Sete em cada 10 trabalhadores brasileiros estão sofrendo os efeitos da infodemia no ambiente de trabalho, como sobrecarga mental, distração e ineficiência nas tarefas laborais. Isso é o que mostra um estudo realizado pela Kaspersky, em parceria com a consultoria Corpa.

Ainda de acordo com o levantamento, o Brasil responde pelo segundo lugar entre os mais afetados pela infodemia no ambiente laboral, perdendo apenas para o Peru, que conta com 73% dos colaboradores com os mesmos sintomas.

Completam a lista: Colômbia (61%), seguido de México (57%) e Argentina (55%). Os chilenos (51%) são os únicos em que a quantidade de pessoas sem efeito da infodemia é maior do que a de quem sofre com os sintomas.

Ilustração de um ambiente de trabalho, onde há funcionários suas mesas, fazendo gestos que demonstram cansaço e estafa
Estudo aponta que 70% dos trabalhadores brasileiros estão com sintomas de cansaço e estaga em decorrência da infodemia. Crédito: Shutterstock

A chamada infodemia se tornou um termo amplamente utilizado. Fruto da junção das palavras “informação” e “epidemia“, a palavra retrata justamente a estafa que muitas pessoas sentem, resultado direto do excesso de notícias – sejam elas falsas ou reais -, com as quais é preciso lidar diariamente em uma escala e velocidade nunca antes vista.

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Dos 70% brasileiros que se disseram afetados pela sobrecarga mental, 37% passaram a trabalhar mais, atitude esta que serviu como “válvula de escape” para fugir da avalanche de dados com as quais eles teriam de lidar. Outros 20% disseram que estão demorando mais para terminar suas tarefas e 19% relatam estarem mais distraídos.

Excesso de informação x segurança de dados

A Kaspersky, sendo especializada em cibersegurança, traçou também um paralelo entre os efeitos da infodemia e a segurança de dados e trabalhadores.

Para Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky no Brasil, a desatenção provocada pelo excesso de informação é elemento crítico que pode colocar em xeque a segurança de equipamentos e dados.

imagem de cartões de crédito sendo perfurados com um anzol
A infodemia pode deixar funcionários mais vulneráveis a ataques de phishing. Imagem: wk1003mike/Shutterstock

“A desatenção é a base de golpes de engenharia social. Esta técnica é usada na construção de mensagens fraudulentas que roubam credenciais corporativas ou financeiras das vítimas – sendo o Brasil o país mais atacado por este tipo de ameaça online”, afirma o especialista.

Assolini cita também os golpes de spear-phishing, que são mensagens fraudulentas, como os phishing, mas que recebem o prefixo “spear”, classificando uma categoria de mensagens altamente personalizadas, o que dificulta ainda mais a identificação de golpes por funcionários distraídos.

“[Esses golpes] visam instalar um malware no computador-alvo. Um exemplo recente desta técnica é a campanha RevengeHotels, que disfarçou o programa malicioso em um pedido de orçamento de um suposto evento corporativo e direcionou essas mensagens contras hotéis. Uma vez dentro da rede empresarial, a ameaça passava a roubar os dados de cartões de créditos dos hospedes (que são informados no momento do check-in) e os enviavam para os criminosos”, exemplificou o executivo.

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Os alvos de mensagens maliciosas desse tipo, ainda de acordo com a Kaspersky, são aqueles profissionais com acesso a dados confidenciais e sem conhecimento técnico de segurança, como a equipe administrativa, de RH ou da contabilidade.

Assolini destaca, ainda, que pessoas que contam com permissões de acesso aos sistemas internos da corporação, como administradores de rede e equipes de TI, também são alvos deste tipo de golpe, mas a sofisticação para essas vítimas pode ser ainda maior, dada a posição do colaborador perante a empresa.

“A distração do profissional faz com que ele caia na lábia do cibercriminoso e faça o que eles pedem para o golpe ser bem-sucedido. Os bandidos já contam com esta falta de atenção, mas se a cabeça da pessoa estiver sobrecarregada [infodemia], a chance de o golpe atingir seu objetivo final é maior”, relata. “Vejo claramente uma relação de causa e efeito entre esses dados e isto deve servir de alerta para que as equipes de TI e de segurança redobrem a atenção e a proteção dos funcionários”, conclui Assolini.