Colonizar Marte é um sonho da humanidade que apresenta vários desafios. Obviamente, a ausência de oxigênio na atmosfera e água líquida na superfície, além da temperatura gélida, são alguns dos principais. Mas há outro ao qual a maioria das pessoas não presta atenção, e é tão importante quanto: Marte não tem um campo magnético ao seu redor.
O campo magnético da Terra, gerado por um “dínamo” produzido pelo movimento de ferro derretido em seu núcleo, é o que nos protege dos letais raios cósmicos. Eles são prótons e outros núcleos atômicos ejetados por estrelas e buracos negros, viajando em velocidade próxima à da Luz, que podem causar danos severos a nosso DNA, levando a mutações e câncer.
Sem essa proteção, colonos expostos na superfície de Marte estariam em sério risco. Mas um novo estudo elaborado por vários cientistas, entre eles James Lauer Green, cientista-chefe da Nasa, propõe a criação de um campo magnético artificial ao redor do planeta como uma forma de contornar o problema.
![Colônia em Marte: ilustração](https://img.odcdn.com.br/wp-content/uploads/2021/09/shutterstock_738748816-1024x576.jpg)
Vale mencionar que o estudo é um “exercício de pensamento”, e não um plano de ação que será colocado em prática num futuro próximo.
Segundo os autores: “Neste artigo, exploramos de forma abrangente, pela primeira vez, os desafios práticos e de engenharia que afetam a viabilidade de criar um campo magnético artificial capaz de abranger Marte. Isso inclui as preocupações que definem o projeto, onde localizar o gerador de campo magnético e possíveis estratégias de construção. A lógica aqui não é justificar a necessidade de uma magnetosfera planetária, mas colocar números sobre os aspectos práticos para poder pesar os prós e os contras das diferentes abordagens de engenharia”.
Para criar um campo magnético forte, é necessário um fluxo intenso de partículas eletricamente carregadas, dentro ou ao redor do planeta. Como o núcleo de Marte é menor e mais frio que o da Terra, gerar esse campo internamente não é possível. Portanto, uma solução “externa” seria o ideal.
A solução com os menores requisitos de energia, complexidade de montagem e massa é criar um anel artificial de partículas carregadas (semelhante em forma a um “cinturão de radiação”), ao redor do planeta.
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Isso poderia ser feito ejetando matéria de uma das luas de Marte, criando um anel de plasma similar ao que existe ao redor de Io e Júpiter. Ondas eletromagnéticas seriam usadas para conduzir uma corrente pelo anel, o que resulta em um campo magnético geral.
Parece coisa de ficção científica, mas ir à Lua ou fotografar a superfície de Marte também já foram. “Com uma nova era de exploração espacial em andamento, é hora de começar a pensar sobre esses novos e ousados conceitos futuros e de começar a preencher as lacunas de conhecimento estratégico”, dizem os autores.
E vale lembrar que não precisamos começar aplicando o conceito a um planeta inteiro. Antes podemos tentar algo mais simples: “Além disso, os princípios explorados aqui também são aplicáveis a objetos de escala menor, como espaçonaves tripuladas, estações espaciais ou bases lunares, que se beneficiariam com a criação de mini-magnetosferas protetoras”, afirmam.
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