Durante um verão extremamente quente, autoridades e pesquisadores gregos estão pensando em nomear ondas de calor individuais para ajudar a manter as pessoas seguras quando as temperaturas subirem. A ideia, semelhante ao processo para grandes tempestades, é parte de um esforço internacional de contenção de danos causados pelo calor excessivo.

“As ondas de calor causam muitas mortes; elas não fazem barulho e podem não ser visíveis, mas são um assassino silencioso”, disse Kostas Lagouvardos, diretor de pesquisa do Observatório Nacional de Atenas, ao The Observer, um jornal inglês publicado pelo Guardian Media Group. “Acreditamos que as pessoas estarão mais preparadas para enfrentar um evento climático que se aproxima quando o evento tiver um nome”.

ondas de calor na Grécia
Autoridades e cientistas acreditam que dar nomes às ondas de calor na Grécia podem ajudar a conter os danos causados pelo fenômeno. Imagem: Alexandros Michailidis — Shutterstock

Milhões de mortes provocadas pelas ondas de calor poderiam ser evitadas, dizem os cientistas

De acordo com a publicação, estudo recente aponta que o calor extremo mata 5 milhões de pessoas por ano em todo o mundo. Pesquisadores afirmam que muitas dessas mortes poderiam ser evitadas incentivando as pessoas a se prepararem e a encontrarem abrigo contra o calor, além de motivá-las a construírem moradias mais resistentes às altas temperaturas.

Segundo o estudo, a esperança é de que os nomes oficiais possam impedir que eventos de calor extremo alcancem as pessoas e possam fazer da preparação para desastres provocados pelas temperaturas elevadas uma prioridade mais urgente.

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incêndios florestais Grécia
Fortes ondas de calor provocam incêndios florestais devastadores na Grécia. Imagem: Alexandros Michailidis — Shutterstock

A Grécia foi assolada por repetidas ondas de calor neste verão do hemisfério norte, que também provocaram incêndios florestais devastadores. A pior onda de calor a atingir o país em várias décadas chegou em agosto, quando as temperaturas atingiram o recorde de 46,3 ºC.

Mesmo em circunstâncias normais, a cidade de Atenas é a capital mais quente da Europa continental. 

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Prática de dar nomes a tempestades surgiu nos anos de 1950

Em julho, a ex-vice-prefeita Eleni Myrivili foi nomeada nova “diretora de aquecimento” da cidade, a primeira função desse tipo na Europa. Em uma entrevista recente ao The New York Times, Myrivilli disse que conversas estão em andamento para definir o nome de pessoas ou cidades para as ondas de calor.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial, a prática de dar às tempestades um nome humano começou na década de 1950, porque era mais fácil do que se referir a elas usando latitude e longitude. Assim, nomes como Sandy, Maria e Katrina são pensados ​​para tornar mais fácil emitir avisos para o público e obter cobertura de notícias sobre tempestades.

Estabelecer uma convenção de nomenclatura semelhante ao nível mundial para ondas de calor é a principal prioridade de uma nova Aliança de Resiliência ao Calor Extremo, criada no ano passado. Seus membros incluem, além da cidade de Atenas, dezenas de parceiros de outras cidades e instituições de caridade, como a Fundação Rockefeller e o Centro Global de Preparação para Desastres da Cruz Vermelha.

Se a aliança for bem-sucedida em seus objetivos, novos nomes para as ondas de calor também virão com uma classificação. Isso também é semelhante às tempestades tropicais, que recebem uma categoria de um a cinco, com base na velocidade do vento.

Idosos e crianças são mais vulneráveis; bairros negros e sem áreas verdes também

Classificar as ondas de calor pode ser “mais complicado”, afirma Lagouvardos, porque o risco pode depender da densidade populacional e das diferenças de temperatura de um lugar para outro. No entanto, temperaturas acima de 40ºC podem ser a referência para a necessidade de se nomear uma onda de calor, acredita o diretor de pesquisa.

Idosos, crianças e bairros da cidade com predominância de moradores negros e com pouca área verde são geralmente mais vulneráveis ​​a doenças relacionadas ao calor e à morte. Regiões com clima tipicamente mais frio também podem ser especialmente sensíveis porque as cidades e casas não foram construídas para suportar o calor, e os residentes não tiveram que se preparar para tais extremos no passado.

Quaisquer que sejam os planos que se concretizem na Grécia ou em outro lugar, as ondas de calor estão se tornando ameaças ainda mais graves ​​por causa do aquecimento global. Eventos de calor extremo já se tornaram mais comuns em grande parte do mundo, e mais ondas de calor recordes estão previstas para o futuro.

Via: The Verge

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