O FBI confirmou a compra de uma licença da poderosa ferramenta de spyware Pegasus, criada pelo NSO Group, grupo de ciberinteligência de Israel. Segundo a agência norte-americana, o movimento se deu para “ficar a par das tecnologias emergentes e do comércio”.

Em tese, a ideia por trás do software israelense era facilitar o rastreamento de criminosos e ciberterroristas. Entretanto, na prática, o Pegasus tem sido usado de forma abusiva em diversos lugares do mundo para perseguição de jornalistas, ativistas de direitos humanos e opositores de regimes políticos. O spyware é capaz de infectar silenciosamente telefones e acessar feeds de câmeras e microfones, contatos, arquivos e muito mais.

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O FBI disse que obteve uma licença limitada da empresa israelense “apenas para teste e avaliação de produtos”. Porém, surgiram dúvidas sobre a necessidade da principal agência de aplicação da lei dos Estados Unidos pagar pelo acesso a uma ferramenta de vigilância notória, amplamente pesquisada por especialistas cibernéticos.

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Milhões de dólares na compra da licença do Pegasus

Ron Deibert, diretor do Citizen Lab, departamento canadense de segurança cibernética da Universidade de Toronto, mostra preocupação. “Gastar milhões de dólares para encher os bolsos de uma empresa que é amplamente conhecida por facilitar em série abusos generalizados de direitos humanos, possíveis atos criminosos e operações que ameaçam a própria segurança nacional dos EUA é definitivamente preocupante”.

Na quarta-feira (02/02), o jornal britânico The Guardian citou uma fonte familiarizada com o acordo, dizendo que o FBI pagou US$ 5 milhões para uma licença de um ano de uso do Pegasus (cerca de R$ 26,5 milhões, para termos uma ideia). Depois, mais US$ 4 milhões foram gastos pela agência para renovar a licença (algo acima dos R$ 21 milhões).

“No mínimo, isso parece uma maneira terrivelmente contraproducente, irresponsável e mal concebida” de acompanhar a tecnologia de vigilância, acrescentou Deibert. O Citizen Lab já expôs dezenas de hacks do Pegasus, desde 2016.

FBI diz que nunca usou o spyware para espionar

A agência norte-americana insiste que o spyware nunca foi usado “em apoio a qualquer investigação”. Porém, um relatório do The Washington Post diz que houve pelo menos discussões dentro do FBI e do Departamento de Justiça (DoJ) dos EUA sobre como a agência poderia implantar um “outro” spyware, chamado Phantom. De acordo com um ex-funcionário do NSO Group, Phantom é apenas uma marca do “mesmo Pegasus”, mas para o território norte-americano.

Em novembro, o Departamento de Comércio dos EUA colocou o NSO Group na lista negra, impedindo-o de acessar a tecnologia do país. A Apple posteriormente processou a empresa israelense, chamando-a de “mercenários amorais do século 21”. O grupo de Israel disse que o Pegasus está programado para não segmentar telefones com o código de país +1 (dos EUA), mas cidadãos norte-americanos que moram no exterior estão entre suas vítimas.

Dentre a gama de pessoas hackeadas com o Pegasus, há diplomatas dos EUA baseados em Uganda, jornalistas mexicanos e sauditas, membros importantes da oposição da Polônia, a ex-mulher do governante de Dubai e seus advogados britânicos, ativistas de direitos humanos palestinos e diplomatas finlandeses.

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Via SecurityWeek