Por que está ficando cada vez mais difícil observarmos, tanto telescopicamente quanto a olho nu, o céu coberto de estrelas? De acordo com o fotógrafo Babak Tafreshi, diretor da The World at Night, um grupo internacional que organiza exposições de fotografias de astronomia, a resposta é simples: culpa da poluição luminosa.

Tafreshi explica que 60% do mundo está sob céus infestados de luzes artificiais, o que nos impede de enxergar facilmente os astros celestiais, nos deixando cada vez mais distantes da beleza do universo.

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É importante lembrar que, desde os tempos mais remotos da humanidade, a relação entre o homem e os corpos celestes é bem íntima. Muitas civilizações antigas interpretavam os astros como divindades e observavam constantemente o céu e as estrelas.

Com a identificação de padrões para prever as estações do ano, bem como as melhores épocas para o plantio e colheita, o estudo dos astros levou a grandes avanços para a humanidade.

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No campo das artes, a influência também é notável: basta olharmos para a poesia, a música, a literatura e a pintura, para percebermos o quanto o ser humano se inspira no céu estrelado.

“A visão noturna do firmamento inspirou as artes desde os primórdios da civilização. Ser impedido de ter essa experiência é ser privado de algo essencial para a humanidade”, acredita John Barentine, Diretor de Políticas Públicas da ONG americana International Dark-Sky Association (IDA) – Associação Internacional Céu Noturno, em tradução livre.

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1. Deserto do Saara: Com uma área de 9 milhões de quilômetros quadrados (compreendendo 10% do continente africano), o Saara é o maior deserto quente do mundo. O clima extremo e seu isolamento em relação ao resto da civilização fazem com este seja um dos lugares com uma das vistas mais incríveis de um céu estrelado em todo o planeta.

Céu estrelado do Deserto do Saara, no Egito (Crédito: Novarc Images / Alamy)

2. Deserto do Namibe: Estendendo-se do sul de Angola ao norte da Namíbia, o Deserto do Namibe cobre toda a costa oceânica desta última. A palavra namib vem do idioma nama, uma das línguas coissãs (o menor dos dialetos africanos), e significa lugar vasto e desolado.

Essa condição, juntamente ao clima extremamente seco, colaboram para que o local seja um dos mais privilegiados do globo para se testemunhar o céu absolutamente cristalino.

O deserto possui inúmeras “estações de telescópios”. “A paisagem ali é ideal e é possível ter uma visão de 360 graus do horizonte”, explica Tafreshi.

Parque Nacional Namib-Naukluft no Deserto do Namibe, Namíbia (Crédito: Bildagentur-online / McPhoto-Ingo Schulz / Alamy)

3. Rub al-Khali: Rub al-Khali, que significa “quarteirão vazio”, em tradução livre, fica no sudeste da Península Arábica e é um dos maiores desertos contínuos do mundo.

Com praticamente nenhum morador – como o próprio nome indica – e cobrindo uma área de 650 mil quilômetros quadrados, proporciona uma vista espetacular da noite.

Céu do Rub al-Khali, o “Quarteirão Vazio”, na Península Arábica (Crédito: age fotostock / Alamy)

4. Deserto do Atacama: Localizado entre o Chile e partes do Peru, da Bolívia e da Argentina, o Deserto do Atacama é o mais árido do mundo e abriga vários observatórios astronômicos.

Segundo Barentine, “o Atacama bate muitas outras localidades porque está em uma grande altitude e porque seus céus estão limpos por muitas noites ao ano”.

Céu do Deserto do Atacama, o mais árido do mundo e que abriga vários observatórios astronômicos. (Crédito: stuart thomson / Alamy)

5. La Palma, Ilhas Canárias: A ilha vulcânica de La Palma faz parte do arquipélago das Canárias, na Espanha, e é um destino popular entre astroturistas, em razão de céu impressionantemente limpo.

Em 2002, a ilha foi designada Reserva da Biosfera pela Unesco, braço educacional da Organização das Nações Unidas (ONU).

A Via Láctea sobre La Palma, nas Ilhas Canárias (Crédito: Babak Tafreshi / Science Photo Library)

6. Himalaia, Nepal: Há quem considere os céus cristalinos dos vilarejos e das trilhas do Himalaia inigualáveis. Além disso, a cordilheira, localizada na Ásia, é a mais alta do planeta, onde se localiza o Monte Everest, o mais alto pico da Terra.

Despontar da lua sobre o Himalaia (crédito: Visal Chattopadhyay / Alamy)

7. Vulcões do Havaí: Nos EUA, temos os vulcões altos do arquipélago do Havaí, que abrigam vários observatórios famosos. Os montes Mauna Kea e Mauna Loa, ambos com mais de 4 mil metros de altura, estão entre os mais apreciados do mundo para a observação de céus estrelados.

Vulcão Kilauea, no Havaí (1.227m acima do nível do mar), com a Via Láctea no céu (Crédito: Curved Light USA / Alamy)

8. Oeste da Austrália: Fotografias por satélite da região oeste do Outback australiano (interior desértico do país) revelam a escuridão absoluta do local. “Os vários parques nacionais dali estão entre os lugares favoritos para a observação de estrelas”, afirma Tafreshi. 

Via Láctea sobre uma torre de água em Laverton, na Austrália Ocidental (Crédito: ZUMA Press, Inc. / Alamy)

9. Alpes: Segundo Tafreshi, o último local para se admirar um céu noturno natural na Europa Ocidental são os Alpes. Isso porque as regiões mais altas dessas montanhas ainda têm sua natureza preservada e abrigam menos habitantes. “Um dos meus pontos favoritos é a região do Tirol, na Áustria, onde é fácil ver a noite cristalina”, diz o fotógrafo.

Céu extremamente estrelado sobre a Montanha Grossglockner, nos Alpes, Áustria (Crédito: mauritius images GmbH / Alamy)

10. Wyoming: Barentine garante que há “inúmeros lugares maravilhosamente escuros no oeste dos EUA, e muitos deles são parques nacionais ou áreas naturais preservadas e protegidas”. No estado de Wyoming está o Parque Nacional de Yellowstone, que é um dos preferidos de quem aprecia astronomia.

Parque Nacional de Yellowstone, Wyoming, um dos pontos preferidos de quem aprecia astronomia.
(crédito: Park Collection / Alamy)

De acordo com o pesquisador, “esses lugares são ótimos para observar autênticos céus estrelados, por causa de sua grande distância das cidades e da falta de iluminação artificial”, explica.

Fonte: BBC