O vulcão submarino Hunga Tonga-Hunga Ha’apai, cuja erupção ocorreu em janeiro de 2022, quebrou dois recordes simultaneamente no ato de sua explosão: segundo imagens do NASA Earth Observatory, a explosão criou a mais alta coluna de fumaça (pluma) já capturada em satélite, além de gerar a maior quantidade de relâmpagos em uma mesma tempestade – 590 mil ao longo de três dias.

“A combinação do calor vulcânico e a quantidade de umidade superaquecida do oceano fez dessa uma erupção sem precedentes”, disse Kristopher Bedka, cientista atmosférico do Centro de Pesquisa da NASA em Langley, em um comunicado da agência. “A pluma foi 2,5 vezes mais alta que qualquer tempestade que nós já observamos, e a erupção em si gerou uma incrível quantidade de relâmpagos”.

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A explosão do vulcão em Tonga foi capturada por satélites no espaço
A explosão do vulcão em Tonga foi capturada por satélites no espaço (Imagem: NOAA/Reprodução)

O vulcão fica localizado a mais ou menos 65 quilômetros (km) de Nuku’alofa, capital de Tonga, e é parte do chamado “arco vulcânico de Tonga-Kermadec”, um corredor submarino de vulcões na região oeste da placa tectônica do Oceano Pacífico. Em outras palavras, é uma região bastante instável.

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Segundo a revista Nature e a Reuters, a erupção começou em 13 de janeiro, quando explosões sob a água atingiram a superfície, desencadeando relâmpagos e tempestades elétricas. Dois dias depois, o magma do vulcão subiu, misturando-se à água salgada logo acima, iniciando uma série de explosões que, eventualmente, cruzaram a superfície do mar.

Normalmente, um vulcão submarino não lança uma pluma de fumaça tão notável, mas essa erupção foi uma exceção: observada por dois satélites – o GOES-17 (NOAA) e Himawari-8 (JAXA) – a coluna de fumaça, segundo análise dos cientistas, subiu 58 km, atravessando com folga a mesosfera – a terceira camada da atmosfera da Terra. Mais além, uma segunda explosão mandou outra pluma a 50 km.

O tamanho da coluna atribuiu ao vulcão submarino Hunga Tonga-Hunga Ha’apai o recorde de maior pluma já disparada em uma erupção, superando sem dificuldades a marca anterior, feita pelo Monte Pinatubo, nas Filipinas, em 1991 (35 km).

Imagem mostra um carro em Tonga, coberto por cinzas de erupção vulcânica
Na capital de Tonga, Nuku’alofa, um “lençol” de cinzas expelidas pela erupção de vulcão submarino cobriu a cidade quase que por completo (Imagem: Consulado do Reino Polinésio de Tonga/Reprodução)

Apesar da pluma ter se transformado completamente em gás ao atingir a mesosfera, as camadas inferiores ainda tiveram que lidar com a sua consistência mais sólida – cinzas -, que se espalhou por cerca de 157 mil km². Em termos práticos, efeitos disso foram sentidos globalmente: não só a onda de som da explosão foi ouvida até mesmo por smartphones comuns (cientistas falam nela tendo viajado ao redor da Terra duas vezes), mas alterações visuais foram identificadas até no Brasil, sobretudo no pôr do Sol.

A destruição causada foi imensa: a região de ilhas sobre a posição do vulcão foi praticamente varrida do mapa, ao passo que um cabo oceânico de fibra óptica foi partido, deixando Tonga sem comunicação com o mundo por alguns dias. Mais além, imagens do consulado da nação insular mostram que, na capital Nuku’alofa, um “lençol” de cinzas se acumulou por toda a cidade.

Isso sem falar nos relâmpagos: nas primeiras horas, segundo o meteorologista Chris Vagasky, foram detectadas 400 mil descargas elétricas onde, de acordo com ele e seu time, mais de 55% atingiram o solo ou o oceano – 1,3 mil desses relâmpagos atingiram Tongatapu, a principal ilha de Tonga.

“O percentual de relâmpagos classificados como ‘da-nuvem-ao-chão’ foi mais alto do que se normalmente vê em uma típica tempestade elétrica, e maior do que o normal para uma erupção vulcânica, então isso levanta algumas perguntas bem interessantes para pesquisas”, disse Vagasky à Reuters.

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