No início da década de 1980, surgiram os ônibus espaciais, em substituição aos foguetes do programa Apollo, que levaram a humanidade à Lua. Eles foram concebidos pela NASA como as primeiras espaçonaves reutilizáveis, tornando a viagem até a órbita terrestre mais barata e segura.

Os russos também desenvolveram sua linha de ônibus espaciais. E, de acordo com o site Russia Beyond, o programa coletivamente conhecido como Buran (nevasca, em russo, nome do primeiro modelo), extinto há mais de 30 anos, quase levou o país à falência. Isso porque o custo era tão alto que, com o valor, seria possível construir uma cidade inteira para 10 milhões de habitantes, segundo a publicação.

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A equipe de Greg “Abandoned” atravessou o deserto do Cazaquistão para chegar até o cosmódromo de Baikonur e registrar imagens do ônibus espacial Ptichka. Imagem: Greg Abandoned/Urbex

Embora o programa tenha durado tempo suficiente para gastar todas as reservas do governo, o ônibus espacial russo quase não saiu do chão, tendo realizado apenas um voo, em 15 de novembro de 1988, quando completou uma missão não tripulada de 3,5 horas em volta da Terra.

Em 2002, o Buran original foi destruído em razão do desabamento de seu hangar, mas outros ônibus espaciais foram construídos, sem nunca, no entanto, terem sido completados, e seus “restos” ainda levantam polêmica. 

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Existe uma disputa em andamento sobre o destino de um desses protótipos, que atualmente se deteriora no cosmódromo de Baikonur, no Cazaquistão. Trata-se do modelo Ptichka 1.02 (“Passarinho”, em russo), que a Rússia quer realocar e restaurar – uma iniciativa para tentar tirar da situação de completo abandono a espaçonave de mais de R$1 bilhão.

O chefe do espaçoporto, Dauren Mussa, chegou a sinalizar que aceitaria devolver os destroços ao governo russo, com uma condição, no mínimo, inusitada: ele pediu, em troca, o crânio do último Khan do Cazaquistão, Kenesary Kasymov, considerado herói no país por ter liderado uma rebelião contra as tentativas do Império Russo de colonizar a região na década de 1840.

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Ocorre que, da mesma forma que até hoje ninguém entende muito bem como o Cazaquistão tomou posse desse ônibus espacial, não se tem a mínima ideia de onde pode estar o tal crânio. Existe a possibilidade de estar em São Petersburgo, mas as autoridades russas afirmam que realmente não sabem o que foi feito da cabeça de Kasymov.

A equipe de Greg “Abandoned” atravessou o deserto do Cazaquistão para chegar até o cosmódromo de Baikonur e registrar imagens do ônibus espacial Ptichka. Imagem: Greg Abandoned/Urbex

Enquanto isso, a relíquia fica abandonada, sofrendo as ações do tempo e até mesmo vandalismo, como uma pichação que aconteceu em outubro do ano passado, noticiada pelo Olhar Digital.

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Pouco depois desse triste caso de abuso, um podcaster britânico conhecido como Greg Abandoned esteve no local e registrou imagens da espaçonave, bem como de um foguete Energiya (responsável por lançar ao espaço o ônibus espacial russo), que também está na mesma triste situação de desamparo e desproteção há anos, largado no hangar do cosmódromo cazaquistanês.

A equipe de Greg “Abandoned” atravessou o deserto do Cazaquistão para chegar até o cosmódromo de Baikonur e registrar imagens do ônibus espacial Ptichka. Eles também fotografaram os destroços do megafoguete Energiya. Imagem: Greg Abandoned/Urbex

Neste link, está disponível uma minissérie de oito episódios (em inglês) sobre os restos dessas espaçonaves, elaborada durante a expedição e lançada pela equipe da Urbex, organização criada por Greg, que produz o Podcast Perseguindo Bandos.

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