As principais companhias aéreas dos EUA estão em alerta para uma nova crise que pode afetar a segurança dos aviões. O motivo? O avanço da tecnologia 5G no país.

Previsto para começar a operar nesta quarta-feira (19), após um atraso de semanas, o vilão da vez é a banda C da tecnologia mais recente de rede móvel. Segundo as empresas, a novidade pode influenciar no funcionamento e até inutilizar várias aeronaves, promovendo um cenário caótico para os voos em território americano.  

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Raiz do problema

Tudo começou no início do ano passado, quando os EUA decidiram leiloar uma nova banda 5G de médio alcance, a banda C. As empresas de telecomunicações investiram alto na ideia, cerca de US$ 80 bilhões (R$ 441 bilhões na cotação atual).

O problema ganhou força após a Administração Federal de Aviação (FAA) alertar que a nova tecnologia pode interferir em instrumentos de aviação como os altímetros, que basicamente informam a distância do avião ao solo. O equipamento opera em uma faixa de frequência muito próxima da banda C.

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Os dados do altímetro, segundo o órgão, também são usados para facilitar pousos totalmente automatizados e ajudar a detectar correntes de vento. Justamente por isso, o leilão da banda de médio alcance reforçou a preocupação do setor aéreo com possíveis interferências.

Entenda por que o 5G pode representar uma ameaça à segurança dos aviões
A banda C do 5G pode influenciar no funcionamento e até inutilizar aeronaves, segundo a FAA. Imagem: frank_peters/Shutterstock

Para tentar contornar o problema, o CEO da United Airlines, Scott Kirby, disse em dezembro que as novas regras da FAA referentes ao 5G vão proibir o uso de altímetros que funcionam via rádio nos 40 maiores aeroportos dos EUA. O que, de acordo com as companhias aéreas, pode interromper até 4% dos voos diários do país.

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Kirby também declarou que se a questão não for resolvida o quanto antes, pode gerar acidentes em caso de mau tempo, por exemplo, em que o piloto poderia realizar apenas abordagens visuais em caso de interferências no funcionamento do altímetro.

O que dizem as operadoras de telefonia móvel

Dentre os argumentos das operadoras, como as gigantes AT&T e Verizon, está o fato da banda C do 5G já ter sido implantada com sucesso em cerca de 40 países, sem causar nenhum problema nos aviões.

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Ainda assim, para reduzir os riscos, ficou estabelecido que as empresas vão “enfraquecer” o sinal das redes 5G em cerca de 50 aeroportos americanos por seis meses.

Veja também

Porque nenhum problema relacionado ao 5G foi registrado em outros países?

Na União Europeia, por exemplo, já existem regras desde 2019 para regular o funcionamento das frequências 5G de médio porte. Em muitos dos 27 países do bloco, a largura de banda está em uso até agora sem gerar problemas.

A Agência Europeia para a Segurança da Aviação (EASA), disse em dezembro que a questão era específica do espaço aéreo americano. “Nenhum risco de interferência insegura foi identificado na Europa”, afirmou o órgão.

Na Coreia do Sul, também não houve relato de interferência com ondas de rádio desde o início da comercialização do 5G, que começou em abril de 2019.

O CTIA, um grupo que representa a indústria de tecnologias sem fio dos EUA, se apoia nesses argumentos para defender o avanço do 5G no país. “As operadoras de quase 40 países da Europa e da Ásia usam a banda C para o 5G sem efeitos relatados em altímetros de rádio”, relatou o grupo ao FCC (Comissão Federal de Comunicações).

Para a FAA, alguns motivos ajudam a explicar o sucesso da implantação do 5G na UE. O espectro usado na França (3,6-3,8 GHz), por exemplo, fica mais distante das frequências usadas pelos altímetros nos EUA (4,2-4,4 GHz), o que diminui o risco de interferência. O nível de potência de sinal da tecnologia no país também é muito menor do que o autorizado em solo americano.

Por fim, no Brasil também já foi confirmado no início de janeiro que a Anatel e Embraer vão testar se a rede móvel 5G pode atrapalhar a operação dos aviões. Até o momento, ainda não há data definida para o início do estudo por aqui, o que se sabe, é que as avaliações não devem interferir no cronograma de implementação do 5G, previsto para começar até o fim do primeiro semestre de 2022.

Com informações da Reuters.

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