Quando pensamos em Marte, a primeira cor que nos vem à cabeça é o laranja-avermelhado de sua superfície, causado pela grande concentração de óxido de ferro (literalmente ferrugem) no solo. Mas o rover Perseverance encontrou sinais frequentes de outra cor, que está intrigando os cientistas.

Trata-se de misteriosas manchas arroxeadas, abundantes nas rochas na região da Cratera Jezero, que está sendo explorada pelo rover, e que nunca foram encontradas em missões passadas. A cor é visível em rochas de todas as formas e tamanhos. Em algumas ela forma um revestimento fino e uniforme, em outras se parece com respingos de tinta.

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Manchas escuras e arroxeadas sobre a superfície das rochas são visíveis no lado direito desta imagem, feita pelo Perseverance em 10 de maio de 2021. Imagem: NASA/JPL-Caltech

A causa delas? “Realmente não tenho uma boa resposta para você”, diz Ann Ollila, geoquímica do Laboratório Nacional de Los Alamos, nos EUA, que apresentou uma análise inicial das manchas em uma conferência da União Geofísica Americana (AGU, na sigla em inglês).

Ollila e seus colegas estão usando a câmera no mastro do Perseverance, chamada Mastcam-Z, para fotografar e analisar o fenômeno. Outro instrumento que está auxiliando no estudo é um laser, capaz de vaporizar a camada superficial de uma rocha e determinar sua composição. Com ele, os cientistas já conseguiram determinar que o revestimento é meno duro e tem composição química diferente da rocha abaixo dele.

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Imagens da Mastcam-Z sugerem que as manchas podem conter muitos tipos de óxido de ferro (novamente, ferrugem). E segundo Ollila, análises feitas com a SuperCam sugerem que são ricas em hidrogênio e, ocasionalmente, magnésio. 

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A presença de hidrogênio e óxido de ferro aponta para nossa velha amiga: água. Sabemos que a região da cratera Jezero já foi um lago onde desembocava o delta de um antigo rio. O estudo das manchas pode nos dar muitas informações sobre o passado de Marte, incluindo por quanto tempo houve água na cratera e, talvez, a própria composição química do lago. 

“A existência de revestimentos pode ser uma peça chave nessa história”, diz Bradley Garczynski da Universidade Purdue, que também apresentou uma análise do fenômeno na conferência da AGU. 

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