Conforme noticiado pelo Olhar Digital, a NASA criou um habitat impresso em 3D para simular a vida em Marte. E a primeira missão análoga ao Planeta Vermelho nessa instalação, que fica no Centro Espacial Johnson (JSC), em Houston, no estado norte-americano do Texas, começa neste domingo (25).

Assim como vai acontecer em todas as três simulações da superfície de Marte planejadas, os quatro “tripulantes” da missao de estreia, revelados no final de abril,  vão passar um ano no local, por meio do programa CHAPEA (sigla em inglês para Saúde e Desempenho da Tripulação de Exploração Análoga).

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O “embarque” de Kelly Haston, Ross Brockwell, Nathan Jones e Anca Selariu à estrutura de 160 metros quadrados chamada Mars Dune Alpha será transmitido ao vivo pelo canal oficial do NASA Johnson no YouTube, a partir das 20h30 (pelo horário de Brasília). 

Quem vai participar da primeira missão no simulador 3D de Marte

Em 2021, a NASA abriu um chamamento público para recrutamento dos tripulantes das três missões. Uma exigência era que eles tivessem diploma em uma das áreas STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática), bem como carreira profissional constituída no ramo escolhido, além de experiência de pilotagem ou treinamento militar. Eles também tiveram que passar pelos mesmos testes físicos e psicológicos dos candidatos a astronautas para garantir que estavam aptos.

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Originalmente, os quatro integrantes da missão de estreia seriam Kelly Haston, Ross Brockwell, Nathan Jones e Alyssa Shannon, com Trevor Clark e Anca Selariu na equipe de apoio. 

No entanto, ainda na fase preliminar de testes, Selariu entrou no lugar de Shannon como oficial de ciência – sem maiores explicações por parte da agência.

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Kelly Haston, Ross Brockwell, Nathan Jones e Anca Selariu, os membros da primeira missão análoga a Marte do programa CHAPEA, da NASA. Créditos: NASA

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Kelly Haston, comandante

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Pesquisadora da Califórnia com experiência na construção de modelos de doenças humanas, Kelly Haston liderou projetos inovadores baseados em células-tronco derivando vários tipos de células para aplicação em infertilidade, doença hepática e neurodegeneração.

Bacharel em biologia integrativa, ela tem mestrado em Endocrinologia e doutorado em ciências biomédicas, cuja tese combinou abordagens baseadas em animais e células para descobrir defeitos biológicos associados à infertilidade. Já seu trabalho de pós-doutorado se concentrou na esclerose lateral amiotrófica.

Ross Brockwell, engenheiro de voo

Natural do estado norte-americano da Virgínia, Ross Brockwell é engenheiro estrutural e administrador de obras públicas. Seu trabalho se concentra em infraestrutura, design de edifícios, operações e liderança organizacional.

Ele é graduado em engenharia civil e mestre em aeronáutica, além de comissário de planejamento certificado.

Nathan Jones, médico

Nathan Jones é um médico de emergência de Springfield, em Illinois, especializado em medicina pré-hospitalar e austera. Atualmente, é diretor de emergência e médico tático no Hospital Memorial de Springfield, além de atuar como professor associado de medicina de emergência. Ele é formado em Biologia molecular e celular e tem doutorado médico.

Anca Selariu, oficial de ciência

Microbiologista da Marinha dos EUA, o romeno-americano Anca Selariu tem no currículo a descoberta e fabricação de vacinas, transmissão de príons, desenvolvimento de terapia gênica e gerenciamento de projetos de pesquisa de doenças infecciosas. É graduado em filologia e em bioquímica e doutor em ciências biomédicas interdisciplinares.

Diferencial do Programa CHAPEA em relação às outras missões análogas da NASA

Segundo a NASA, o principal objetivo do Programa CHAPEA é aprender sobre como projetar e planejar melhor futuras missões humanas à superfície marciana real. E, embora existam outros projetos da agência envolvendo ambientes de simulação do Planeta Vermelho, este tem um grande diferencial: o período de imersão.

“Para mim, isso é realmente empolgante, porque uma das coisas que é diferente de alguns de nossos análogos anteriores na NASA é que as pessoas ficarão em isolamento como tripulação por 378 dias”, disse Suzanne Bell, líder do Laboratório de Saúde e Performance Comportamental da agência no JSC, em entrevista ao site collectSPACE.com. “Também fazemos análogos em algo chamado HERA – o Human Exploration Research Analog – e nossas missões foram de 45 dias. E então coletamos dados em outros análogos também, com durações variadas, mas serão três, ao longo de missões de um ano, o que é um isolamento muito grande”.

Lá, os participantes vão simular os desafios das futuras missões humanas a Marte, como limitações de recursos, falhas de equipamentos, atrasos na comunicação e outros estressores ambientais.

O habitat simulado de Marte da NASA inclui chão de areia vermelha para simular a paisagem marciana. A área será usada para realizar caminhadas espaciais simuladas durante as missões análogas. Crédito: NASA

“A simulação nos permitirá coletar dados de desempenho cognitivo e físico para nos dar mais informações sobre os impactos potenciais de missões de longa duração a Marte na saúde e no desempenho da tripulação”, disse Grace Douglas, Cientista Líder de Tecnologia Avançada de Alimentos da NASA e pesquisadora principal do CHAPEA. 

Para reproduzir de forma fidedigna o ambiente marciano, o lugar é coberto com areia vermelha e não oferece ar livre. Entre as atividades que a equipe vai desenvolver, estão caminhadas espaciais (com os membros suspensos por correias) e coleta de amostras.

Nenhum dos membros da missão poderá se comunicar com o mundo externo, a não ser por e-mail ou por vídeo. As mensagens, no entanto, levarão 22 minutos para serem transmitidas, o mesmo tempo que levaria para uma chamada de Marte chegar à Terra. 

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