Estudo “quebra estrelas” para saber quais nasceram na Via Láctea

Por Flavia Correia, editado por Rafael Rigues 24/02/2022 15h16, atualizada em 25/02/2022 16h00
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Imagem: KDdesignphoto - Shutterstock
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Cientistas da Universidade Nacional Australiana (ANU), na capital Camberra, publicaram um novo estudo na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society sobre a origem e a composição química da Via Láctea. 

Nessa nova abordagem, os pesquisadores “quebraram a luz” de 600 mil estrelas em espectros, para verificar sua composição química. Ao fazer isso, eles puderam revelar quais grupos de estrelas nasceram na nossa galáxia e quais são intrusas com outras origens.

“A Via Láctea devorou muitas galáxias menores, mas, até recentemente, não tínhamos evidências suficientes disso para dizer com certeza”, disse Sven Buder, astrofísico da ANU e principal autor do estudo. “Isso porque em imagens simples as estrelas em nossa Via Láctea parecem iguais – não importa se elas nasceram dentro da galáxia ou vieram de fora e depois se misturaram”.

Astrofísicos australianos separaram as estrelas antigas das novas estrelas da Via Láctea para entender a composição química da galáxia.
Imagem: DW2630 / Shutterstock (editada)

Missão Gaia, da ESA, forneceu os dados da pesquisa

Foram coletados dados da missão Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), que mostraram os padrões de movimento das estrelas e indicaram que há muitas populações de estrelas na Via Láctea que não nasceram nela. Esses dados também mostraram que alguns grupos de estrelas se movem em direções diferentes das demais, sugerindo que eles poderiam ter chegado de fora da galáxia.

Buder e sua equipe usaram o Telescópio Anglo-Australiano (AAT), um telescópio óptico de 3,9 metros no Observatório Astronômico Australiano, em Sydney, para dividir a luz dessas estrelas em um espectro de cores individuais. 

Ao estudar esses espectros coloridos, os cientistas podem ver as diferentes composições químicas das estrelas observadas. “Ao ‘digitalizar’ esses códigos de barras estelares, medimos o quão abundantes eram 30 elementos, como sódio, ferro, magnésio e manganês, e como eles apareciam em diferentes concentrações dependendo de onde a estrela nasceu”, disse Buder.

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Cor das estrelas originais da Via Láctea é diferente

Segundo o estudo, as estrelas originais da Via Láctea parecem mais verdes, enquanto as de fora brilham em tons mais amarelos. Para os astrônomos, entender as origens das populações estelares na Via Láctea pode ajudar a resolver mais mistérios da estrutura e composição da galáxia.

Outra teoria defendida nesse estudo é a de que as colisões cataclísmicas que alguns bilhões de anos atrás misturaram a nova Via Láctea com outras galáxias podem ter “empurrado” estrelas de tal maneira que ainda podemos ver hoje.

Os astrônomos sabem que na faixa da nossa galáxia que é visível no céu noturno da Terra, estrelas mais velhas são separadas das mais jovens, mas ainda não descobriram o porquê.

“Quando olhamos a Via Láctea, estamos olhando para duas populações de estrelas, uma muito mais velha que a outra”, disse Buder. “As estrelas antigas se moveram para que elas pareçam sair do plano principal da Via Láctea, enquanto as estrelas mais jovens formam uma banda muito mais fina”.

Ele acrescentou que colisões galácticas passadas podem ter sido a causa pela qual esses dois grupos de estrelas estão separados desta forma. “Embora a Via Láctea seja nossa galáxia natal, ainda não entendemos como ela se formou e evoluiu”, disse o cientista.

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Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.

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Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital