Dois importantes veículos de imprensa israelenses sofreram um ataque hacker na manhã desta segunda-feira, 03 de janeiro, com uma mensagem ameaçadora, aparentemente ligada ao assassinato de Qasem Soleimani. O ataque ocorre em meio a ameaças de vingança feitas pelo presidente do Irã, Ebrahim Raisi, aos ex-presidentes dos Estados Unidos (incluindo Donald Trump), apontados por ele como responsáveis pela morte do general iraniano no início de 2020 em Bagdá, capital do Iraque.

O site do jornal inglês Jerusalem Post (JPost), um dos maiores jornais de Israel, e a conta no Twitter do jornal diário israelense Maariv, no idioma hebraico, foram tomados com a imagem de um punho fechado para baixo, com um anel em um dos dedos. Do anel, era disparado um projétil em direção a uma cúpula explodida, representando o que seria uma instalação nuclear israelense sendo destruída.

Imagem usada no ataque hacker nos veículos de imprensa israelenses
Imagem: Reprodução/Jerusalem Post

“Estamos perto de você onde você nem imagina”, dizia o texto em inglês e hebraico abaixo do punho. De acordo com o JPost, o hack durou algumas horas e não está claro se os cibercriminosos eram do Irã, de apoiadores de fora do país ou se eram patrocinados pelo governo iraniano. O tweet com a foto na conta do jornal Maariv foi removido.

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Ataque hacker pode ter sido programado para coincidir com negociações nucleares

O ataque hacker ocorre exatamente dois anos após o ataque de drones norte-americanos em Bagdá que matou Soleimani. Os EUA disseram na época que o militar iraniano – que costumava ser visto usando um anel com uma pedra vermelha – planejava uma ação iminente contra os norte-americanos no Iraque.

O general iraniano chefiava a Força Quds, o braço de operações estrangeiras da Guarda Revolucionária do Irã. Segundo informações da NBC News, autoridades israelenses ajudaram a operação dos Estados Unidos.

O Irã e os grupos aliados ao país no Iraque estão celebrando eventos para homenagear Soleimani. Hoje, o presidente Raisi disse em um discurso televisionado que, se Trump e o ex-secretário de Estado, Mike Pompeo, não forem julgados por um tribunal justo pelo assassinato do general, “os muçulmanos irão fazer a vingança do nosso mártir”.

Uma publicação de hoje no JPost traz que, segundo um ex-oficial cibernético das Forças de Defesa de Israel, o ataque hacker também foi programado para coincidir com as negociações nucleares em andamento em Viena. Tais negociações buscam encontrar uma maneira de restaurar o acordo nuclear com o Irã, que o governo dos EUA abandonou quando Trump era presidente.

Hackers do Oriente Médio travam um vai e vem digital

Esta não é a primeira vez que o JPost foi alvo de hackers pró-iranianos. Em maio de 2020, hackers favoráveis ao Irã substituíram a página inicial do site por uma ilustração de Tel Aviv queimando. Também aparecia na imagem o então primeiro-ministro Benjamin Netanyahu nadando em busca de um colete salva-vidas com as palavras “esteja pronto para uma grande surpresa”. Vários outros sites israelenses também foram alvos de ataques.

O CyberScoop lembra que hackers no Oriente Médio estão envolvidos em um vai e vem digital que vem afetando organizações civis em Israel e no Irã. Em outubro, as bombas de gasolina em todo o Irã foram desligadas após uma aparente violação. Enquanto isso, grupos de invasores têm como alvo empresas privadas baseadas em Israel, ameaçando expor informações pessoais confidenciais.

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