Após o bem-sucedido passeio até a órbita da Terra, a bordo da nave New Shepard, da Blue Origin, realizado em 20 de julho, Jeff Bezos poderia acumular mais uma entre suas diversas atribuições: o de astronauta. Entretanto, no que depender das entidades autorizadas a conceder este título aos cidadãos, essa designação ele não tem. 

Imagem mostra Jeff Bezos, vestindo roupa de astronauta e um chapéu de caubói, abraçando Wally Funk, a pessoa mais velha a ir para o espaço, durante coletiva de imprensa da Blue Origin
Jeff Bezos e Wally Funk. Ele não pode ser considerado astronauta, pelas novas regras da FAA. Imagem: Blue Origin/Reprodução

Além da Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), outras duas agências governamentais dos EUA estão autorizadas a conferir o título de astronauta: o Departamento de Defesa e a agência espacial, Nasa. Estas duas atribuem esse status apenas a seus próprios funcionários, portanto, para ser considerado um astronauta, Bezos deve atender aos critérios definidos pela terceira organização.

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Acontece que a FAA mudou os critérios pelos quais uma pessoa pode se tornar oficialmente um astronauta. E um pequeno detalhe: essa reformulação aconteceu exatamente no mesmo dia do embarque de Bezos.

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Especificamente, as atualizações dizem respeito ao Programa de Asas de Astronauta Espacial Comercial da FAA e aos critérios usados ​​para premiar aqueles que comandam, pilotam ou trabalham em espaçonaves com financiamento privado com as “asas de astronauta”.

Não basta ser um turista espacial para ser astronauta

As diretrizes determinam que os candidatos precisam voar mais de 80 km acima da superfície da Terra para se qualificar, e Bezos realmente ultrapassou essa barreira, passando até dos 100 km. 

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Todavia, não basta ser um “turista espacial” para adquirir esse status. Um candidato ao título de astronauta deve passar por um treinamento certificado pelo departamento e “demonstrar durante o voo ações que são importantes para a segurança pública ou contribuem para a segurança espacial humana”. Além disso, a pessoa deve ser designada para a tripulação a realizar certas tarefas durante o voo, não sendo apenas um passageiro comum.

Como a New Shepard era totalmente autônoma, não havia ninguém responsável por pilotá-la, nem ninguém realmente realizando quaisquer tarefas que fossem essenciais para a “segurança pública” da tripulação. 

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Uma astronauta a bordo da nave de Jeff Bezos?

Soma-se a isso o fato de que os outros que se juntaram a Bezos nem mesmo se qualificam como membros da “tripulação” da espaçonave, já que a FAA define isso como funcionários ou contratados associados a uma empresa envolvida no lançamento da espaçonave.

Wally Funk, a pessoa mais velha a ir ao espaço, é a única da tripulação que pode receber o título de astronauta. Imagem: Getty Images/Joe Raedle — via Forbes

Notavelmente, o documento também afirma que os indivíduos que demonstraram “contribuições ou serviços passados para a indústria de voos espaciais comerciais não precisam cumprir todos os requisitos para obter o título de astronauta”.

Disso se conclui que Wally Funk, de 82 anos, que estava no mesmo voo, pode receber o título de astronauta. Isso porque, nos anos 60, ela participou do programa Mercury 13, que embora não sancionado pela Nasa visava demonstrar que as mulheres eram capazes de passar pelo mesmo treinamento rigoroso que os 7 homens selecionados para o programa Mercury.

Se algo pode confortar o excêntrico bilionário de chapéu de cowboy é o fato de que, segundo esses critérios, Richard Branson, da concorrente Virgin Galactic, também fica de fora do hall dos astronautas.

Com informações da Gizmodo.

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