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O dicionário Collins elegeu inteligência artificial (IA) como o termo de 2023. O verbete não é novo, mas tomou conta do interesse mundial graças ao ChatGPT, da OpenAI, e demais chatbots que apareceram depois. Em 2024, essa tecnologia ficará ainda mais popular.

Você já deve ter visto algum vídeo, artigo ou anúncio de cursos sobre como incorporar alguma plataforma de IA – Bard, Bing Chat, ChatGPT – à sua rotina. 2023 foi o ano de experimentar a IA generativa, tecnologia capaz de “criar” a partir de comandos. 2024 será o ano de colocar a mão (da IA) na massa.

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O Olhar Digital conversou com especialistas envolvidos na área de IA (ou que a acompanham muito de perto) para sondar o que está no horizonte desta tecnologia que promete tanto.

GPT-5, assinatura digital, top 100

Ilustração de silhueta de pessoa com chip no lugar do cérebro para representar conceito de inteligência artificial
(Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

O primeiro palpite do empresário Max Peters, CEO e fundador da Adapta (empresa especializada em IA), foi o seguinte: a OpenAI vai lançar o GPT-5 em 2024. Atualmente, o “motor” mais avançado da empresa é o GPT-4 Turbo, disponível para assinantes do ChatGPT.

Talvez o GPT-4 fique gratuito e o GPT-5 vire o pago. Outra possibilidade é o Google não querer perder espaço no mercado e melhorar o Bard de forma que ele fique equiparável ao GPT-4 e o deixe de graça. De um jeito ou de outro, mais pessoas terão acesso a IAs mais inteligentes e vão usá-las mais.

Max Peters, CEO e fundador da Adapta (empresa especializada em IA), em entrevista ao Olhar Digital

Quem ecoou a aposta de Peters foi o dr. Álvaro Machado, neurocientista e colunista do Olhar Digital. “Existe uma boa possibilidade de surgir uma versão muito mais flexível e multimodal, que seria o GPT-5. Ao passo que, sob o capô, parece haver mudanças relevantes em curso, cujo entendimento é ofuscado por boatos. A principal seria a incorporação do raciocínio matemático e do planejamento à família GPT, o que ampliaria dramaticamente o seu uso.”

Outro palpite de Max Peters foi: surgirão empresas de assinatura digital para carimbar conteúdo “de verdade” ou produzido por IA (aliás, o dicionário Merriam-Webster elegeu “autêntico” como a palavra de 2023). Isto é, empresas especializadas em sinalizar a procedência do conteúdo.

Por exemplo, a DeepMind, do Google, já está testando maneiras de fazer isso, de colocar uma criptografia dentro de um pixel invisível a olho nu mas que dá para ser checado. As próprias redes sociais podem ter algo embutido que possa fazer com que você tenha certeza que aquilo é realmente a pessoa. Diferentes mecanismos vão aparecer para a gente confiar mais na imagem. Tanto nas plataformas quanto oferecidas por empresas.

Max Peters, CEO e fundador da Adapta (empresa especializada em IA), em entrevista ao Olhar Digital

Por fim, Peters arriscou dizer: “provavelmente alguma música feita com IA vai aparecer no top 100 do Spotify”. O empresário explica: “A produção com IA está cada vez melhor. Inteiramente por IA ainda é ruim, mas você usar elementos e ferramentas com IA para compor uma música dá para fazer e ficar legal. Algum artista vai despontar nisso.”

IA em 2024: ‘data is king

Ilustração de cérebro humano com diversas formas de conteúdo em holograma para representar conceito de inteligência artificial
(Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

Para o empresário Jhonatas Freitas, embaixador do Instituto Ayrton Senna e BMW do Brasil, a IA causou uma transição no mundo dos negócios. 

Antes, a gente falava ‘cash is king’. Isto é, dinheiro manda na empresa. Agora, percebo uma transição para ‘data is king’. Empresas que não tiverem sistemas [de IA] para analisar os dados do seu usuário e, com esses dados, evoluir seus produtos, serão engolidas por concorrentes ou startups novas.

Jhonatas Freitas, empresário e embaixador de empresas, em entrevista ao Olhar Digital

Ainda de acordo com o empresário, a própria análise de dados passa por mudanças por conta da IA. “Não é mais abrir uma planilha. É colocar inteligência artificial para fazer cruzamentos [de dados], para que você tenha percepção maior do tamanho do mercado e da solução que você entrega. Não é mais só vender algo, é usar essas informações para fazer com que o usuário conclua o objetivo final do que comprou – por exemplo: cursos.”

Freitas vai além. Para ele, os dados serão o “novo pote com ouro no final do arco-íris” no mercado. “Não vai ser mais: ‘a empresa vai fazer com feeling’. As empresas terão que se pautar no cruzamento de dados considerando o que o usuário quer. Isso vai vir com força absurda em 2024.”

Outra aposta do empresário para 2024: automação de processos. “Automatizar processos é ter mais performance tirando a improdutividade das operações. Serão softwares que começarão a medir performance, produtividade, o estado emocional das pessoas. O mundo será de autonomia e performance. Isso vai vir para indústria, serviço e tecnologia.”

Não vivemos mais num mundo de ter as coisas enfiadas goela abaixo. Nós somos as coisas e usamos outras coisas. Nesse mundo de usar as coisas, a IA vai estar em tudo que fazemos.

Jhonatas Freitas, empresário e embaixador de empresas, em entrevista ao Olhar Digital

IA e o ‘elefante na sala’

Ilustração de inteligência artificial filtrando informações
(Imagem: Pedro Spadoni via DALL-E/Olhar Digital)

Por um lado, o dr. Álvaro Machado aposta na aplicação do ChatGPT, em 2024, para impulsionar inovações que terão alto impacto social em poucos anos – inclusive, já está acontecendo. Para embasar seu argumento, ele citou Drew Weissman e Katalin Karikó, vencedores do Nobel de Medicina em 2023 pelo desenvolvimento de vacinas de RNA contra a Covid.

Por outro lado, o neurocientista aponta um “elefante na sala” em relação à IA. Antes de explicar, ele contextualiza: “Um dos grandes parâmetros que importa é o aumento ou diminuição do PIB. Se autonomia produtiva é uma expectativa – e podemos olhar para ela sob o ângulo da desigualdade e demais ângulos – então estamos falando sobre o aumento do PIB global. Simples assim.”

O tal elefante é:

Estamos na revolução da informação, numa era de transição, que eu vejo como o prenúncio da metamodernidade, que começa nos anos 90, com o surgimento da World Wide Web. Quando você olha todos os índices, não há marcas, em termos de crescimento de PIB, desses processos. Como é que o mundo mudou tanto, mas a produtividade global não sofreu mudanças? Qualquer curva que o PIB está plotado vai mostrar que não houve impacto relevante.

Para o dr. Álvaro Machado, o que importa é pensar que, em algum momento, este impacto virá. “Em algum momento a gente vai olhar para trás e dizer: finalmente a inteligência artificial está mudando o PIB global relevantemente. Eu não acho que isso vai acontecer em 2024. E essa é a métrica que interessa.”

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