Um relatório do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) aponta que a placa do Mercosul, adotada na identificação de veículos no Brasil, pode ser clonada. O estudo foi encomendado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Placas Veiculares (Anfapv) e obtido pelo UOL Carros.

Segundo o laudo realizado, basta uma câmera de celular com boa resolução, um aplicativo de tratamento de fotos e uma impressora para que o QR Code funcional de uma placa legítima seja reproduzido. Dessa forma, o item de segurança criado para dificultar fraudes pode acabar sendo usado para clonagem de veículos.

Para fazer a leitura do QR Code das placas, a pessoa precisa usar o aplicativo Vio, desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e disponível para Android e para iOS. A ferramenta é gratuita e qualquer pessoa pode fazer o download.

Placa fria para placa quente

A conclusão do estudo realizado pelo IPT é de que a impressão do QR Code através de uma cópia digital, com a aplicação de filtros simples, “possibilita a respectiva leitura através do aplicativo Vio, do Serpro”. Uma cópia digital do QR Code funcional de uma placa legítima reproduzido em uma chapa “fria” (que não tem cadastro no Departamento Estadual de Trânsito – Detran) permite a clonagem do par de placas a ser instalado em um veículo com características idênticas às do original.

publicidade

Esse tipo de fraude poderia ser constatado comparando o chassi presente no QR Code com o existente no próprio veículo, gravado em lugares como dentro da cabine, no lado do passageiro, na lateral metálica próxima ao banco. O número do chassi também pode ser encontrado no motor do carro e no próprio documento.

Se a checagem não for realizada, a clonagem pode passar despercebida, podendo gerar problemas como multas de trânsito para a pessoa errada. Além do chassi, o QR Code das placas Mercosul dá acesso a informações como modelo e marca, UF de jurisdição, ano de fabricação, cor do veículo, situação da placa (ativa ou não ativa), responsável pela estampagem e dados atuais do veículo.

QR Code é a ponto fraco?

O QR Code, versão bidimensional do código de barras composta de padrões de pixels em preto e branco, começou a ser introduzido nas placas Mercosul dos veículos em 2018. A placa foi adotada de forma definitiva em 2020 em todo o território brasileiro, servindo como substituição das placas modelo cinza, conforme a Resolução 780/2019 do Contran (Conselho Nacional de Trânsito). O código fica, normalmente, no canto superior esquerdo da placa, embaixo da tarja azul onde está escrito Mercosul.

A Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) afirma que “garante a segurança do QR Code” e diz que o relatório técnico do IPT “está em análise para que ajustes possam ser feitos”. Já o Serpro enviou posicionamento semelhante, acrescentando que “em uma fiscalização, o agente de trânsito, utilizando o aplicativo, será capaz de identificar que se trata de um veículo não registrado, comprovando a ocorrência de fraude”.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal.

Imagem: Vinicius R. Souza/Shutterstock

Leia mais:

Já assistiu aos nossos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!