Os EUA estão mediando uma transferência de tanques soviéticos T-72 dos estoques dos países da OTAN para a Ucrânia. Tal movimento pode significar uma escalada nas transferências de armas para o país em meio aos conflitos que enfrenta há seis semanas com a Rússia.

Esta é uma resposta da administração Biden para um pedido de Volodymyr Zelensky. O presidente ucraniano havia pedido aos aliados da OTAN o fornecimento de tanques e aviões – além do armamento antitanque e antiaéreo que se tornou um item básico das transferências de armas do Ocidente para a Ucrânia.

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Mas peraí… A OTAN é a organização criada pelos Estados Unidos contra os soviéticos. Como pode ela estar fornecendo veículos soviéticos?

Herança soviética

Acontece que, desde a queda dos regimes comunistas da Europa, a OTAN aceitou muitos ex-aliados soviéticos como parceiros. São todos países que já estiveram do outro lado da Cortina de Ferro, foram armados com equipamento soviético, e hoje aderiram ao grupo ocidental, sem por isso destruir seus armamentos antigos.

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Nesses países, muitos tanques T-72 (um modelo que estreou em 1973) estão na reserva ou estão sendo substituídos ativamente por tanques ocidentais mais capazes e muito mais modernos. Membros da OTAN, Bulgária, República Tcheca, Hungria, Polônia e Eslováquia operam esses veículos e têm alguns em armazenamento.

A maioria deles são modelos de exportação soviéticos aprimorados do padrão T-72M, que era a versão de exportação soviética, um downgrade por motivos segurança. Essa é mais simples e menos protegida do que a versão da URSS na mesma época, o T-72B, criado em 1985.

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Bulgária, República Tcheca e Eslováquia operam variantes semelhantes do T-72M com algumas modificações locais. Nenhum desses países tem mais de 100 unidades ativas, mas a Bulgária tem uma reserva considerável, com 250 em armazenamento.

Os russos atualmente usam o T-72B3, atualizado, e o T90, que é também um projeto moderno baseado no T-72. Os modelos mais recentes dos tanques da Rússia superam os antigos em recursos como blindagem aprimorada, controle de fogo e sistemas de autoproteção. A Polônia possui quase 400 unidades do T-72M1, uma versão melhorada, que foi produzida localmente.

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Um tanque conhecido

O T-72 é uma escolha relevante para a Ucrânia não apenas devido à disponibilidade, mas também devido ao seu amplo uso e facilidade de manutenção. Os militares ucranianos também estão habituados a operar o tanque – então, não haverá perda de tempo com treinamento. A Ucrânia ainda tem muita experiência em modernizar esses tanques em casa. O reforço pode ser considerado parte crucial da espinha dorsal de uma eventual contra-ofensiva para retomar territórios no sul e leste ou impedir um ataque russo iminente nessas regiões.

Diferente de caças, que são um grande risco emprestar aos ucranianos, porque podem ser abatidos pelos russos no caminho, causando uma escalada entre Rússia e OTAN, os tanques podem atravessar a fronteira totalmente montados e prontos para serem transportados por trens, caminhões ou motorizados por conta própria. Isso sem contar que há muito mais tanques T-72 nos estoques da OTAN do que aviões de combate da era soviética.

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Via New York Times e The Drive

Imagem: Tanque T-72 em museu da Bélgica – 270862/Flickr/CC