Quer iniciar na astronomia? O Olhar Espacial dá o caminho das pedras (ou das estrelas)

Por Flavia Correia, editado por Rafael Rigues 25/10/2021 08h31, atualizada em 25/10/2021 13h29
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Imagem: vchal - Shutterstock
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Na última sexta-feira (22), o Olhar Espacial recebeu Carlos Alberto Palhares, astrônomo amador do Observatório Zênite, em Monte Carmelo (MG). Graduado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) e mestre em Tecnologia da Informação pelo Centro Paula Souza, ele atua profissionalmente como técnico de TI na Universidade Federal de Uberlândia, onde tem um projeto de divulgação de astronomia.

Carlos Palhares (abaixo) e os apresentadores do Olhar Espacial Rafael Rigues (a esquerda) e Marcelo Zurita (à direita). Imagem: Captura de tela YouTube – Olhar Digital

Sob o comando de Rafael Rigues, editor de Ciência e Espaço do Olhar Digital, e do nosso colunista Marcelo Zurita, presidente da Associação Paraibana de Astronomia (APA) e diretor técnico da Rede Brasileira de Observação de Meteoros (Bramon), o Olhar Espacial é transmitido ao vivo, todas as sextas-feiras, às 21h, pelos nossos canais oficiais no YouTube, Facebook, Instagram, Twitter, LinkedIn e TikTok, e conta sempre com a participação dos espectadores, enviando suas perguntas, sugestões e críticas.

Palhares, que pratica astronomia amadora desde criança, quando conheceu as principais constelações brincando com um atlas e aprendeu a identificá-las no céu, revelou todo o processo pelo qual passou até se tornar uma das referências nacionais no assunto.

“Sou da geração do cometa Halley – ou da geração que se frustrou com o Halley”, brincou o entrevistado, fazendo referência à última passagem do corpo celeste (quase) visível da Terra. O fenômeno, muito divulgado na mídia na época e aguardado ansiosamente pelos espectadores, não correspondeu às expectativas, entrando para a história da astronomia como a aparição sob as piores condições registradas nos últimos 2 mil anos.  

De qualquer forma, o evento, entre outros valores científicos, serviu para levar muitas crianças e adolescentes daquela geração, como Palhares, a se apaixonarem pelo mundo astronômico. 

Quanto dinheiro é necessário para começar na astronomia?

Zurita abriu a entrevista com uma questão fundamental para todos aqueles que pretendem se aventurar na astronomia: dinheiro para investir. Aqui é importante salientar que a nomenclatura “amador”, no caso de Palhares e tantos outros, refere-se apenas ao fato de que eles não têm formação específica na área.

De acordo com Palhares, a princípio, o investimento necessário é praticamente zero. “Hoje, todo mundo tem um celular. Você pode instalar um aplicativo, aprender a reconhecer as constelações, alguns planetas e saber visualizá-los a olho nu. Então, quem quiser começar, pode fazer isso sem dinheiro nenhum”, afirmou.

“Agora, com um bom binóculo, a pessoa já vai ter uma gama maior de objetos a serem observados”, explicou o entrevistado. “Eu indico para todos que quiserem começar de forma mais séria, a adquirir um binóculo. Por meio desse instrumento, você consegue identificar as constelações do céu, centenas de aglomerados e o Catálogo Messier quase todo, por exemplo. E um binóculo eficiente, hoje em dia, está em torno de R$600 a R$700”, afirmou.

Ele destacou que a evolução tecnológica facilitou muito para aqueles que desejam iniciar no ramo. “Antigamente, usávamos os atlas. Hoje, com aplicativos e softwares, ficou tudo muito mais simples”.

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Por solicitação de Rigues, Palhares indicou o que um bom binóculo precisa ter para ajudar as pessoas a começar suas buscas no céu. “Não precisa de muita coisa”, afirmou o convidado, mostrando um dos seus. “Este, por exemplo, é 10 x 50. Isso significa que ele tem um zoom óptico com 10 vezes de aumento e uma lente objetiva de 50mm. Essa já é uma boa configuração para iniciantes”.

Ao utilizar um binóculo com esse perfil, o observador consegue enxergar as fases de Vênus, as luas galileanas de Júpiter, as crateras lunares, nebulosas e muitas outras maravilhas do Universo, de acordo com Palhares.

Comprar um telescópio e outros equipamentos mais caros requer cuidado

Segundo Palhares, a alta do dólar fez com que as ofertas de produtos para astronomia sofressem certa redução, com algumas lojas especializadas sendo fechadas. No entanto, ele afirma que o mercado de usados oferece bons produtos. 

Ainda assim, ressaltou: “Se você não sabe o que vai comprar, não compre. Pesquise, pergunte para conhecidos, frequente clubes de astronomia, vá a encontros onde você poderá experimentar equipamentos. E, só depois, decida”, aconselhou.

Ou seja, antes de partir para a etapa de adquirir um telescópio e outros equipamentos mais caros, é necessário cautela. Para isso, Palhares e os apresentadores se colocaram à disposição do público para orientá-los por meio das redes sociais.

Espectadores puderam visualizar o céu em tempo real

Aqueles que acompanharam o programa ao vivo foram presenteados com visões encantadoras do céu. Palhares compartilhou a tela de seu computador, por meio do qual um software captava imagens em tempo real de seu telescópio. 

Inicialmente, o instrumento estava apontado para o planeta Saturno, que aparecia de forma um pouco desfocada e tremida devido às condições atmosféricas da Terra no momento, que interferem diretamente nas observações.

Carlos Palhares compartilha a tela de seu computador, mostrando imagens ao vivo de Saturno. Imagem: Captura de tela YouTube – Olhar Digital

Outra situação que atrapalha as visualizações astronômicas é a poluição luminosa. “Quanto a isso, não temos muito o que fazer. Mas, dependendo do horário, a posição dos corpos no céu facilita e pode ajudar. Para Saturno, por exemplo, quanto mais tarde for, mais difícil vai ficando de se ver”, explica Palhares. 

O convidado mostrou também imagens do planeta feitas em outros momentos e deu uma verdadeira aula sobre suas características, além das melhores posições orbitais para os observadores conseguirem contemplá-lo com mais facilidade. 

Também foram analisadas imagens de Júpiter, suas luas e a Grande Mancha Vermelha. Além de mostrar fotos, o convidado posicionou seu telescópio para presentear os apresentadores e a audiência com imagens ao vivo do planeta e suas luas Ganimedes e Io. 

Aqui, o planeta Júpiter e duas de suas maiores luas, Ganimedes e Io. Imagem: Captura de tela YouTube – Olhar Digital

Por último, Palhares mostrou a nossa Lua, com detalhes impressionantes de algumas crateras e do limite entre a parte clara e o lado distante (ou “escuro”) do satélite, onde o relevo é visto com ainda mais nitidez.

Detalhes impressionantes das crateras lunares e do limite entre a parte clara e o lado oculto da Lua. Imagem: Captura de tela YouTube – Olhar Digital

Confira essa entrevista e as edições anteriores na playlist do Olhar Espacial no YouTube do Olhar Digital!

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

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Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital