Dois casos de crianças gravemente intoxicadas depois de comerem bolos de aniversário decorados foram registrados nos Estados Unidos. No primeiro caso, a contaminação veio do pó de cobre usado no bolo comprado em uma padaria. No segundo, o pó envenenador usado para decorar as flores de um bolo caseiro continha altos níveis de chumbo.

O primeiro caso ocorreu em Rhode Island, em 2018, quando seis crianças com idade entre 1 e 11 anos ficaram doentes, com vômitos e diarreia após comerem um bolo tóxico em uma festa de aniversário. Uma das crianças precisou ser levada para o pronto-socorro.

Investigadores do Departamento de Saúde local rastrearam a ocorrência e analisaram a espessa camada de glacê do bolo misturada com uma “poeira brilhante” de ouro rosa. O bolo foi feito por uma padaria comercial, que teria usado um pó de decoração identificado como “pó fino de cobre”.

Fatias de bolo continham mil vezes mais nível de cobre do que o recomendado

O produto foi vendido pelo fornecedor como “pigmento metálico para bens de consumo, como revestimentos para pisos”. Embora o pó tivesse em seu rótulo a informação de “não tóxico”, ele também estava descrito como “não comestível”.

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Os testes de laboratório indicaram que a cobertura do bolo de aniversário continha 22,1 miligramas (mg) de cobre por grama de cobertura de ouro rosa. Ou seja, o equivalente a quase 900 mg de cobre em cada fatia do bolo (1 mil vezes mais do que a ingestão diária recomendada para adultos).

O cobre é importantíssimo para a produção de glóbulos vermelhos, produção de colágeno na pele e para a saúde óssea, além de ser ativador do sistema imunológico.

Porém, para termos ideia da alta dosagem de cobre encontrada, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a ingestão recomendada de cobre para crianças de 1 a 3 anos é de 0,34 mg, sendo de 0,44 mg para crianças de 4 a 11 anos.

Tanto o Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês), quanto a Agência de Saúde dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês) observam que o cobre pode ser tóxico. As agências americanas recomendam um limite superior de apenas 1 mg em crianças de 1 a 3 anos.

O envenenamento por cobre pode causar danos ao fígado, dores abdominais, cólicas, náuseas, diarreia e vômitos. Outros 28 pós de brilho não comestíveis foram identificados na padaria que produziu o bolo tóxico, com níveis elevados de alumínio, bário, cromo, cobre, ferro, chumbo, manganês, níquel e zinco.

Envenenamento por chumbo

Já em maio de 2019, investigadores do Departamento de Saúde do estado do Missouri encontraram altos níveis de chumbo em um pó de decoração de outro bolo. O produto foi usado em flores decorativas do alimento caseiro no aniversário de criança de 1 ano de idade.

O pó foi vendido por uma empresa de decoração de bolos da Flórida e foi rotulado como um corante “não tóxico” para produtos de panificação, doces, chocolate e arte em açúcar. Porém, testes de laboratório indicaram que a poeira era de 25 por cento de chumbo. Exame feito na criança encontrou níveis de chumbo no sangue de 12 μg / dL.

O chumbo é uma neurotoxina potente e não existe nenhum nível de chumbo considerado seguro. Os autores do relatório publicado esta semana nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), que atua no controle e na prevenção de doenças nos EUA, pedem uma melhor rotulagem dos produtos.

No documento, eles alertam que a rotulagem indicando que um produto não é tóxico “não significa que o produto seja seguro para consumo”. “A rotulagem explícita indicando que produtos não comestíveis não são seguros para consumo humano é necessária para prevenir doenças e envenenamentos não intencionais”.

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Imagem: Free-Photos/Pixabay/CC