Além da Space Perspective, outra empresa norte-americana anunciou que levará turistas à estratosfera a bordo de um balão. Nesta segunda-feira (4) a World View Enterprises, com sede no Arizona, revelou que seus primeiros voos de turismo “espacial” estão planejados para o início de 2024.

Segundo o site Space, a empresa divulgou que a viagem básica vai durar de seis a oito horas e levará os passageiros a uma altitude de pelo menos 30 km, onde eles serão capazes de ver a curvatura da Terra em contraste com a escuridão do espaço.

Vale lembrar que 30 km é pouco menos de um terço da distância até o limite do espaço (a 100 km de altitude). Então, tecnicamente, se trata de um voo “estratosférico”, e não espacial. Uma da principais diferenças, do ponto de vista dos passageiros, é que eles não experimentarão nenhum período em gravidade zero.

A World View Enterprises planeja voos turísticos luxuosos de balão à beira do espaço. Imagem: World View Enterprises

No entanto, de acordo com a World View, a experiência geral durará cinco dias, em que o veículo passará ​​dentro e ao redor de locais de beleza natural e significado cultural e histórico.

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“A ambição do World View é mudar a conversa em torno do turismo espacial. Não é apenas um passeio; é muito maior e mais importante do que isso”, disse o presidente da empresa e CEO, Ryan Hartman, em comunicado. “Estamos redefinindo o turismo espacial para os participantes, passando horas no apogeu [o ponto mais alto de um voo], construindo memórias em torno de algumas das maravilhas mais magníficas da Terra”.

Quanto custará voar de balão até a estratosfera pela World View

A cápsula pressurizada da empresa, chamada Explorer, terá capacidade para oito passageiros. Cada assento é vendido por US$ 50 mil (aproximadamente, R$272,8 mil) – significativamente menos do que qualquer outra grande empresa de turismo espacial está cobrando. 

“E a jornada para a estratosfera será lenta e suave o suficiente para acomodar pessoas de diferentes idades e níveis de condicionamento físico”, informou a World View. “Ao projetar uma experiência de turismo espacial que seja mais acessível a mais pessoas, esperamos dar ao maior número possível de humanos a chance de ver nosso planeta de novas alturas sem precedentes”, disse Hartman. 

E a empresa já tem um cliente interessado em seu primeiro voo comercial tripulado. A organização sem fins lucrativos Space For Humanity comprou todos os assentos da missão de estreia e os preencherá com cidadãos que serão selecionados e treinados.

O Explorer é a segunda tentativa de ingresso da empresa no mercado de turismo espacial. Imagem: World View Enterprises

“Estamos muito entusiasmados em garantir a primeira cápsula comercial da World View”, disse Rachel Lyons, diretora executiva da Space for Humanity, no anúncio da empresa. “Nossa missão é expandir o acesso ao espaço para todos e, ao fazê-lo, apoiar a transformação dos líderes mais ambiciosos do mundo para que possam usar sua experiência no espaço para criar mudanças positivas aqui na Terra”, acrescentou Lyons, afirmando que este é um momento inovador para o turismo espacial.

O Explorer não é a primeira tentativa de incursão da World View no turismo espacial. Quase uma década atrás, a empresa anunciou planos para um sistema balão-cápsula chamado Voyager, que levaria as pessoas à estratosfera por US$ 75 mil por assento (cerca de R$409,2 mil na cotação de hoje).

Na época, a empresa anunciou que esperava colocar a Voyager em operação até 2016, o que não aconteceu. 

Depois, em 2019, dois dos cofundadores dissidentes da World View, Taber MacCallum e Jane Poynter, criaram a Space Perspective, que agora está desenvolvendo um sistema de cápsula-balão chamado Spaceship Neptune e espera iniciar voos comerciais para turistas à estratosfera também em 2024. O preço, no entanto, é bem mais alto do que o prometido pela concorrente: as passagens no veículo devem sair a US$125 mil cada (cerca de R$682 mil, atualmente).

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O plano do Explorer compartilha algumas semelhanças com o design da Voyager – por exemplo, subir com a ajuda de um balão gigante, mas pousar sob um parapente em solo. Diferentemente da espaçonave da Space Perspective, que não usará um parapente e retornará à Terra por meio de mergulhos no oceano.

Mas, de acordo com Hartman, o Explorer não é uma nova leitura da Voyager. “A coisa toda é diferente”, declarou.

Empresa promete turismo espacial em voos luxuosos 

Os primeiros voos operacionais do Explorer estão programados para decolar de Page, no Arizona, perto do Grand Canyon. Os clientes terão a chance de explorar as reservas Navajo e Hopi próximas, entre outras excursões, antes de se acomodar para voar alto acima do sistema de cânions mais famoso da Terra.

A World View planeja decolar em seis outros locais ao redor do mundo: Queensland, na Austrália (perto da Grande Barreira de Corais); Quênia; Noruega; Amazônia brasileira; Mongólia (perto da Grande Muralha da China) e Egito (perto do Complexo da Pirâmide de Gizé).

Segundo a empresa, a experiência de voo do Explorer será luxuosa. A cápsula contará com poltronas reclináveis, acesso de alta velocidade à Internet, câmeras voltadas para a Terra e telescópios de observação de estrelas, entre outras comodidades. 

Dois funcionários do World View viajarão em cada voo, um servindo como concierge e o outro como operador e guia turístico. Refeições e bebidas serão servidas, incluindo coquetéis especialmente elaborados. E, claro, haverá um banheiro a bordo.

Hartman informou que a World View ainda está desenvolvendo a cápsula Explorer, mas a empresa já realizou quatro voos com o balão gigante reservado para o projeto. Quando totalmente inflado, esse balão comporta 481.400 metros cúbicos de gás. 

Enquanto a cápsula e o parapente do Explorer serão reutilizáveis, os balões não, “mas cada um deles será reciclado após o voo em produtos que beneficiam as comunidades próximas ao local da decolagem”, disse Harman.

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