A invasão russa à Ucrânia está gerando repercussão em todo o mundo, e até mesmo muito além dele. A segunda parte da missão europeia ExoMars, que visa o envio de um rover chamado Rosalind Franklin à superfície de Marte, pode perder sua janela de lançamento neste ano devido às sanções impostas à Rússia após o início das hostilidades.

A ExoMars é a cooperação mais importante entre as agências espaciais da Europa (ESA) e da Rússia (Roscosmos) após a Estação Espacial Internacional. Originalmente concebida como uma parceria entre a ESA e a Nasa, a missão quase foi cancelada em 2012, devido a cortes no orçamento da agência espacial norte-americana durante o governo do presidente Barack Obama. 

A missão foi salva quando os russos se ofereceram para “preencher o vácuo” deixado pela saída da Nasa. A primeira etapa foi lançada em 2016, quando o satélite Trace Gas Orbiter e o módulo de pouso (“lander”) Schiaparelli foram enviados ao planeta vermelho. E embora o satélite tenha entrado em órbita como programado, o lander foi destruído no pouso devido a um erro de software.

Protótipo do Rosalind Franklin em teste na Terra. Imagem: ESA

O Rosalind Franklin deveria ter sido enviado em 2018, mas o lançamento foi adiado para 2020 devido a problemas com o sistema de para-quedas usado no pouso. A pandemia de Covid-19 forçou novo adiamento, para setembro de 2022. E em um comunicado emitido nesta segunda-feira (28), a agência espacial europeia (ESA) afirma que as sanções recém-impostas por seus 22 membros à Rússia tornam um lançamento neste ano “muito improvável”.

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Segundo o texto, o Diretor Geral da ESA irá “analisar todas as opções” e preparar uma decisão formal que será apresentada aos membros da agência. O principal problema é que a ExoMars usa inúmeros componentes russos, cuja substituição será demorada e cara. Entre eles o foguete Proton (para o lançamento), a plataforma Kazachock (no pouso em Marte) e vários instrumentos científicos a bordo do rover.

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Vale lembrar que no último sábado a Rússia anunciou estar “abandonando” a operação no Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, de onde lança os foguetes Soyuz em parceria com empresas como o consórcio europeu Arianespace. O próximo lançamento, programado para 6 de abril, colocaria em órbita dois satélites para o sistema de navegação via satélite europeu Galileo.

A distância média entre a Terra e Marte é de 225 milhões de km, mas varia de acordo com a posição dos planetas em suas órbitas. Quando estão mais afastados ela pode chegar a 401 milhões de km. Quando estão mais próximos, o que ocorre a cada dois anos, aproximadamente, pode ser de apenas 56 milhões de km.

Por isso, as missões são geralmente programadas para ocorrer em janelas de tempo que tiram proveito desta menor distância. Em meados de 2020, por exemplo, tivemos o lançamento das missões Perseverance, da Nasa, HOPE, dos Emirados Árabes, e Tianwen-1, da China. Caso o Rosalind Franklin não seja lançado neste ano, a próxima oportunidade será em 2024. 

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