Esta quarta-feira (7) é um dia de comemoração para a NASA e para o nosso planeta. Há exatos 50 anos, era lançada a última missão lunar humana, denominada Apollo 17. No caminho para a Lua, a tripulação registrou uma imagem que entrou para a história como a primeira fotografia em plano geral da Terra, que recebeu o nome de Blue Marble (algo como “bolinha de gude azul”).
Obtida por uma câmera analógica (de filme) Hasselblad, quando a espaçonave estava a 29 mil km daqui, esta provavelmente é a imagem mais reproduzida de todos os tempos. Nela, a Terra aparece no centro do quadro, flutuando no espaço. É possível ver claramente o continente africano, bem como a calota polar sul da Antártica.
Registros comoBlue Marble são bem difíceis de se obter. Para capturar a Terra como um globo inteiro no espaço, a iluminação precisa ser cuidadosamente calculada. O Sol precisa estar diretamente atrás da câmera, o que é algo complicado de se planejar ao orbitar em altas velocidades.
Contexto político de uma das fotos mais famosas da NASA
Produzida contra um contexto cultural e político mais amplo da “corrida espacial” entre os EUA e a então União Soviética, a imagem revelou uma visão inesperadamente neutra da Terra sem fronteiras. De acordo com o site Space.com, a fotografia tornou-se um símbolo de harmonia e unidade.
Segundo o geógrafo Denis Cosgrove, o Blue Marble interrompeu as convenções ocidentais de mapeamento e cartografia. Ao remover as grades de meridianos e paralelos que os humanos colocam sobre o globo – a imagem representava um mundo livre de práticas de mapeamento que estavam em vigor há centenas de anos.
A fotografia também deu à África uma posição central na representação do mundo, onde a prática de mapeamento eurocêntrico tendia a reduzir a escala desse continente.
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Além disso, em vez de comprovar a supremacia norte-americana, o registro promoveu um senso de interconexão global.
O Blue Marble também evocava um certo “senso de humildade”. A Terra parecia extremamente frágil e necessitada de proteção. Em seu livro “Earthrise“, Robert Poole escreveu: “Embora ninguém tenha encontrado as palavras para dizer isso na época, o Blue Marble era um manifesto fotográfico para a justiça global”.
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