Você consegue pensar em alguma coisa que fazia quando criança que não consegue mais como adulto? Eu consigo pensar em algumas, como brincar de esconde-esconde por uma tarde inteira, comer um pote de doce de leite e não engordar um grama e recitar, de cabeça, todos os cavaleiros de bronze, prata e ouro de ‘Cavaleiros do Zodíaco’, com seus respectivos golpes especiais. Mas descobri na semana passada mais uma coisa: zerar ‘Alex Kidd in Miracle World’ usando só três vidas.

Esse jogo vinha na memória do meu Master System e foi o primeiro que eu zerei na vida, lá no início dos anos 1990. Eu era tão viciado que conseguia passar algumas das fases de olhos fechados, só pelo som. Fiquei extremamente animado com a notícia do relançamento para consoles da atual geração, e quando a Merge Games me enviou uma cópia do jogo para review, pensei: “vai ser moleza”. Estava enganado.

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‘Alex Kidd in Miracle World DX’ é uma recriação fiel do espírito do original, com um visual renovado e animado totalmente a mão pelo pessoal da Jankenteam, responsável pelo desenvolvimento do jogo. O título já está disponível, localizado para o português brasileiro, em versões para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series S e Nintendo Switch – esta última foi a que testamos.  

Para toda uma geração de gamers (que provavelmente já foi vacinada contra a Covd-19 ou está sendo agora), Alex Kidd é o mascote da Sega. Sua primeira participação foi no já citado ‘Miracle World’, de 1986, com um novo lançamento dois anos depois, ‘Alex Kidd: The Lost Stars’, seguido por ‘Alex Kidd in High-Tech World’ (1989), com uma aventura malfadada no Mega Drive em ‘Alex Kidd in the Enchanted Castle’ e, por fim, ‘Alex Kidd in Shinobi World’, também para o Master System. Mas aí já era 1990, e no ano seguinte foi lançado um tal de ‘Sonic the Hedgehog’.

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Apesar de destronado, Alex Kidd continuou arrebentando pedras nos corações dos fãs através das décadas. Em ‘Alex Kidd in Miracle World DX’ o personagem volta reformulado, com gráficos belíssimos e um enredo expandido, que conta mais sobre o Reino de Radaxian, onde todos os habitantes foram transformados em pedra pelas mãos do nefasto Janken, o Grande. O remake ainda traz novas fases e um sistema aprimorado de batalha contra chefes.

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Como o pessoal da Jankenteam não teve acesso ao código-fonte do jogo original, eles tiveram que recriá-lo a partir de replicação e emulação. Essa é uma prova da paixão dos desenvolvedores pelo game, já que ‘Miracle World’ foi refeito nos mínimos detalhes – tanto que com um botão você pode alternar entre o novo visual e o clássico instantaneamente e conferir. Mudar entre os gráficos modernos e 8-bits também é divertido para conferirmos como os criadores reimaginaram cenários, veículos e personagens para a nova geração.

‘Alex Kidd in Miracle World DX’ continua sendo um jogo de plataforma, como seu original, mas com uma pegada diferente. Enquanto a versão dos anos 1980 tinha o ritmo mais cadenciado dos seus contemporâneos, como ‘Super Mario Bros.’ do Nintendinho, o remake é mais frenético, no estilo de títulos modernos como ‘Super Meat Boy’ e os ‘Rayman’ mais modernos. Isso, vale salientar, sem mudar a estrutura das fases clássicas ou a quantidade de inimigos, mas só mudando a mecânica e a física do jogo. Você vai ter a mesma sensação de estar jogando o ‘Alex Kidd’ original, porém mais desafiador.

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Por isso, quando eu percebi que já não tinha mais a mesma habilidade da minha juventude 8-bits, foi importante o incremento da opção de jogar com “Vidas Infinitas” – e graças a isso meu Switch está inteiro até hoje. Não que a experiência de jogar ‘Alex Kidd in Miracle World DX’ seja frustrante, mas quando o macaco te mata jogando folha pela 18ª vez, talvez você fique um pouco irritado. As vidas infinitas não são a única ajuda: o jogador pode agora levar seus itens através da fase, como o bracelete do poder e o cajado voador, e comprar mais itens nas lojas que surgem no início de algumas fases (agora também mais frequentes).

Mas deixando de lado o aspecto “remake” do game, ‘Alex Kidd in Miracle World DX’ é um jogo belíssimo. O próprio protagonista ainda é reconhecível, com seus traços marcantes como orelhas e mãos gigantes, mas ganhou uma cara muito mais em sintonia com o estilo de arte atual dos games. O design dos inimigos foi beneficiado com uma explosão de criatividade em cima do seu visual original, e os cenários – antes paupérrimos – agora são riquíssimos e muito bem iluminados. Destaque também para a nova trilha, que lembra a clássica (e repetitiva), mas agora mais casada com o que acontece na tela.

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Saudosos da versão de 1986 poderão jogar uma recriação completa dela – com controles, itens, menu, inventário e física compatíveis com o Master System. Mas para isso terão que zerar a ‘DX’. Terminar o game também desbloqueia o novo “Desafio dos Chefões”, no qual é possível encarar partidas infinitas de Jan Ken Pon.

Seja experimentando pela primeira vez ou revivendo as emoções da sua infância, ‘Alex Kidd in Miracle World DX’ é um ótimo exemplo de game design para antigas e novas gerações, e um caso de estudo de remake de um clássico dos consoles.

‘Alex Kidd in Miracle World DX‘ já está disponível para vendas no Brasil para o Nintendo SwitchPlayStation 5 e 4Xbox Series e One, além do PC (via Epic Games Store Steam). 

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