Funcionários da Blue Origin acham foguetes da empresa inseguros e não voariam neles

Flavia Correia01/10/2021 18h53, atualizada em 01/10/2021 20h04
Lançamento de um foguete New Sheapard, da Blue Origin
O foguete New Shepard será lançado nesta quarta-feira (31) pela Blue Origin, levando uma variedade de cargas científicas e educacionais para o espaço suborbital. Imagem: Blue Origin
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Imagine que você vai pegar um avião para viajar para qualquer destino, e funcionários da própria companhia dizem que não ousariam fazer o mesmo no seu lugar. Ou, você vai a uma concessionária comprar um carro, encontra alguém que trabalha na montadora e essa pessoa diz que o veículo não é seguro. É mais ou menos isso que está acontecendo com a Blue Origin.

Jeff Bezos
Funcionários e ex-funcionários assinam artigo dizendo que a empresa de Jeff Bezos não se preocupa com a segurança de seus foguetes. Imagem: Divulgação/Blue Origin

Segundo o site Futurism, um pequeno grupo de funcionários e ex-funcionários da empresa de voos espaciais de Jeff Bezos escreveu um artigo questionando o compromisso da companhia com a segurança.

Eles alegam que a rival da SpaceX tem uma cultura de segurança relapsa em torno de seus foguetes. Os problemas seriam tão graves que os autores dizem que não se sentiriam seguros pilotando um foguete Blue Origin, se tivessem a chance.

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“Muitos de nós passamos nossas carreiras sonhando em ajudar a lançar um foguete tripulado ao espaço e vê-lo pousar com segurança na Terra”, relatou o grupo. “Mas, quando Jeff Bezos voou para o espaço em julho, não compartilhamos sua alegria. Em vez disso, muitos de nós assistimos com uma sensação avassaladora de mal-estar. Alguns não suportaram nem assistir”.

Vale destacar que eles descrevem no artigo uma cultura de trabalho na qual equipes sobrecarregadas tiveram cada vez mais trabalho acumulado sem aumentos razoáveis ​​de pessoal ou orçamento, o que pode ser uma razão do descontentamento que levou à denúncia.

De qualquer forma, eles afirmam que a falta de regulamentações de segurança abrangentes para a indústria nascente de voos espaciais comerciais forçou a equipe a priorizar a velocidade em vez da segurança, aumentando as chances de problemas de proteção passarem despercebidos.

“A Blue Origin teve sorte de nada ter acontecido até agora”, disse um engenheiro que não quis se identificar. “Muitos dos autores desse artigo dizem que não voariam em um veículo Blue Origin. E não é de admirar – todos nós vimos com que frequência as equipes são esticadas além dos limites razoáveis”.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.