A Força Aérea Brasileira (FAB) reduziu unilateralmente a encomenda de cargueiros militares KC-390 Millennium, oficializada em 2014 com a Embraer. Das 28 unidades inicialmente encomendadas, a quantidade diminuiu para 15 aviões, com uma redução em 25% do valor total dos contratos de compra das aeronaves.

Avião cargueiro militar KC-390 Millennium
Imagem: Divulgação/Força Aérea Brasileira

A decisão de redução unilateral da encomenda das aeronaves, segundo o Estadão, é justificada pela Aeronáutica por conta de não ter chegado a uma solução nas negociações iniciadas com a Embraer em abril deste ano. A FAB alega problemas na compra em sua totalidade em virtude de uma restrição orçamentária sobre programas estratégicos no atual governo.

A fabricante afirmou que buscará medidas legais cabíveis diante da decisão da FAB, relativas ao reequilíbrio econômico e financeiro dos contratos. Além disso, a Embraer avaliará os efeitos do ocorrido em seus negócios e resultados.

Os 28 aviões seriam comprados por R$ 7,2 bilhões (cerca de R$ 11 bilhões hoje, corrigidos pela inflação, de acordo com a Folha). As ações da empresa aparecem em forte queda na Bolsa de Valores na tarde de hoje (12/11), de 6,96%.

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Comandante da Aeronáutica vê ingratidão

Carlos de Almeida Baptista Junior, comandante e brigadeiro da Aeronáutica, diz que as conversas chegaram a uma data limite nesta quinta-feira (11/11), com a Embraer informando a não aceitação da proposta da FAB. Baptista Junior afirmou que a decisão unilateral ocorreu por responsabilidade da empresa.

O comandante compartilhou no Twitter sua insatisfação, publicada oficialmente no site da FAB. O texto, intitulado “FAB e Embraer: caminhos futuros em prol de interesses convergentes?”, aponta para um certo incômodo dos militares com relação a uma “ingratidão” da Embraer, dada a relação íntima entre seus programas de sucesso e a FAB.

No documento, Batista Junior afirma ser “testemunha do esforço conjunto dos sucessivos governos, ministros e comandantes da Aeronáutica na priorização dada ao processo de desenvolvimento da empresa, o que repetidamente foi feito com os recursos orçamentários alocados à FAB”.

KC-390 atuando no combate à Covid-19 no Brasil

O comandante também faz elogios às aeronaves, que têm-se mostrado “como um produto versátil, confiável e que atende[sic] aos requisitos para os quais foi desenvolvido, como pudemos verificar pelo seu emprego em atendimento às ações de combate à pandemia da Covid-19”.

militares ao lado de um cargueiro
Imagem: Divulgação/Força Aérea Brasileira

Porém, a nota oficial segue, dizendo que “no intuito de resguardar o interesse público”, a FAB iniciará, dentro dos limites previstos na lei, os procedimentos para a redução unilateral dos contratos de produção dos cargueiros militares KC-390, “fato inédito e indesejável nessa importante e cinquentenária relação”.

A Embraer foi fundada no ano de 1969, como uma sociedade de economia mista vinculada ao Ministério da Aeronáutica. Em 1994, durante o governo Itamar Franco, a empresa foi leiloada e privatizada, passando por um longo processo de reestruturação.

Quatro cargueiros militares da Embraer já foram entregues à FAB e têm trabalhado no atendimento às ações de combate à pandemia. O KC-390 também foi comprado recentemente pela Hungria, com entregas previstas para 2024. No mês passado, pilotos da Força Aérea Portuguesa iniciaram voos no cargueiro militar em Goiás (o país adquiriu cinco aeronaves KC-390 Millennium em 2019).

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