque as duas fontes de dados estão em concordância.

Planeta. Imagem: Triff/Shutterstock
A energia que chega do Sol não está sendo devolvida para o espaço. Imagem: Triff/Shutterstock

De acordo com o oceanógrafo do Laboratório Ambiental Marinho do Pacífico da NOAA e co-autor do estudo, Gregory Johnson, o calor é igual a lançar quatro bombas atômicas equivalentes àquela lançada em Hiroshima a cada segundo. As principais causas são as mudanças na cobertura de nuvens e na refletividade da superfície.

As nuvens são impactadas pela mudança climática e também por fenômenos naturais, como El Niño e a Oscilação Decadal do Pacífico. Já o aumento das temperaturas altera a refletividade da Terra, particularmente por causa do derretimento do gelo marinho do Ártico. Assim, águas mais escuras no oceano absorvem mais calor. O Dióxido de carbono e outras formas de poluição humana também contribuem para o desequilíbrio.

“As coisas em que as pessoas estão mais interessadas, como aumento da temperatura média global da superfície, aumento do nível do mar, mais extremos climáticos, etc, são todos sintomas de um desequilíbrio energético positivo, que por sua vez é uma consequência do aumento dos gases de efeito estufa como o carbono dióxido e metano”, explicou Norman Loeb, pesquisador do Langley Research Center da Nasa, que liderou o estudo.

Via: Gizmodo

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