Blue Origin perde processo contra Nasa sobre contrato bilionário com SpaceX

Empresa de Jeff Bezos, que acusou agência de irregularidades em licitação para módulo de pouso no Projeto Artemis, não deve recorrer
Por Rafael Arbulu, editado por Rafael Rigues 05/11/2021 11h38, atualizada em 08/11/2021 12h23
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Imagem: Patrick Semansky/AP/Reprodução
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Demorou, mas a Corte Federal de Apelações dos EUA decidiu contra a Blue Origin no processo que ela moveu contra a Nasa e a SpaceX, efetivamente levando a empresa fundada por Jeff Bezos a mais uma derrota na Justiça – a última sobre esse assunto, pelo que indicam as informações divulgadas.

Em abril de 2021, a Nasa atribuiu à SpaceX um contrato de aproximadamente US$ 3 bilhões (R$ 16,60 bilhões) para o desenvolvimento de um módulo de pouso para astronautas do Projeto Artemis, que vai levar o homem de volta à Lua até 2025. Na concorrência, além da SpaceX, estavam a Blue Origin e a Dynetics.

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Imagem mostra Jeff Bezos, fundador da Blue Origin, que moveu e perdeu processo contra a Nasa sobre licitação do Projeto Artemis
O fundador da Blue Origin, Jeff Bezos, expressou desejos de boa sorte à Nasa e à SpaceX no Twitter, sinalizando que não vai mais tentar nenhum recurso contra a derrota judicial sofrida pela sua empresa (Imagem: lev radin/Shutterstock)

A decisão não caiu bem para as duas empresas derrotadas na licitação, com a Blue Origin levando o caso à justiça americana, acusando a Nasa de favorecimento de não cumprimento de uma regra que determinava a escolha de uma segunda empresa como “plano B”. A Nasa defendeu-se, dizendo que restrições orçamentárias a impediam de escolher outra companhia, além do fato de que a proposta da SpaceX era não só a mais qualificada tecnicamente, como também a mais barata.

O processo foi decidido contra a empresa de Bezos na época, mas a Blue Origin resolveu entrar com recurso na Corte de Apelações, forçando a Nasa a paralisar os trabalhos relacionados ao contrato até 1º de novembro. A decisão final, assinada pelo juiz Richard Hertling e comunicada na noite desta quinta-feira (4), refere-se a esse recurso e, bem, Bezos perdeu de novo.

Em comunicado, a Nasa comemorou a decisão e disse que os trabalhos com a SpaceX serão retomados “assim que possível”. A agência espacial também afirmou que “haverão oportunidades futuras para que empresas firmem parcerias com a Nasa para estabelecer uma presença humana a longo prazo na Lua pelo Projeto Artemis”.

A Blue Origin também emitiu seu próprio comunicado: “trazer de volta os astronautas da Lua em segurança por meio da parceria público-privada com a Nasa requer um processo de compra [de serviços e tecnologia] sem preconceitos, bem como uma política contratual sólida que incorpora sistemas redundantes e promova a concorrência. A Blue Origin reforça o seu compromisso com o sucesso do programa Artemis”.

Jeff Bezos, fundador da Blue Origin e ex-CEO e fundador do grupo Amazon, também comentou a situação via Twitter, dando a entender que a decisão atual é final e que a empresa não vai mais procurar recursos para essa finalidade: “Não é a decisão que queríamos, mas nós respeitamos o julgamento da Corte, e desejamos todo o sucesso para a Nasa e a SpaceX neste contrato”.

Elon Musk, CEO e fundador da SpaceX, tuitou um meme do filme Dredd, de 2018, com a legenda “Você foi julgado”. O tuíte foi em resposta a uma publicação de um jornalista da CNBC, que relatou em matéria sobre a decisão da Corte.

Segundo a emissora americana, aliás, a decisão veio em um período “estranho” para a Blue Origin: de um lado, a empresa aeroespacial vem coletando sucessos – com dois voos suborbitais tripulados realizados com amplo sucesso (um com o próprio Bezos a bordo, outro com o ator William Shatner, o eterno “Capitão Kirk”).

Por outro lado, a empresa está passando por turbulências internas, com uma alta taxa de turnover de funcionários – nome dado à média de colaboradores que deixam uma empresa: se você fica acima da média, há indícios de baixa retenção de talentos. Em termos diretos: as pessoas estão preferindo sair da empresa.

Isso provavelmente tem relação com acusações de ex-funcionários, que afirmam que a Blue Origin cultiva uma cultura tóxica e de assédio moral, além de deliberadamente ignorar certas medidas de segurança.

Por ora, o grande projeto da Blue Origin será mesmo a estação espacial privada que ela pretende montar no espaço ainda nesta década.

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Jornalista formado pela Universidade Paulista, Rafael é especializado em tecnologia, cultura pop, além de cobrir a editoria de Ciências e Espaço no Olhar Digital. Em experiências passadas, começou como repórter e editor de games em diversas publicações do meio, e também já cobriu agenda de cidades, cotidiano e esportes.

Redator(a)

Rafael Rigues é redator(a) no Olhar Digital